MINUTINHO
Mais um pouco
Por: Chico Xavier / André Luiz
Quando estiveres à beira da explosão, na cólera, aguarda mais um pouco e o silêncio nos poupará enormes desgostos.
Quando fores tentado a examinar as consciências alheias, guarda os princípios do respeito e da fraternidade mais um pouco e a benevolência nos livrará de muitas complicações.
Quando o desânimo impuser a paralisação de tuas forças na tarefa a que foste chamado, prossegue agindo no dever que te cabe, exercitando a resistência mais um pouco e a obra realizada será a nossa bênção de luz.
Quando a revolta tocar o seu coração, usa a humildade e o entendimento mais um pouco e não sofreremos o remorso de haver ferido corações que devemos proteger e considerar.
Quando a lição oferecer dificuldades à tua mente, compelindo-te à desistência do progresso individual, aplica-te ao problema ou ao ensinamento mais um pouco e a solução será clara resposta à nossa expectativa.
Quando a ideia de repouso sugerir o adiamento da obra que te cabe fazer, persiste com a disciplina mais um pouco e o dever bem cumprido será nossa alegria perene.
Quando o trabalho te parecer monótono e inexpressivo, guarda fidelidade aos compromissos assumidos mais um pouco e o estímulo voltará ao nosso campo de ação.
Quando a enfermidade do corpo trouxer pensamentos de inatividade, procurando imobilizar-te os braços e o coração, persevera com Jesus mais um pouco e prossegue auxiliando aos outros, agindo e servindo como puderes, porque o Divino Médico jamais nos recebe as rogativas em vão.
Em qualquer dificuldade ou impedimento, não te esqueças de usar um pouco mais de paciência, amor, renúncia e boa vontade, em favor de teu próprio bem estar.
O segredo da vitória, em todos os setores da vida, permanece na arte de aprender, imaginar, esperar e fazer mais um pouco.
CRÔNICA
Quando a bondade se expressa
Por: Meu Sonho Não Tem Fim
O rapaz estava desempregado. Fora despejado e dormia no carro. Carro, aliás, que ele não tinha sequer dinheiro para colocar combustível.
Chegou o dia em que estava com fome. Sem dinheiro para comprar alguma coisa, desesperou-se. A noite estava fria, o estômago reclamando. Entrou numa lanchonete e como não sabia quando seria sua próxima refeição, comeu a mais não poder.
Quando chegou a hora de pagar, fingiu que tinha perdido sua carteira. Fez um barulho enorme e começou a procurá-la por todo lugar. Virou a lanchonete de cabeça para baixo.
De trás do balcão o cozinheiro, que era também o dono do lugar, saiu e foi até onde estava o rapaz. Abaixou-se, fingindo que apanhava alguma coisa do chão, e entregou ao moço R$ 100,00 dizendo-lhe:
- Acho que você deixou cair quando entrou.
O rapaz ficou mais confuso ainda, mas, pagou a conta e saiu rapidinho.
- E se o dono do dinheiro aparecer? Ele se perguntava, andando pela rua.
Até que se deu conta que, na verdade, o dono da lanchonete fingira achar o dinheiro.
Com o troco, colocou gasolina no carro e rodou para outra cidade. Enquanto dirigia, agradecia a Deus o gesto daquele piedoso desconhecido. E prometeu que, se sua vida viesse a melhorar, faria aos outros, o que aquele homem fizera por ele.
O tempo passou. Ele teve fracassos, reveses. Até que, afinal, as dores da pobreza passaram.
Foi então, que decidiu que era hora de honrar a promessa e cumprir o voto feito naquela noite escura de inverno. Pelos anos seguintes, ele iniciou sua jornada de doações. Queria dar, mas não queria que o agradecessem.
Começou a identificar pessoas realmente necessitadas.
Assim, a família de um garoto de 14 anos, que sofria de leucemia, encontrou uma boa soma de dinheiro em sua caixa de correio. Uma viúva, com sete crianças e dois netos, foi surpreendida com várias notas, colocadas embaixo de sua porta. Um jovem que precisava de um transplante de pulmão respirou aliviado, quando em sua conta apareceu a expressiva soma que precisava para a cirurgia. Ele pagou aluguéis, prestações de carros, contas de mercado... Sempre sem aviso e sem ficar por perto para elogios.
A sua alegria era a expressão no rosto das pessoas beneficiadas. Agora só faltava agradecer a quem o socorreu quando precisou.
Procurou pelo dono da lanchonete, durante quase um ano. O local conhecido estava fechado.
Arranjou um encontro, dizendo-se historiador e que desejava fazer uma matéria sobre pessoas antigas daquela localidade.
Chegou carregado de presentes, além de avultada quantia em dinheiro. Ao se deparar com o seu benfeitor de outrora, disse-lhe:
- Eu sou aquele sujeito que você ajudou, 29 anos atrás. Você mudou a minha vida, naquela noite.
O ex-dono da lanchonete, agora aposentado, com 81 anos de idade, chorou, tamanha emoção, ao lado da sua esposa. Ele estava gravemente doente, lutando contra um câncer e o mal de Alzheimer.
Por causa da situação, estava atolado em contas hospitalares. O dinheiro recebido fora mandado por Deus, avaliou.
Para o antigo beneficiado era um simples gesto de gratidão. Para aquele idoso o dinheiro era o acenar de um novo tempo, sem provações.
Imagem: Ilustração