Crônica: Carta real de um pai: a despedida

Crônica: Carta real de um pai: a despedida

Leia também: Só quinze minutos - Por: Meimei / Chico Xavier

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Publicada há 2 dias

MINUTINHO

Só quinze minutos

Por: Meimei / Chico Xavier

Quando tiveres um quarto de hora à disposição, reflete nos benefícios que podes espalhar. 

Recorda o diálogo afetivo com que refaças o bom-ânimo de algum familiar, dentro da própria casa; das palavras de paz e amor que o amigo enfermo espera de tua presença; de auxiliar em alguma tarefa que te aguarde o esforço para a limpeza ou o reconforto do próprio lar; da conversação edificante com uma criança desprotegida que te conduzirá para frente às sugestões de boa vontade; de estender algum adubo a essa ou aquela planta que se te faz útil; e do encontro amistoso, em que a tua opinião generosa consiga favorecer a solução do problema de alguém. 

Quinze minutos sem compromisso são quinze opções na construção do bem. 

Não nos esqueçamos de que a floresta se levantou de sementes quase invisíveis, de que o rio se forma das fontes pequeninas e de que a luz do Céu, em nós mesmos, começa de pequeninos raios de amor a se nos irradiarem do coração. 

CRÔNICA

Carta de um pai

Por: Carta real, escrita em 21 de fevereiro de 2007

“Paulo, meu filho querido! Hoje faz dois anos que você foi ao encontro de Deus. Hoje, ao fazer minha oração, recordei os últimos momentos que passamos juntos no dia 21 de fevereiro de 2005. 

 Sua mãe saiu cedo de casa para passar o dia com você e ficou todo o dia ao lado de seu leito, enquanto você se esforçava para manter-se acordado olhando-a fixamente, já quase sem reação. Você tinha sede e ela permaneceu ali sentada com um conta-gotas colocando água em seus lábios, umedecendo-os, enquanto lhe dizia: 

- Vá meu filho, não tenhas receio, Deus o aguarda de braços abertos, Ele está a sua espera, vá tranquilo, nós entendemos perfeitamente esse seu retorno para Ele. Você ainda tentava esboçar algum sorriso confirmando suas palavras e, em dado momento, seus olhares se encontraram e só vocês dois entenderam o verdadeiro significado daquilo. O significado era “Adeus mãe”, “Adeus meu filho”, era a hora da partida; era a definitiva despedida. Em seguida você adormeceu e sua mãe ainda permaneceu ao seu lado por alguns instantes sussurrando um trecho do Padre Nosso: “Seja feita a Sua vontade, assim na terra como no céu”, e rezou “Santa Maria mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte” e deixou-o dormindo indo sentar-se num sofá, na sala. Momentos após a cruel notícia: 

 - Acabou... Acabou - disse tristemente sua tia, descendo apressadamente as escadas.

E assim se passaram dois anos, sem ver seu rosto, sem ver seus olhos, sem ver suas mãos, sem ver seu sorriso, sem ouvir sua voz, sem ouvir seus prantos, sem ouvir suas piadas, sem ouvir suas músicas, sem escutar a chave abrindo a porta quando você retornava, sem sentir seus abraços apertados e carinhosos, sem sentir seus beijos, sem sentir seu cheiro. Porém algo nos conforta: é sentir até hoje, sua presença em todos os momentos de nossas vidas, ao levantarmos pela manhã, ao tomarmos nossas refeições, em reuniões familiares, nas missas, trabalhando ou passeando, porque nossos pensamentos estão e estarão sempre voltados para você. Você jamais será esquecido filho querido”.

O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.

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