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Família de adolescente enterrada em sítio faz manifestação na empresa de suspeito

Família de adolescente enterrada em sítio faz manifestação na empresa de suspeito

Justiça determina quebra de sigilo telefônico

Justiça determina quebra de sigilo telefônico

Publicada há 2 meses

Familiares de Giovana pedem por justiça. Foto: Reprodução / TV TEM / Rodrigo Carraro

Da Redação / g1

Corpo de Giovana de Almeida, adolescente de 16 anos que estava desaparecida desde 2023, foi encontrado enterrado em sítio em Nova Granada (SP). Empresário de Rio Preto (SP) e caseiro dele foram presos, mas liberados após pagarem fiança; polícia investiga causa da morte.

Familiares da adolescente Giovana Pereira Caetano de Almeida, de 16 anos, que foi encontrada morta e enterrada em um sítio em Nova Granada (SP) fizeram um protesto em frente à empresa de Gleison Luís Menegildo, em São José do Rio Preto (SP), nesta quarta-feira (4). O empresário e o caseiro dele confessaram que enterraram o corpo da vítima no local, mas negaram o assassinato.

Na terça-feira (3), a Justiça determinou a quebra do sigilo telefônico de Gleison (leia mais abaixo). O advogado do empresário informou à TV TEM que, em relação ao protesto, é uma manifestação livre da família. Questionado sobre a quebra do sigilo telefônico, o advogado diz que é do interesse da defesa entender o que aconteceu.

Durante a manifestação, a mãe e a avó de Giovana, acompanhadas de outros familiares, clamaram por justiça. Junto com os amigos da vítima, elas pediram que a polícia esclarecesse o que ocorreu no dia em que a adolescente morreu.

No total, 13 pessoas participaram do protesto vestidas com camisetas que estampavam o rosto de Giovana e cartazes com o pedido de justiça. O grupo levou flores, brinquedos e bonecas para simbolizar a pouca idade da vítima.

Em entrevista à TV TEM, a mãe da adolescente, Patrícia Alessandra Pereira de Almeida, de 39 anos, falou sobre a possibilidade de Giovana ter sido vítima de outros crimes.

"Agora é a Justiça entender essa atrocidade toda, esse assassinato que aconteceu, esse estupro que aconteceu de vulnerável. É a Justiça entender todos os crimes para que eles sejam responsabilizados", desabafa.

Quebra de sigilo telefônico

Em decisão emitida na terça-feira (3), a juíza Luciana Cassiano Zamperlini Cochito determinou a quebra do sigilo telefônico de Gleison. Os dados existentes nos celulares do empresário serão utilizados pela equipe de investigação.

A juíza também determinou que o caso seja encaminhado à 3ª Delegacia de Homicídios de São José do Rio Preto (SP). O delegado que vai cuidar das investigações ainda não foi nomeado.

A determinação judicial foi feita após um pedido do Ministério Público (MP).

O caseiro, que cavou o buraco para o empresário enterrar o corpo, também é investigado.

Investigação

Giovana Pereira Caetano de Almeida estava desaparecida desde dezembro de 2023. O corpo dela foi encontrado em 28 de agosto deste ano.

O caso veio à tona após a polícia receber a informação de que um corpo havia sido enterrado em uma propriedade rural. Policiais foram ao local e encontraram a ossada.

O empresário Gleison Luís Menegildo, dono do sítio, e o caseiro do imóvel, Cleber Danilo Partezani, chegaram a confessar que enterraram o corpo, mas negaram o assassinato. Eles foram presos por ocultação de cadáver, porém, soltos depois do pagamento de fiança de R$ 22 mil.

Primeiros relatos

Segundo o primeiro relato de Gleison à polícia, Giovana, que também era de São José do Rio Preto , foi até a empresa dele para uma entrevista de estágio. Em determinado momento, de acordo com a versão do suspeito, eles passaram a consumir cocaína.

A princípio, a polícia também informou que o empresário e o caseiro afirmaram que tiveram relações sexuais com a vítima.

Ainda segundo a versão dada pelos suspeitos à polícia, após a adolescente ter ficado sozinha em uma sala, ela teria tido um mal súbito e eles a teriam encontrado já morta. Os dois, então, teriam colocado o corpo em uma caminhonete e o levado até o sítio para enterrá-lo.

Após os dois terem falado com a polícia e dado suas versões, no entanto, a defesa deles negou, por meio de nota, que tenha havido relação sexual com a garota. Também negou que eles a tenham matado e informou que o "laudo necroscópico irá confirmar que ela morreu de overdose". A defesa não comentou sobre a ocultação do corpo.

Inicialmente, conforme a polícia, o dono da empresa informou não saber a identificação da vítima, mas, com a ajuda dos funcionários, ele encontrou um documento semelhante a um currículo que continha os dados da adolescente.

Nova versão

Em seguida, o então delegado do caso, Ericson Salles Abufari, deu entrevista à TV TEM e falou sobre o depoimento do empresário, que contradiz alguns detalhes da primeira versão dada por ele e pelo caseiro à polícia.

Conforme o delegado, Gleison relatou já ter saído com Giovana meses antes do dia em que ela morreu, depois de eles terem se conhecido por um aplicativo de relacionamento, embora as ferramentas só permitam usuários com 18 anos de idade ou mais. O empresário afirmou ter tido pouco contato com ela, mas, meses após saírem, ela foi à empresa dele levar seu currículo.

"O empresário informou que, há 15 meses, ele conheceu a garota em um aplicativo de relacionamento e teria saído com ela naquela época. Cerca de sete meses depois, no fim do ano, a jovem teria pedido um emprego para ele. Por isso, ele falou: 'traga seu currículo aqui que nós vamos analisar'. E foi aí que teve um novo encontro com ela, na empresa dele, em São José do Rio Preto", explicou o delegado Ericson Abufari.

Embora tenha divulgado a informação de que o empresário e o caseiro admitiram terem tido relações sexuais com a vítima inicialmente, após coletar os depoimentos de ambos, o delegado disse, em entrevista à TV TEM, que o empresário alega que quem teve relações com Giovana foi um funcionário da empresa. O nome desse funcionário não foi divulgado.

Segundo o relato de Gleison à polícia, no dia em que ela foi à empresa dele, após a entrevista de estágio, a adolescente começou a fazer uso de droga. Ele disse ter saído para comprar bebida e, quando retornou, foi surpreendido por outra situação.

"Ele disse que ela chegou, eles conversaram e, em um dado momento, ela usou um cigarro de maconha. Após isso, ele teria saído para buscar uma cerveja e, quando retornou, viu um funcionário aos beijos e abraços com ela", afirmou o delegado.

"Em um dado momento, esse funcionário disse que viu ela passando mal após usar cocaína que estaria na mesa, em um recipiente de remédio. Após isso, ele [empresário] disse que tentou fazer os primeiros-socorros e, como estava em desespero, acabou colocando-a na caminhonete e indo para os outros locais", continua o delegado.

O empresário teria andado de carro com o corpo por mais de um local até decidir enterrá-lo em seu sítio.

"O empresário disse que, em um primeiro momento, em um ato de desespero, ele teria colocado o corpo dela na caminhonete e ido até o distrito de Macaúba, em Mirassolândia (SP). Ele ia colocar o corpo em um rio que existe na região, mas resolveu depois vir até Nova Granada, na propriedade rural dele. Pediu para o caseiro providenciar uma vala, pois ele teria algo para enterrar. Foi onde depositou o corpo lá e o caseiro fechou com a terra, e por lá permaneceu o corpo."

Envolvimento do caseiro

Segundo a polícia, o caseiro admitiu à polícia ter ocultado o corpo a mando do empresário, com quem tem vínculo empregatício. Porém, afirmou que, após receber a determinação de abrir a vala, não sabia que o local seria usado para enterrar a vítima.

"O caseiro fala que obedeceu a uma ordem do seu chefe, e que ele não havia dito se tratava de homem ou mulher a vítima, ele apenas fez a vala e depositou o cadáver", explica o delegado.

Ainda segundo o caseiro, foi só após ter enterrado a adolescente que o empresário o informou de que havia um corpo no local e o ameaçou para que não avisasse a polícia.

Conforme a polícia, assim como Gleison, Cleber também negou, no depoimento, que tenha tido relações sexuais com a adolescente.

Outros suspeitos

A polícia não dá detalhes sobre a atual linha de investigação, mas informou que ainda apura a dinâmica do crime para saber se há mais envolvidos. O laudo que deverá apontar as causas da morte da adolescente deve ficar pronto em 30 dias.

De acordo com o delegado, funcionários que estavam na empresa no momento e viram a movimentação deverão ser ouvidos pela polícia. "Estamos aguardando as provas periciais já coletadas que foram realizadas e aí veremos quais serão os próximos passos dos inquéritos policiais."

O delegado não confirma se, além do caseiro e do empresário, existem outras pessoas que tiveram participação no crime.

Relato da mãe

Em entrevista à TV TEM, a mãe da adolescente, Patrícia, de 39 anos, disse que, por coincidência, já havia tido contato com o empresário por conta do trabalho e, quando soube que a filha estava se comunicando com ele por meio de mensagens, no primeiro momento a advertiu.

"Há um tempo, eu peguei no celular dela ela conversando com ele. Eu até chamei atenção. Falei: 'filha, esse cara tem mais de 30 anos, 30 e poucos anos e você tem 16 anos... Não precisa disso'. A gente era muito amiga, ela me contava absolutamente tudo. Ela falou: 'mamãe, eu saí com ele'. Até a gente discutiu. Ela falou: 'ele ofereceu até para me pagar'. Eu falei: 'você não precisa disso'", contou.

A mãe disse que, depois disso, a adolescente nunca mais comentou sobre o empresário.

Embora Gleison tenha dito que a adolescente fez uso de maconha e cocaína na empresa dele, a mãe acredita que a filha tenha sido forçada a consumir os entorpecentes e suspeita que Giovana tenha sido vítima de outros crimes também.

"Você é empresário, está com outros dois sócios. Você chamaria uma menina de 16 anos, às sete e meia da noite, para fazer uma entrevista? Ele confessou que a cocaína era dele, ou seja, não era dela. Ela não usava cocaína. Então, eles drogaram a minha filha. Depois disso, se ela começou a passar mal... Estavam os homens lá, por que nenhum chamou o Samu, se tinha uma criança passando mal?", questiona a mãe.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba

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