Janaína Baliero - Enfermeira e Vereadora
Maiza Rio - Fotógrafa Técnica Pericial e Vereadora
Neide Garcia - Escriturária e Vereadora
Por Lívia Caldeira
Na próxima quarta-feira, dia 08 de março, será celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data representa, no mundo todo, uma oportunidade para reflexões e debates sobre a equidade de gênero e a igualdade completa de direitos entre mulheres e homens. Afinal, ser mãe, dona de casa, esposa e trabalhar fora é a realidade de milhares de brasileiras que, diante das transformações que vêm acontecendo na sociedade, conquistam, cada vez mais, seu espaço no mercado de trabalho.
Segundo o IBGE, mulheres são maioria no ingresso e na conclusão de cursos superiores. Nas áreas urbanas, elas têm, em média, um ano a mais de estudo do que os homens. Mais inseridas no mercado de trabalho, mais instruídas e com menos filhos, as mulheres estão mais independentes. Elas estão ganhando força e poder econômico, tornando-se responsáveis por mudanças culturais, desempenhando as mais diversas atividades profissionais e diluindo o preconceito.
Para representar essa nova geração de mulheres que encara diariamente uma tripla jornada de trabalho, conciliando carreira, família e tarefas domésticas, “O Extra.net” entrevistou as três vereadoras eleitas no ano de 2016 para compor a Câmara de Fernandópolis: Janaína Balieiro, Maiza Rio e Neide Garcia.
O EXTRA: Dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher. O que torna essa data essa data especial para as mulheres, na sua opinião?
JANAÍNA: É importante para a valorização da mulher, tornando esse período uma ocasião de cuidar das mulheres na área da saúde, por meio da prevenção de doenças, por exemplo, e o cuidar de si mesma.
MAIZA: Essa data se torna especial para relembrar as lutas e conquistas das mulheres ao longo de anos. Lutas por direitos das mulheres trabalhadoras, por melhores condições para se viver, pela igualdade, direitos políticos.
NEIDE: Dia 08 de Março é o resultado de uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres por melhores condições de trabalho, diretos sociais e políticos. É uma data especial, pois simboliza o conjunto de lutas e conquistas que as mulheres obtiveram e ainda obtém durante esses anos.
O EXTRA: O que você acha sobre o papel da mulher atualmente na sociedade? As mulheres estão conseguindo conquistar seu espaço?
JANAÍNA: Ela exerce um papel relevante e complexo, além de atuar com liderança em todas as áreas.
MAIZA: A mulher tem alcançado um espaço de secundária a ser protagonista, de alcançar posições importantes e relevantes tanto na esfera pública como privado, mas ainda precisa de muitos avanços e progressos a serem alcançados. Muito precisa ser melhorado, por exemplo, existem muitos casos em que com o mesmo cargo profissional, o salário de mulher é menor que o de homens. A pouca representatividade da mulher no meio político também precisa ser melhorada.
NEIDE: Acredito que ainda falta muito para conquistarmos nosso espaço social, porém estamos avançando e estamos sim mudando o estigma de que somos "meras" reprodutoras.
O EXTRA: Como é, para você, ter que realizar tripla jornada, como mãe, esposa, vereadora, exercer sua profissão e entre outras tarefas domésticas? É possível administrar carreira e família?
JANAÍNA: Sim, é possível. Dar o melhor de si tanto na área profissional, quanto pessoal.
MAIZA: As mulheres costumam ser muito versátil no que fazem. Para mim, um dos desafios é conciliar e buscar o melhor ao administrar o meu tempo com o meu trabalho na perícia, família, amigos, vereança e o de buscar a Deus. Não é fácil, mas com muita disposição devemos sempre buscar o melhor no que fazemos. Mas confesso que já tive que “abrir mão” de muitas situações.
NEIDE: Não deixa de ser cansativo o acúmulo de tantas funções, mas é possível, quando se dedica com amor a cada uma delas.
O EXTRA: Você se considera feminista? Por quê?
JANAÍNA: Sim, porque atuo em todas as áreas que, antigamente, eram direcionadas ao homem, colocando a mulher sempre em segundo plano.
MAIZA: Feminismo é um movimento social, político, ideológico, filosófico em uma luta ao longo de muitos anos, que tem o objetivo principal de conquistar direitos e a equidade; isto é, de lutar pela igualdade. Considero-me uma mulher que valoriza e luta pelos direitos e igualdade das mulheres, mas penso, que na atualidade, nossas reivindicações e conquistas devem ser obtidas pela demonstração da capacidade da mulher. Lutar sempre pela capacidade que temos.
NEIDE: Feminista é aquela que prega por igualdade de gêneros, sendo assim, considero-me feminista.
O EXTRA: Apesar das mulheres ainda serem minoria, qual a importância da presença feminina nos cargos de comando?
JANAÍNA: As mulheres são perfeccionistas, batalhadoras, determinadas. Não querem atingir 50% de algum objetivo, mas 100%.
MAIZA: Já teve pesquisas que apontam que as mulheres são mais sensíveis, dedicadas, honestas e em muitos pontos a visão da mulher é diferenciada a do homem. As mulheres no comando demonstram sua capacidade em exercer funções importantes com visão distinta, seja na área empresarial, política, administrativa.
NEIDE: Ainda somos minoria sim, porém estamos conquistando nosso espaço. É importante que mulheres estejam desempenhando várias funções, inclusive de comando, não por que temos uma característica que nos diferencie, mas porque também podemos exercer o comando, assim como os homens. Estarmos em cargos de comando, afirma a igualdade e também nossa capacidade de gestão.
O EXTRA: Você já sofreu algum tipo de preconceito ou assédio no ambiente de trabalho por ser mulher? Já enfrentou muitas situações em que, nas posições de comando, acabava sendo a única mulher em uma sala cheia de homens?
JANAÍNA: Segundo a minha atuação como enfermeira, não.
MAIZA: No meu primeiro mandato como vereadora era a única mulher entre os colegas vereadores; em muitas reuniões políticas tinham só homens; logo que entrei no Instituto de Criminalística me disseram que era mais difícil entrar mulheres, éramos em poucas no Estado. Estas situações e circunstancias já tem um pouco de preconceito, mas que com a vivência se torna respeitada.
NEIDE: Felizmente nunca sofri nenhum tipo de assédio e preconceito, mas sei que ainda existe isso, e muito. Durante o mandato anterior, fui a única vereadora dentre os eleitos.
O EXTRA: Na sua opinião, o que tem que mudar para que o Dia da Mulher não precise mais ser celebrado?
JANAÍNA: É preciso colocar a mulher na mesma posição que o homem, tanto socialmente como na questão salarial.
MAIZA: Que todos tenham o respeito, a dignidade e o valor da mulher.
O EXTRA: Neide, o que te motivou a apresentar um projeto de lei para tornar o dia "8 de março" feriado municipal?
NEIDE: Fui procurada por algumas mulheres; funcionárias públicas, comerciárias que sugeriram que esse dia fosse feriado. Motivou-me o pedido. Estudei sobre a data, descobri que o feriado existe em alguns lugares no Brasil e, devido a tudo que li, achei que seria uma forma de firmar a importância que temos na sociedade, por tudo que coloquei nos questionamentos anteriores.