OPINIÃO

Artigo: O conto de Natal da economia

Artigo: O conto de Natal da economia

“O Brasil também pode exorcizar seus fantasmas e aprender com eles.”

“O Brasil também pode exorcizar seus fantasmas e aprender com eles.”

Publicada há 4 horas

O romance Um Conto de Natal, escrito pelo romancista inglês Charles Dickens em 1843, conta a história de Ebenezer Scrooge, um homem sovina e solitário, que é visitado pelos fantasmas do Passado, do Presente e o do Futuro. Eles lhe revelam o peso de suas escolhas erradas. A economia brasileira, à sua maneira, vive algo parecido. Também recebe espectros, e todos eles insistem em nos mostrar os riscos dos nossos equívocos.

Nosso primeiro visitante é o Fantasma do Passado. Ele arrasta as correntes pesadas do Custo Brasil. O segundo visitante, o Fantasma do Presente, não é menos incômodo. Os mesmos nós que estrangulavam o passado continuam nos apertando, acrescidos da emergência climática, do cenário geopolítico global tenso e aumento da competição entre as nações. E, então, recebemos o Fantasma do Futuro. Ele não será, necessariamente, uma assombração. Poderá ser um espírito luminoso. A prevalência do seu brilho depende apenas de nós.

Conseguiremos promover uma reforma administrativa verdadeira, que torne o Estado menos pesado? Baixar juros? Vencer a criminalidade? Proporcionar segurança jurídica? Reduzir o Custo Brasil? E agregar excelência à educação pública, elevando produtividade, inclusão social e competitividade?

Em Dickens, Scrooge, ao amanhecer do Natal, percebe algumas virtudes da vida e decide mudar. O Brasil também pode exorcizar seus fantasmas e aprender com eles. Temos recursos naturais abundantes, um mercado interno dinâmico, capacidade empreendedora admirável, criatividade farta, setores econômicos, como a indústria, bem estruturados e uma sociedade que nunca desistiu de sonhar grande. Devemos e merecemos nos tornar a potência que sempre nos prometeram que seríamos.

Entretanto, essa conquista exige muito esforço e um propósito renovado de desenvolvimento sustentável. O futuro que desejamos implica a coragem de enxergar, a lucidez de escolher e a vontade política de agir. Precisamos enfrentar e vencer os desafios. Caso contrário, nossos fantasmas seguirão voltando, a cada dezembro, para cobrar o preço da omissão.

Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.

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