SAÚDE

Fígado gorduroso atinge 1 em cada 3 brasileiros: quando a gordura vira cirrose

Fígado gorduroso atinge 1 em cada 3 brasileiros: quando a gordura vira cirrose

Especialista alerta para epidemia silenciosa que pode evoluir para casos graves

Especialista alerta para epidemia silenciosa que pode evoluir para casos graves

Publicada há 4 horas

Imagem: Ilustração / Fonte: Publika.aí Comunicação

Da Redação

A esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado, já afeta cerca de 30% da população brasileira, o equivalente a 1 em cada 3 brasileiros, segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). Apesar da alta prevalência, 61% dos brasileiros nunca fizeram ou não sabem quais exames detectam a condição, revelando um cenário de desconhecimento sobre uma doença que pode evoluir para cirrose, câncer hepático e necessidade de transplante.

“A gordura no fígado é uma epidemia silenciosa. Na maioria das vezes, o paciente só descobre a condição quando ela já está em um estágio avançado, com comprometimento significativo do órgão. Isso acontece porque, nos estágios iniciais, a doença costuma evoluir sem apresentar sintomas”, explica o Dr. Lucas Nacif, cirurgião do aparelho digestivo, diretor médico da clínica Hepatoclin e membro ativo da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

O alerta ganha ainda mais força diante das projeções sobre o impacto da doença no futuro. De acordo com relatório recente da Novo Nordisk, estima-se que, até 2030, a esteato-hepatite se torne a principal causa de transplantes de fígado.

No Brasil, dados do Registro Brasileiro de Transplantes, Veículo Oficial da ABTO, indicam que em 2025 houve leve aumento no número de procedimentos realizados em relação a 2024, mas a fila de espera ainda é significativa, o que evidencia um descompasso entre doações e demandas.

Da gordura à cirrose: entenda a progressão

O fígado acumula gordura de forma gradual, dificultando o diagnóstico precoce. "Quando o paciente começa a sentir cansaço excessivo, fraqueza ou dor abdominal, geralmente a doença já evoluiu", ressalta o Dr. Nacif.

A progressão segue um caminho previsível. Se não diagnosticada e tratada, a condição pode evoluir para inflamação no fígado (esteato-hepatite), fibrose, cirrose e até câncer hepático.

Fatores de risco e tratamento

Pesquisa realizada pela Novo Nordisk em parceria com o Instituto Datafolha revelou que 66% dos brasileiros apresentam sobrepeso ou obesidade, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Entre os fatores de risco, destaca-se também a diabetes. Quando pacientes diabéticos são avaliados pelo ultrassom em relação à presença de esteatose, 70% são portadores da doença.

"O excesso de peso, o diabetes tipo 2, o sedentarismo e a alimentação rica em ultraprocessados criam o ambiente perfeito para o acúmulo de gordura no fígado", afirma.

O ultrassom abdominal é o exame mais acessível para detectar a gordura no fígado, devendo ser realizado periodicamente, principalmente por pessoas nos grupos de risco. "Se identificada precocemente, a esteatose pode ser revertida com mudanças no estilo de vida", destaca o Dr. Nacif.

O tratamento envolve alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e controle de peso. Segundo o especialista, a maioria das pessoas diagnosticadas com a doença em estágio inicial não desenvolverá complicações graves, se gerenciadas adequadamente. A perda de 5% a 10% do peso corporal se desdobra em melhorias significativas na saúde do fígado.

"A chave está na prevenção. Exames de rotina podem salvar vidas ao detectar a doença antes que cause danos irreversíveis ao fígado", conclui o Dr. Lucas Nacif.

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