Crônica: Da adversidade - Por: Paulo Coelho

Crônica: Da adversidade - Por: Paulo Coelho

Leia também: Deus falando com você - Por: Baruch Spinoza

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Publicada há 1 semana

MINUTINHO

Deus falando com você

Por: Baruch Spinoza

Para de ficar rezando e batendo no peito.

O que eu quero que faças é que saias pelo mundo, desfrutes de tua vida.

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Para de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu vivo e expresso o meu amor por ti.

Para de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras um pecador.

Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.

Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar dos teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro...

Para de tanto ter medo de mim.

Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem me incomodo, nem te castigo.

Eu sou puro amor.

Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.

Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te castigar por seres como és, se sou Eu quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos os meus filhos que não se comportam bem pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita o teu próximo e não faças aos outros o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida; que teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Para de crer em mim... Crer é supor, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho de mar.

Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, da tua saúde, das tuas relações, do mundo. Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.

Não me procures fora! Não me acharás.

Procura-me dentro... Aí é que estou, dentro de ti.

CRÔNICA

Da adversidade

Por: Paulo Coelho

Quando era pequeno, Cosroes, na antiga Pérsia, tinha um mestre que conseguiu fazê-lo se destacar em todas as matérias que aprendia.

Certa tarde, o mestre, aparentemente sem motivo, castigou-o com toda a severidade.

Anos depois, Cosroes subiu ao trono. Uma das suas primeiras providências foi mandar trazer o mestre de sua infância, e exigir uma explicação para a injustiça que cometera.

“Por que me castigaste sem que eu merecesse?”, perguntou.

“Quando vi tua inteligência, soube logo que irias herdar o trono de teu pai”, respondeu o mestre. “E resolvi mostrar-lhe como a injustiça é capaz de marcar um homem para o resto da vida. Espero que você jamais castigue alguém sem motivo”.

Cosroes admirou sua sabedoria e deu-lhe um cargo elevado.

O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.

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