“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras, e plantando flores.” Cora Coralina
Flor é amor, insanidade sem fim, flor é beleza natural de um anjo querubim. Talvez flor seja quem for, tem desde a mais suave a extravagante, vermelho, amarelo, roxo ou azul, são admiráveis e fascinantes. Umas são árvores de formosura, enchem os olhos de paixão, outras têm belas pétalas, que formam o mar no chão. Mas tem flor sarcástica, modesta e muito otimista, tem flor independente que diz que o lar é a própria mente, tem flor que pássaro algum rejeita, e logo beija, a flor.
Ela é pura, sem defeito. Só que reconheço, o tempo às vezes não ajuda, ou é muito sol, ou é muita chuva, para essa tão miúda, flor. Jamais deve brincar com ela, flor nenhuma gosta de ser agalma, é mais que insensato, é covardia, machuca a alma. No começo era ela semente, tão doce, ingênua e inocente. Depois virou botão, ainda delicada, sem saber de nada, se ia crescer ou não. Foi ensinada, educada, seguia as regras, comportada, já se tornara menina flor.
E quando chegou a primavera, essa estação tão bonita, cheia de vida e muito rica, a flor floresce. Cresce para o mundo, se torna mulher. Agora vai conhecer a fundo, quão profundo e bom é o viver. Ainda vai devagar, não tem ideia de como é fazer parte dessa imensa plateia. Pois nem tudo é jardim, nem tudo é belo e doce, a pequena conheceu o começo, e lamentavelmente viu o fim. Veio o inverno.
O tão temido inverno, que corrói as pétalas, tirando toda a cor; ele vem sem medo, sem sentimento, já magoa a linda flor. É difícil a vida dessa menina, ela precisa ocupar seu espaço lá em cima. Tem que crescer e provar que já cresceu, precisa ocupar lugares que já por direito são seus. E para piorar vêm os fungos, tirando toda a sua essência, agindo com impertinência, vão despedaçando essa flor. Única coisa que a sustenta é o seu jardim sem fim.
A flor alegria expele, mas doenças tem a flor da pele. Só que tudo mudou, de um instante para o outro, desabou. Enfrentou a realidade de quem não teve como alcançar a dignidade, como alcançou. Já era tarde chuvosa de verão, quando veio uma mão fria e suja, sem coração, e a arrancou. E tudo foi cortado. Quem diria que esse seria o fim? Sonhava com
um futuro, mas jamais esperava que fosse assim.
* ISABELA ZARDA, CURSANDO O PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO, É VENCEDORA DO CONCURSO DE REDAÇÃO TV TEM 2016