Foto: Reprodução / Redes Sociais
Da Redação / g1
Por Lucas Jozino, Léo Arcoverde, Kleber Tomaz, TV Globo e g1 SP — São Paulo
O policial civil Rogério de Almeida Felício, o "Rogerinho Punisher", foi preso na manhã desta segunda-feira (23) após se entregar para numa delegacia em Santos, no litoral paulista.
Ele é agente de telecomunicações da Polícia Civil em São Paulo. "Rogerinho" também fazia "bico" como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima.
O policial era procurado pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) por suspeita de corrupção e envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
"Rogerinho" estava foragido desde a última terça-feira (17), quando a Justiça decretou as prisões temporárias dele e de outros policiais civis. Todos são investigados por lavagem de dinheiro. Um delegado e três outros investigadores já tinham sido presos antes.
Todos os cinco policiais tinham sido denunciados por Vinicius Gritzbach antes de ele ser executado a tiros em novembro. A vítima era empresário. Antes de ser morto, ele era investigado por lavagem de dinheiro. Mas acabou delatando policiais e membros da facção PCC no mesmo esquema criminoso.
Cinco policiais presos
Foram presos há alguns dias: o delegado Fábio Baena, os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, o "Du", Marcelo Roberto Ruggieri, o "Xará", Marcelo Marques de Souza, o "Bombom", Valmir Pinheiro, o "Bolsonaro" e o agente policial Valdenir Paulo de Almeida, o "Xixo".
'Rogerinho' havia fugido à época. Agora que está preso, ele será levado pela Corregedoria da Polícia Civil para alguma unidade prisional para agentes. A Polícia Federal já foi comunicada da prisão dele.
Procurada neste mês pela TV Globo para comentar o fato de 'Rogerinho' fazer segurança para Gusttavo Lima, a assessoria de imprensa do artista informou que o policial prestou serviço em alguns shows como integrante da equipe de segurança do artista.
"Tomamos conhecimento da operação na manhã de hoje (17/12) e esperamos que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos perante a autoridade policial que preside a investigação", informou em nota o Balada Eventos, escritório que administra a carreira do cantor.
Advogado e empresários detidos
Também foram presos há alguns dias pela PF o advogado Ahmed Hassan Saleh, o "Doutor Mudi", e os empresários Ademir Pereira de Andrade e Robinson Granger de Moura, o "Molly". Assim como os policias, eles acabaram delatados por Gritzbach.
Gritzbach acusou policiais de cobrarem R$ 40 milhões de propina para não responsabilizá-lo pelos assassinatos de dois membros do PCC. O empresário era investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) por suspeita de ter mandado matar Anselmo Becheli Santa Fausta, o "Cara Preta", e Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue" em 2021.
Os oito investigados são suspeitos de lavagem de dinheiro e elo com o Primeiro Comando da Capital. Ainda de acordo com a investigação, parte do grupo movimentou junto ao menos R$ 72 milhões de maneira ilegal nos últimos cinco anos.
A equipe de reportagem tenta contato com as defesas dos investigados presos.
Como funcionava o esquema
A Polícia Civil de São Paulo afasta cinco agentes citados na delação de Viniciuis Gritzbach
De acordo com a PF e o MP, para lavar o dinheiro os investigados investiam a propina paga pelo PCC aos policiais e do tráfico de drogas da facção em negócios imobiliários e na abertura de contas de empresas-fantasma.
A investigação identificou essa movimentação financeira irregular dos oito investigados entre 2018 e 2022.
Execução de Gritzbach
Câmeras de segurança gravaram o assassinato cometido contra Gritzbach no dia 8 de novembro do lado de fora do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Dois homens encapuzados e com fuzis aparecerem atirando no empresário e fugindo em seguida (veja vídeo acima). Um motorista por aplicativo foi atingido por um dos disparos e também morreu.
Dois suspeitos de participarem da execução dele foram presos dias depois pela força-tarefa criada pelo governo paulista para investigar o caso. Matheus Augusto de Castro Mota e Matheus Soares Brito teriam ligação com o Primeiro Comando da Capital.
O terceiro suspeito procurado como foragido pelo homicídio do empresário é Kauê do Amaral Coelho. Segundo a força-tarefa, mais pessoas podem estar envolvidas no crime.
Além de investigarem o possível envolvimento do PCC no assassinato de Gritzbach, as autoridades apuram a hipótese de que policiais possam ter participado da execução dele. Um áudio gravado pelo empresário mostra uma conversa entre um membro da facção oferecendo R$ 3 milhões a policiais para matá-lo.
A equipe de reportagem tenta localizar as defesas dos oito investigados para comentar o assunto.