EXPLORAÇÃO

Influenciador Hytalo Santos e marido são presos em São Paulo

Influenciador Hytalo Santos e marido são presos em São Paulo

Investigações apuram os crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil

Investigações apuram os crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil

Publicada há 2 horas

Foto: Divulgação ; PC-SP

Da Redação / CNN Brasil

Por: Elijonas Maia, da CNN, em Brasília

O influenciador Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos nesta sexta-feira (15) em Carapicuíba, na Grande São Paulo, em cumprimento a mandados expedidos pela 2ª Vara da Comarca de Bayeux, da Paraíba.

Segundo o MPPB (Ministério Público da Paraíba), as investigações têm por objeto os crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil.

Policiais da 3ª Delegacia de Investigações sobre Estelionato e Crimes Contra a Fé Pública (DIG) do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) cumpriram o mandado de prisão temporária expedido pela Justiça da Paraíba, e também realizam buscas no endereço onde ele foi localizado, em cumprimento a ordem judicial.

"As apurações criminais vêm sendo conduzidas com rigor técnico e absoluto respeito aos direitos e à dignidade das vítimas, especialmente crianças e adolescentes. Entretanto, o vazamento de informações sigilosas e a execução de medidas de natureza civil, dissociadas dos métodos próprios da investigação criminal, têm prejudicado a eficiência e a segurança do trabalho investigativo, além de potencialmente expor as vítimas a novos riscos", diz o MP em nota.

A prisão foi efetuada por policiais civis do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de São Paulo, com apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

A investigação é do MPPB (Ministério Público do Estado da Paraíba), por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em atuação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Civil da Paraíba, por meio da UNINTEPOL e da DECC, o CIBERLAB – Laboratório de Operações Cibernéticas da DIOPI (Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência) da SENASP/MJSP (Secretaria Nacional de Segurança Pública).

"O Ministério Público e as instituições parceiras reiteram seu compromisso inegociável com a defesa de crianças e adolescentes, mantendo-se firmes e integrados no combate a este crime grave, e conclamam a sociedade a apoiar essa missão por meio da denúncia responsável e da preservação da dignidade das vítimas", completa a nota do MPPB.

A CNN entrou em contato com a defesa de Hytalo Santos e aguarda retorno.

Sobre Hytalo Santos

Hytalo Santos estava sob investigação do Ministério Público da Paraíba desde 2024 por suspeita de exploração de menores e violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

As apurações, conduzidas nas esferas cível e criminal, surgiram após denúncias anônimas via "Disque 100" e relatos de vizinhos sobre festas com bebidas alcoólicas e cenas de conotação sensual envolvendo crianças e adolescentes.

A Justiça da Paraíba já havia determinando a suspensão imediata de todos os perfis de Hytalo nas redes sociais, a proibição de contato com os menores citados nas investigações e a desmonetização de seus conteúdos.

Além disso, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em suas residências, recolhendo eletrônicos para análise pericial. Os pais dos adolescentes também estão sendo investigados por possível omissão no dever de proteger os menores.

Na quinta-feira (14), a defesa de Hytalo havia se pronunciado negando veementemente as acusações, afirmando que "sempre agiu dentro da lei" e que todo o conteúdo com menores foi gravado com "autorização legal e acompanhamento dos responsáveis". Ele destaca que as adolescentes envolvidas nas denúncias são emancipadas.

Debate sobre adultização

O debate sobre a "adultização" e exploração de crianças e adolescentes nas redes sociais ganhou espaço no Brasil nos últimos dias, impulsionado por um vídeo do youtuber Felca. Publicado no último dia 6 de agosto, o material de quase 50 minutos e que já ultrapassou 40 milhões de visualizações, traz diversas denúncias, mirando, entre outros, o influenciador paraibano Hytalo Santos, acusado de utilizar menores de idade em conteúdos com teor sexualizado.

Felca também criticou o que chamou de "algoritmo P", um sistema que supostamente amplifica a propagação desses vídeos. Após a repercussão de suas denúncias, Felca revelou ter recebido ameaças e afirmou que passou a usar carro blindado e segurança particular.

Desde o início do processo de investigação, Felca diz que passou a ser vítima de ataques na internet. Ele propôs um acordo humanitário para mais de 200 perfis que o difamaram, solicitando doações para instituições de combate à exploração infantil.

No Congresso Nacional, a denúncia de Felca impulsionou o debate, com o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos), prometendo pautar projetos sobre o tema, e a ex-ministra Cristiane Britto (Republicanos) propondo a "Lei Felca".

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara já aprovou o aumento de pena para aliciamento infantil na internet, alterando o ECA.

As investigações prosseguem, buscando esclarecer as denúncias de exploração e "adultização" no ambiente digital.

Outro lado

Em nota, a defesa de Hytalo Santos diz que não teve acesso ao conteúdo da decisão que ordenou a prisão e que vai pedir a liberdade do influencer.

Nota - Defesa Hytalo Santos

A defesa de HYTALO SANTOS informa que recebeu, na manhã desta sexta-feira (15), a notícia da expedição de ordem de prisão contra seu cliente.

Até o momento, não tivemos acesso ao conteúdo da decisão que determinou a medida extrema, o que impossibilita uma manifestação mais detalhada. Assim que tivermos ciência dos fundamentos, adotaremos todas as medidas judiciais cabíveis para resguardar os direitos de HYTALO, inclusive com o ingresso de Habeas Corpus, se for necessário.

Reafirmamos a inocência de HYTALO SANTOS, que sempre se colocou à disposição das autoridades. A defesa permanece acompanhando o caso de forma atenta e responsável, confiando no devido processo legal e na sensatez do Poder Judiciário.

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