OPINIÃO
Artigo: De Francisco a Leão
Artigo: De Francisco a Leão
Por: Dr. Pe. Edvagner Tomaz da Cruz - Reitor do Seminário da Diocese de Jales e Pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga
Por: Dr. Pe. Edvagner Tomaz da Cruz - Reitor do Seminário da Diocese de Jales e Pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga
O mês de abril de 2025 foi, não só para a Igreja, como para o mundo, um mês de muitas emoções e acontecimentos, detendo a atenção sobre a questão da Igreja, além dos momentos sublimes da Liturgia, onde se celebrou o Mistério Pascal de Jesus, sua Paixão, Morte e Ressurreição. O Povo de Deus (a Igreja) acompanhou seu pastor, Papa Francisco, num período de convalescença e internação. Acompanhou com esperança e fé sua recuperação, na qual, no Domingo de Páscoa, com sua bênção Urbi et Orbi - ainda que sussurrando as palavras -, trouxe um ar de alegria que deixou o Domingo de Páscoa ainda mais festivo.
Na manhã da segunda-feira da oitava de Páscoa, diante da notícia da morte de Papa Francisco, a Igreja passou por dias de profunda tristeza e também esperança. Tristeza pela morte do querido Papa Francisco, que, com seus 12 anos de Pontificado, marcou a Igreja com características e projetos profundos. Podem-se observar alguns pontos como: desde pessoalmente uma vida sóbria e com a necessidade de proximidade e relações pessoais; abriu os olhos da Igreja, que necessita abraçar e acalentar pobres, doentes e sofredores (como afirmou em sua primeira Encíclica Evangelii Gaudium 49: “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas...). Uma reflexão profunda sobre a casa comum; a economia de Francisco; a constante oração e denúncia contra as guerras e investimentos ilícitos com armamentos. Foi um pontificado atento aos sinais dos tempos, com a coragem de continuar nos trilhos do Concílio Vaticano II e ser uma Igreja Sinodal missionária.
Esperança, que se conecta com o tema do ano: Peregrinos de Esperança neste Ano Jubilar; Esperança com a eleição do cardeal Robert Francis Prevost como novo Papa, assumindo o nome de Leão 14. Um nome que o próprio papa explicou como uma inspiração pessoal o Papa Leão 13, citando sua Encíclica Rerum novarum, que “a Igreja enfrentou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial; e, hoje, a Igreja oferece a todos o seu patrimônio de doutrina social para responder a uma nova revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial”.
O novo Papa em si também é sinal de esperança, norte-americano de nascimento, mas com uma pastoral reconhecidamente latino-americana (sobretudo com o Peru). Matemático, agostiniano, apresenta um olhar de abertura para o mundo, verificado já em seu primeiro discurso, sublinhando o tema da paz e da construção de pontes e, ainda, uma Igreja que caminhe junto e aberta a todos, ou seja, uma Igreja sinodal e missionária.
De Francisco a Leão, pode-se tomar um princípio de teologia da continuidade e descontinuidade. Continuidade sendo uma Igreja sinodal, que caminha junto, dialoga e aberta a todos. Com um discurso firme que se posiciona contra a guerra, propondo “uma paz desarmada e desarmaste”. Todavia, veremos suas novidades, ou descontinuidade. O novo papa tem seu direito e terá a possibilidade de mostrar seu próprio modo de governar. E as novidades já começaram: mais silencioso, tímido; com olhar atento; vêem-se lágrimas de emoção que não se seguram ou se escondem; o papa já visitou, por duas vezes, o túmulo de seu predecessor, Papa Francisco; teve experiência pastoral e curial, poderá mover-se e continuar propondo reformas e mudanças.
Sobre a proteção da Virgem Maria, mãe da Igreja, Papa Leão apresentou a Igreja “como arca de Salvação e que oferece luz às noites escuras do mundo”. Vida longa ao Papa Leão 14.
Dr. Pe. Edvagner Tomaz da Cruz é Reitor do Seminário da Diocese de Jales e Pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga, de Fernandópolis/SP
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