Há uns vinte anos, fui pescar com os meus amigos Hélio Gazeta e o Valter “Bauru” Scandiuzi (in memorian) e seu filho Henrique, no Rio Grande, alguns quilometros abaixo da ponte de Água Vermelha, na fazenda do Miltom Caetano. Fizemos uma das mais incríveis pescarias de piau que já vi. Como todo mundo anda careca de saber, a pesca do piau tem o seu ponto forte no amanhecer e no entardecer, fora disso é pura teimosia. Mas como toda regra tem exceção, quando o pesqueiro é bem tratado, quando o pescador tem trato de boa qualidade, é possível segurar o cardume na ceva e pescar piaus o dia todo. Acredite se quiser. Chegamos no local um pouco tarde, por volta de 8 horas da manhã, começamos jogar trato e pegamos piaus o dia inteiro, sem interrupção. Lá pelas cinco horas da tarde resolvemos ir embora, porque a gente tinha muito peixe e começou armar uma chuva. O Américo Campanholo, o popular Mandi da Oficina, é testemunha. Quando a gente estava de saída, ele estava chegando com a sua turma e ficou impressionado com a quantidade e o tamanho dos piaus do “zóiovermeio” que a gente tinha nos coves. O segredo do sucesso dessa pescaria só tem uma explicação. Nós usamos dois sacos de 20 litros de sangue de boi, misturados com milho triturado. Jogamos trato o dia todo e pegamos piaus o tempo inteiro. Foi o trato, não há outra explicação.