Por Zé Renato
Encontrar pessoas com as quais nutrimos muitas afinidades é difícil. Quando são essências, é dificílimo.
Comigo e o Luis Fernando ocorre nas essenciais: paixão por ler e escrever, jazz, Nietzsche e futebol.
Ler ótimos livros e escrever bem, com muito bom humor... É dos deuses — para não dizer “du caralho!”.
Conhecer e amar o jazz, ouvi-lo, senti-lo e vivê-lo... É para os “eleitos”.
Nietzsche é um capítulo à parte: o filósofo germânico desvela um mundo, ou melhor, uma vontade de vivê-lo para os espíritos livres. Lê-lo; compreendê-lo e amá-lo nos faz diferentes... Capazes de operar a travessia para o além-do-homem, para o espírito da “criança”, onde tudo flui.
Ser um apaixonado por futebol faz-nos mais humanos, demasiado humanos, no sentido trágico-rodrigueano, aquela tragédia aparentemente menor, do cotidiano, as mazelas cotidianas, suas angústias e amarguras que transcorrem em noventa minutos; às vezes, noutras, a glória, o panteão dos vitoriosos. São instantes que parecem eternos.
O futebol nos humaniza, para mais e para menos, na dimensão exata da imprecisão do significado de humano.
Eu e o Luis Fernando sabemos seu significado.
Até aí, somos iguais em tudo. Por isso que o admiro tanto.
Todavia, devo confessar uma fraqueza dele e uma grandeza minha: ele — o Luis Fernando — é colorado apaixonado; eu sou “Curíntia”.