CINEMA

Simplesmente 'A Cabana'

Simplesmente 'A Cabana'

Filme de Stuart Hazeldine, baseado no livro de William P. Young, exibe retrato religioso sem os mesmos clichês das obras do gênero

Filme de Stuart Hazeldine, baseado no livro de William P. Young, exibe retrato religioso sem os mesmos clichês das obras do gênero

Publicada há 7 anos

Por Gil Piva 


Personagens. Sarayu (Sumire Matsubara), Papa (Octavia Spencer), Mack (Sam Worthington) e Jesus (Avraham Aviv Alush) 




Adaptação do best-seller de William P. Young, A Cabana segue na linha do embalo religioso estabelecido ao longo dos últimos anos por diversos filmes com o claro objetivo de pregar princípios religiosos.


O filme narra a história de um pai que tem a filha assassinada e, revoltado e angustiado, se afasta da família e de sua fé, até que um certo dia Deus o convida para um encontro na mesma cabana em que vestígios do crime foram encontrados.

O que acontece em A Cabana é que seu enredo não se apresenta como um programa missionário de alguma igreja específica. Ao contrário, o filme acerta a mão ao trazer para as telas fielmente a discussão do livro; ou seja, há um filme bem feitinho, que diverte e emociona — caso raro nos filmes da safra que mais parecem voltados apenas aos convertidos.


Além das questões religiosas, o filme optou por manter aspectos do livro numa ordem e ritmo que, talvez, pudesse deixá-lo enfadonho. Portanto, se no livro vai se descobrindo aos poucos a história por trás da personagem, no filme se antecipam alguns pontos que compõem um suspense sutil.


Para quem leu o livro, sentirá falta de uma discussão interessante sobre a liberdade humana, embora superficial e rasteira. Demais, não há muito que dizer.

A Cabana chegou, inclusive, a ser considerada herética por alguns religiosos evangélicos (sobre o assunto, ver Microcosmos da Heresia, 22/04). Mas não seria para tanto: os episódios de tom espírita e as experiências da personagem se misturam a um tipo de caráter protestante também.


Tanto o legado do filme quanto o do livro dominam o espectador na tentativa de arrebatar seu entusiasmo e prometer uma possível visão de cura interior. Sem spoilers, basta mencionar que o final do livro possui elementos que fazem o desfecho mais convincente, senão intrigante — o que, evidente, não foi o caminho percorrido pelo filme.


Enfim, trata-se de diversão convicentemente leve. A falta de um arrebatamento exige um esforço de entrega por parte do espectador. Apenas isso. E só isso.



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