ACUSAÇÃO

Universidade acusa delegado da PF de manobras ilegais na Operação Vagatomia

Universidade acusa delegado da PF de manobras ilegais na Operação Vagatomia

Apontamentos constam em representação enviada para a Superintendência da PF

Apontamentos constam em representação enviada para a Superintendência da PF

Publicada há 4 anos

Cristiano Pádua da Silva é delegado da Polícia Federal em Jales

Gustavo Jesus

A Universidade Brasil ingressou, através do advogado Adib Abdouni, com uma representação na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, contra o delegado Cristiano Pádua da Silva, de Jales, responsável pelas investigações que levaram à deflagração da Operação Vagatomia, que investiga a compra de vagas e fraudes no FIES no curso de Medicina da universidade em Fernandópolis.

De acordo com a representação, o delegado federal cooptou funcionários do campus Fernandópolis da Universidade Brasil para se infiltrar ilegalmente, sem prévia autorização judicial e “movido por interesses privados, na instituição de ensino".

Na representação, Abib alega que o delegado não poderia, por lei, conduzir as investigações contra a universidade, já que ele era funcionário da mesma. Cristiano foi contratado pela instituição como professor do curso de Direito no dia 19 de fevereiro, 11 dias após o início das investigações.

"Ele nem pode alegar que atuava como infiltrado porque não tinha autorização judicial para tanto", diz Adib Abdouni. "Ele cooptou a delatora premiada Juliana da Costa, que fraudava editais para a indevida aprovação de alunos e obtenção de financiamentos pelo FIES,  o ex-vice-presidente Décio Correia Lima, que foi poupado pelo delegado, furtara equipamentos e informações do Ensino à Distância”, acrescenta.

Juliana foi a responsável por viabilizar a contratação do delegado. Na época ela ocupava o cargo de diretora de Graduação da instituição, antes de figurar como delatora nas investigações da PF na chamada Operação Vagatomia. A contratação foi endossada por Ericson Dias Melo - à época pró-reitor de Graduação e Extensão -, e Amauri Piratininga Silva - então diretor do campus  -, escrevente judiciário na 1ª Vara Estadual de Fernandópolis.

Segundo o advogado, que no final de outubro assumiu o cargo de reitor da Universidade Brasil, o delegado Cristiano Pádua da Silva, em busca dos holofotes da mídia, desencadeou em setembro a Operação Vagatomia, com base no inquérito iniciado em fevereiro. Mas, nas investigações, isentou suspeitos como Juliana da Costa, "agindo como um verdadeiro juiz".

Na representação, Adib Abdouni indica que o delegado adulterou o conteúdo de depoimentos incluídos no inquérito para isentar suspeitos. Ainda de acordo com o documento, Cristiano tentou indicar um nome da sua confiança para substituir o antigo reitor, o que foi rechaçado pelo juiz da 1ª Vara Federal de Jales.

A operação resultou na prisão “precipitada e arbitrária”, segundo Abdouni, do então reitor e de seu filho, que negam as irregularidades. Na representação perante a Superintendência da PF o advogado afirma estranhar, ainda, que dois funcionários que participaram do esquema de fraudes - Washington Fernandes Pereira e Denise Tank -, não tenham sido investigados pela PF.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal em Jales e não obteve resposta até o fechamento desta edição.

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