RESPOSTA
Universidade relaciona redução de vagas de Medicina pelo MEC a servidor ligado à concorrência
Universidade relaciona redução de vagas de Medicina pelo MEC a servidor ligado à concorrência
Portaria limitando o número de vagas foi publicada na terça-feira; faculdade responde
Portaria limitando o número de vagas foi publicada na terça-feira; faculdade responde
Protesto durou cerca de uma hora e foi acompanhado pela Polícia Militar
Por Gustavo Jesus
A assessoria de imprensa da Universidade Brasil, após contato da nossa reportagem, se manifestou sobre a Portaria do Ministério da Educação que obriga a faculdade diminuir o número de alunos do curso de medicina.
De acordo com o texto, a Portaria é um "ato arbitrário" e que sua publicação foi motivada por um servidor público que sabidamente é ligado à concorrência". A nota também diz que a universidade "comprovará que atende plenamente os requisitos necessários ao pleiteado aumento do número de vagas da Faculdade de Medicina" e que está cooperando com as investigações do Ministério Público.
Na terça-feira, 19, a Universidade Brasil foi notificada pelo Ministério da Educação para que reduza o número de vagas no curso de medicina das atuais 205 para 128 por ano. A faculdade tem até a sexta-feira, 29, para apresentar recurso.
O texto arquiva o processo do pedido de aumento de vagas que a faculdade pleiteava e anula a Portaria nº 1222, de 28 de novembro de 2017, que havia permitido que o curso de medicina passasse das 128 para as 205 vagas anuais. A medida do Ministério da Educação está diretamente ligada às fraudes descobertas pela Operação Vagatomia.
Confira a resposta da Universidade Brasil na íntegra
Com relação à Portaria 540/2019 da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, do Ministério da Educação, a Universidade Brasil esclarece que trata-se de um ato administrativo arbitrário cometido por um servidor público que sabidamente é ligado à concorrência. E revela perseguição a esta conceituada Universidade.
Por meio de recursos administrativos e judiciais, a Universidade Brasil demonstrará a regularidade da Faculdade de Medicina de Fernandópolis. E comprovará que atende plenamente os requisitos necessários ao pleiteado aumento do número de vagas da Faculdade de Medicina. Esta faculdade tem nota 4 do MEC e há tempos fez requerimento para ser classificada com nota 5, mas tal requerimento não foi adiante por razões nunca esclarecidas. De 2016 para cá fez pesados investimentos em equipamentos para treinamento e formação dos futuros médicos.
Esclarece, ainda, que vem colaborando com as autoridade competentes na apuração de eventuais irregularidades que possam ter ocorrido e que todas as matrículas dos alunos estão sendo revisadas. Assim, caso alguma irregularidade seja detectada, será comunicada aos órgãos competentes.
Atenciosamente.
Vagas ilegais passavam de 1,3 mil
O articulista Beto Iquegami, na coluna Entre Linhas da edição de O Extra.net do dia 19 de outubro deste ano, trouxe a informação que a Universidade Brasil trabalhava com um grande excedente de matriculados. Havia 1.370 alunos a mais que o limite autorizado pelo MEC que até então era de 1.230 acadêmicos (205 por turma, multiplicado pelos seis anos de curso).
Comércio local deve sentir no bolso
Com mais um corte, desta vez de vagas que foram permitidas pelo Ministério, o volume de alunos no curso de medicina da Universidade Brasil, importante fonte de renda para o comércio local, pode ser ainda menor. Caso as ações do MEC e do Ministério Público Federal se concretizem, em médio prazo o curso de medicina pode passar dos atuais 2,6 mil alunos para 768 (corte das 1.370 vagas excedentes mais as 77 vagas anuais cortadas pelo MEC nesta semana).
Numa conta simples, mantendo a média de gasto por estudante, a movimentação financeira proporcionada pelos estudantes de medicina na cidade pode ser afetada em até 70%, o que impactaria diretamente diversos ramos como o aluguel de imóveis, restaurantes e postos de combustível.
Alunos do curso de medicina realizam protesto reivindicando vagas de internato
Na manhã desta sexta-feira, 22, os alunos do curso de medicina realizaram um protesto, em frente ao acesso do campus da Universidade Brasil em Fernandópolis. Os alunos cobraram da faculdade respostas sobre o internato - estágio curricular obrigatório de treinamento que estudantes de medicina devem cumprir -, que deveria começar no dia 6 de janeiro. De acordo com manifestantes presentes no local, a universidade ainda não se manifestou sobre a sua realização.
Os acadêmicos temem que, por falta de pagamentos que deveriam ser destinados aos hospitais, eles sejam proibidos de frequentar o estágio obrigatório. Situação semelhante teria sido verificada nas cidades de Sorocaba e Votorantim.
A Polícia Militar esteve no local para evitar o bloqueio do trânsito. Os manifestantes ficaram na frente da universidade por cerca de uma hora, com cartazes e a entoação de gritos de protesto.