Carlos Eduardo

'Os filhos são como pipas'

'Os filhos são como pipas'

Por Carlos Eduardo Maia de Oliveira - Professor e Biólogo

Por Carlos Eduardo Maia de Oliveira - Professor e Biólogo

Publicada há 7 anos

            Há quem diga que o casamento pode ser dividido em duas etapas: antes dos filhos e depois deles, tamanha é a mudança na vida de um casal. Quem os tem, conhece o amor incondicional que lhes é ofertado.


            Filhos conferem sentido à vida e tornam os adultos menos egoístas, pois estes sempre priorizam as necessidades dos rebentos, colocando em segundo plano as suas próprias prioridades. Quem tem filhos, abre mão, para sempre, de pensar primeiro em si mesmo.


            Na verdade, uma das maiores missões de um casal é criar, da melhor forma possível, seus descendentes. Eles são o futuro e uma de nossas principais contribuições para um mundo melhor; por isso, trata-se de uma grande responsabilidade educá-los:uma tarefa nada fácil nos dias atuais. Qual pai ou mãe nunca ficou em dúvida se está sendo muito severo ou, pelo contrário, bastante permissivo na criação dos filhos? Realmente! Não é fácil chegar a um ponto de equilíbrio na difícil incumbência de criá-los, embora seja necessário.


            Durante a infância deles, os pais curtem cada progresso: o engatinhar, os primeiros passinhos, o balbuciar das primeiras palavras, entre outros aprendizados. Vê-los nessa fase, pequenos e dependentes, e perceber o quanto precisam dos seus tutores e confiam neles, inspira ternura e sentimento de proteção. São gratificantes os momentos em que os pais passam com seus filhos pequenos em um parque de diversões, em uma festa infantil ou em qualquer lugar, brincando e se divertindo com eles.Por essas e outras, talvez seja por isso que os pais sentem tantas saudades dessa época quando seus filhos se tornam adultos.


            Eles crescem e os atos de proteção por quem os criam sempre devem ser modulados, pois os filhos devem conquistar a autonomia, aprender a ser independentes, uma vez que seus pais não estarão por aqui eternamente a protegê-los e orientá-los.Uma criação que estimule a independência os prepara para as inevitáveis dificuldades e frustações que encontrarão pelos caminhos da vida.Nesse contexto, cabe, nas próximas linhas, a edição de um poema de autor desconhecido, intitulado “Os filhos são como pipas” e que transmite a seguinte mensagem: “Você ensinará a voar, mas não voará o teu voo. Ensinará a sonhar, mas não sonhará o teu sonho. Ensinará a viver, mas não viverá a tua vida. Porém, em cada voo, e em cada período de suas vidas, permanecerão para sempre os rastros dos teus ensinamentos”.


            Sempre chega o momento em que eles deixarão nossas casas, ganharão o mundo, levando nossos corações com eles e deixando-nos a preocupação eterna como companheira. Nessas horas, compreendemos o zelo, muitas vezes em excesso, e a preocupação em demasia que nossos pais tinham conosco.


            As birras infantis das crianças, a rebeldia dos adolescentes, a teimosia e muitas vezes a desobediência podem chatear e irritar, momentaneamente, os pais, mas tudo isso é amenizado e rapidamente esquecido por esses mesmos pais, pois o amor que sentem pelos seus filhos está entre os mais fortes sentimentos experimentados na vida. No final das contas, se os filhos estão bem, seus pais estarão melhores ainda. Se os filhos estão felizes, esse será o motivo de uma enorme felicidade sentida pelos seus pais.


            Tenho certeza de que, na cabeça de todo pai, ao acompanhar sua filha na entrada da igreja durante seu casamento, deve passar um “filminho” que se estende desde a infância de sua princesa até aquele sublime momento. Também tenho certeza de que na cabeça de toda mãe, ao ajudar seu filho a arrumar suas roupas durante sua partida de casa, deve passar o mesmo “filminho”. Inevitavelmente, os corações de pais e mães ficam apertados nessa hora, e os filhos entenderão esse sintoma quando se tornarem pais e mães e vivenciarem esse momento emblemático.


            Como se não bastasse o maior presente de Deus na vida dos pais, que são os filhos, esses os presenteiam com os netos. São os netos que fazem os avós selembrarem de uma fase maravilhosa de suas vidas: a infância de seus próprios filhos.


            A ironia da vida é que, no final, a situação pode se inverter e os filhos tornam-se pais de seus pais, cuidando deles como cuidaram de seus filhos pequenos. Essa é a oportunidade que os filhos possuem de retribuírem aos seus pais todo o amor e carinho que estes despenderam a eles. De qualquer forma, nessa troca de papéis, o mais nobre dos sentimentos sempre estará presente: o amor puro e incondicional entre pais e filhos.



          

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