RETALIAÇÃO
Irã ataca bases usadas pelos EUA no Iraque
Irã ataca bases usadas pelos EUA no Iraque
Analistas afirmam que uma ofensiva com mísseis balísticos representa uma escalada grave na crise
Analistas afirmam que uma ofensiva com mísseis balísticos representa uma escalada grave na crise
Da Redação
Duas bases usadas pelas tropas americanas no Iraque, foram atacadas ontem por mísseis balísticos disparados pelo Irã. O Exército dos EUA confirmou que pelo menos seis atingiram as instalações militares - mas não deu detalhes sobre vítimas. Donald Trump foi imediatamente informado e a Casa Branca disse que o presidente estava "monitorando a situação". Em comunicado, a Guarda Revolucionária do Irã assumiu a autoria do ataque.
"Os bravos soldados da unidade aérea da Guarda Revolucionária do Irã lançaram com sucesso um ataque com dezenas de mísseis balísticos contra a base militar de Ain al-Assad em nome do mártir general Qassim Suleimani", diz a mensagem. A TV estatal iraniana confirmou que os disparos foram feitos pelo Irã.
Em comunicado, o Pentágono disse que "mais de uma dúzia de mísseis balísticos haviam sido disparados contra duas bases usadas pelos EUA no Iraque" - a localização da segunda instalação não foi divulgada.
Analistas afirmam que uma ofensiva com mísseis balísticos representa uma escalada grave na crise. Os artefatos teriam um poder de destruição muito maior do que foguetes leves. Imediatamente, os mercados reagiram. O preço do petróleo disparou. O tipo WTI, negociado em Nova York, subiu 4,27% na primeira hora após a notícia do ataque, chegando a US$ 65,38.
Alvos escolhidos. Antes do ataque às bases, a agência de notícias iraniana Tasnim havia informado que as forças militares do Irã estavam preparadas para usar mísseis de médio e longo alcances para atacar bases americanas no Oriente Médio. O governo em Teerã teria "13 cenários" possíveis para responder à morte de Suleimani, assassinado na semana passada em um ataque com drone ordenado pelos EUA.
Segundo Ali Shamkhani, secretário do Conselho de Segurança Nacional do Irã, mesmo as opções "mais limitadas" seriam um "pesadelo histórico" para os EUA, informou a agência. "As 27 bases americanas mais próximas da fronteira do Irã já estão em alerta. Eles sabem que é provável que a resposta inclua mísseis de médio e longo alcances", afirmou Shamkhani. "Eu posso apenas prometer que a vingança não deverá acontecer em apenas uma operação."
As bases dos EUA no Kuwait, Iraque, Jordânia e Arábia Saudita já estão em vigilância máxima. Nas próximas 48 horas, Irã e milícias pró-iranianas do Iraque farão uma reunião para decidir qual será a estratégia adotada contra os EUA.
Ontem, durante o funeral de Suleimani, o general Hossein Salami, seu substituto à frente da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária, afirmou que o Exército iraniano incendiaria os lugares que os americanos amam. "Vamos nos vingar. Vamos incendiar os lugares que eles (os EUA) mais apreciam", disse Salami. "Será uma vingança dura, forte, decisiva e final, que fará com que eles se arrependam."
Outros militares iranianos também discursaram ontem durante a cerimônia fúnebre de Suleimani - antes dos ataques às bases no Iraque - e garantiram que os mísseis do Irã podem atingir qualquer alvo dos EUA que esteja a até 5 mil quilômetros.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamed Javad Zarif, afirmou ontem que a resposta iraniana aos EUA seria "proporcional" ao ataque sofrido pelo país. "Este (a morte de Suleimani) é um ato de agressão contra o Irã, um ataque armado, e nós responderemos. Mas responderemos proporcionalmente e não desproporcionalmente. Não somos sem lei, como o presidente (dos EUA, Donald) Trump", disse Zarif.
O secretario de Defesa dos EUA, Mark Esper, declarou ontem que o governo americano não quer uma guerra com o Irã. "Não queremos começar uma guerra, mas estamos preparados para acabar uma", disse Esper, em entrevista à rede de TV CNN. Esper confirmou que entrou em contato com o governo do Iraque para saber mais detalhes do ataque iraniano de ontem.