Se estivesse vivo, Cazuza teria completado ontem, sessenta anos.
Não pretendo exercitar uma parva futurologia passada, no sentido de elucubrar como estaria sexagenário. Afinal, se foi. Todavia, ouso dizer: seria o mesmo. Escrachado, exagerado...
Cazuza viveu aquilo que escolheu. Foi artífice de seu próprio “destino”. Ousadia e coragem são suas marcas essenciais. Íntegro. Viveu sob suas convicções e pulsões. Era puro êxtase. Dionísio em vida! Id total. Um poeta genial, visceral...Da mesma linhagem de Allen Ginsberg, temperado com Rimbaud, Baudelaire e uma boa dose de Álvaro de Campos. Tudo anarquicamente organizado sob a batuta do velho Nietzsche. Cuspiu na bandeira, na mediocridade e na hipocrisia. Os espíritos livres pagam um alto preço: se vão cedo. Contudo, sua obra fica. Eternizando-o no panteão dos gênios. Mais uma vez, me volto a Fernando Pessoa: “Morrem cedo, àqueles a quem os deuses amam”. É nois Cazuza!