GRANDES LAGOS

MPF denuncia mais três pessoas por sonegação fiscal e previdenciária

MPF denuncia mais três pessoas por sonegação fiscal e previdenciária

Trio atuava no ramo de compra e vendas de animais; valor sonegado passa de R$ 21 milhões

Trio atuava no ramo de compra e vendas de animais; valor sonegado passa de R$ 21 milhões

Publicada há 6 anos

Da Redação 


O Ministério Público Federal em Andradina, cidade localizada a 164 quilômetros de Fernandópolis, denunciou mais três envolvidos no esquema de sonegação fiscal deflagrado pela Operação Grandes Lagos. A.P.S.F., D.V.F. e V.A.A. são acusados de sonegar impostos e contribuições previdenciárias através do uso de notas fiscais "frias" em operações de compra e venda de animais e carne envolvendo frigoríficos da região entre 2003 e 2005. Segundo a denúncia, A.P. e D.V., proprietários da empresa Pereira Barreto Importação e Exportação de Carnes Ltda., "contratavam" os serviços do acusado V.A., que possuía distribuidoras de carnes de fachada. Tais companhias serviam para emitir as notas fiscais "frias" que embasavam operações comerciais de compra e venda de gado e carne de terceiros. O esquema funcionava da seguinte maneira: quando um frigorífico adquiria o gado do produtor rural e não desejava emitir nota de entrada da mercadoria, V.A., através de suas empresas Distribuidora de Carnes e Derivados São Paulo Ltda. e Norte Riopretense Distribuidora Ltda, emitia o documento. Assim, o pagamento ao produtor era feito pelo frigorífico que de fato adquiria o gado, mas a nota era emitida pelas empresas de V.A. O mesmo acontecia após o abate, quando o frigorífico vendia a carne, a nota "fria" era novamente emitida pelo acusado e o pagamento feito diretamente pelo comprador ao frigorífico. Entre os anos de 2003 e 2005, os denunciados A.P. e D.V., utilizando o esquema de fornecimento de notas de V.A., sonegaram montante superior a R$ 19,5 milhões em impostos e mais de R$ 1,9 milhão em contribuições previdenciárias ao não pagar tais valores quando compravam gado de produtores pessoas físicas. O valor total devido pela Pereira Barreto, inscrito hoje na dívida ativa para cobrança judicial, chega a mais de R$ 62 milhões.


A OPERAÇÃO

A Operação Grandes Lagos foi deflagrada em 2006, após investigação da Receita Federal e do INSS sobre um grande esquema de sonegação fiscal que estaria ocorrendo há pelo menos 15 anos, praticado por pecuaristas e empresários do ramo frigorífico nas regiões de Jales, São José do Rio Preto e Fernandópolis. O valor total do prejuízo causado aos cofres públicos é de cerca de R$ 2 bilhões, pelos cálculos da Receita Federal. Em decorrência disso foram instaurados vários inquéritos policiais e ajuizadas diversas ações criminais, alguns dos quais ainda em curso. Os crimes de sonegação só puderam ser investigados de fato em 2007, meses após a deflagração da operação, pois a Receita Federal e o INSS puderam então iniciar vários procedimentos fiscais contra diversas empresas e pessoas físicas ligadas ao gigantesco esquema de sonegação de tributos. Uma segunda onda de fiscalização, sobre contribuições sociais, foi iniciada em 2009. Segundo o procurador da República Thales Fernando Lima, responsável pela denúncia, a Pereira Barreto, empresa dos acusados, não constava inicialmente na relação das investigadas na operação, pois "o esquema de sonegação fiscal descortinado pela Polícia Federal possuía aspectos de uma grande teia, ou seja, existia um estreito envolvimento entre as pessoas e empresas responsáveis por operações de inúmeras espécies, destinadas a ofuscar, aos olhos do fisco e da Justiça, os reais empreendedores do ramo de compra e venda de animais, carne e couro, e suas consequentes obrigações tributárias."


* Com informações da ASCOM da Procuradoria da República de São Paulo.




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