COBRANÇA

Membros da ACARF apelam à Câmara por ajuda

Membros da ACARF apelam à Câmara por ajuda

Publicada há 8 anos

A presidente da ACARF Maria Parecida Francisco e a secretária Maria José Pessuto



Por Jorge Pontes


A sessão ordinária desta terça-feira, 10, da Câmara Municipal teve início com a participação de membros da ACARF – Associação dos Catadores de Recicláveis de Fernandópolis. A requerente da Tribuna Livre, Maria José Pessuto, secretária da Associação, expôs a situação dos catadores por meio de um vídeo narrado por ela mesmo. Após alguns problemas técnicos, o vídeo foi exibido no telão da Câmara e todos puderam conhecer um pouco do trabalho da ACARF, pela qual 13 famílias são sustentadas.
 

Totalmente independente e sem qualquer tipo de ajuda dos poderes públicos, a ACARF carece de três necessidades prioritárias. A primeira delas é que a emissora filiada à rede Globo, a TV Tem, por meio do Programa Cidade Limpa retire o lixo armazenado na sede da ACARF há quatro anos. De acordo com Maria José Pessuto, o Cidade Limpa pediu para que fosse utilizado o local temporariamente para depósito dos materiais recicláveis recolhidos na cidade, no entanto, passados quatro anos, nunca mais voltaram para cumprir com o combinado de retirar o lixo do local emprestado.


 A segunda reivindicação é a de um caminhão para transportar o lixo, já que um automóvel já não é mais suficiente para o trabalho. E a terceira e última prioridade dentre as necessidades da Associação é a colocação de um piso adequado no local, uma vez que precisam utilizar a empilhadeira ganhada por eles. Com o chão de terra, a máquina fica inutilizável, obrigando os trabalhadores a carregar os pesados fardos com as próprias forças.


Uma estratégia almejada pela secretária da ACARF, Maria José Pessuto, seria a inscrição junto ao CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social-, a fim de angariar ajuda financeira de ongs ligadas à Igreja Católica, como a Cáritas ou a Pró Vida, por exemplo. “A principal exigência para conseguir recursos para este tipo de associação é a inscrição na CMAS, mas as exigências são praticamente impossíveis de nos adequar. Pedem assistente social, psicóloga e coisas a quem da nossa realidade. Tirando as despesas, cada um dos 13 trabalhadores conseguem um salário mínimo. Estão bastante felizes com o resultado, mas ainda é pouco perto do que fazem”, disse Maria José.


 O presidente da Câmara André Pessuto fez questão de elogiar o trabalho da Associação após o discurso da mãe, que esteve acompanhada pela presidente da ACARF, Maria Aparecida Farncisco. “Se não fosse a ACARF a contribuição que pagamos pela coleta seria bem maior. A ACARF faz gratuitamente este serviço para nossa população. É uma associação séria e respeitada, por isso esta Casa está à disposição caso precisem de alguma ajuda. Vamos correr atrás e buscar alternativas para melhorar a vida destes catadores de recicláveis que dependem deste trabalho”, destacou Pessuto.


ACARF


 A ACARF foi fundada há 16 anos pelo padre Mário Roberto Rodrigues Faria, que vislumbrou a necessidade de apoiar e organizar os catadores de recicláveis da cidade e deu início ao projeto. Quando foi transferido para outra paróquia, padre Mário passou a responsabilidade do projeto para os próprios membros da associação, que a tocam até hoje. Ao longo destes anos, dezenas de fernandopolenses buscaram ali um recomeço e o sustento de suas famílias. De acordo com a presidente da associação, Maria Aparecida Francisco, além do salário, os fernandopolenses que trabalham na associação recebem uma cesta básica e uma cesta verde. “Fome a gente não passa. Muita gente no Brasil não tem nem um salário e aqui nos temos o salário e mais as cestas. O trabalho é pesado, mas a gente tem é que agradecer a Deus por tê-lo”, contou. A presidente da associação ainda conta com orgulho que criou seus dois filhos com o dinheiro do lixo. “Criei meus dois filhos aqui, uma que hoje está com 23 anos e outro com 18. Agora cada um tem sua vida, mas tudo graças a isso aqui. O pouco com Deus é tudo, sem ele é nada”, completou.

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