LAR MAIS SEGURO

Região recebe projeto piloto da PM contra violência doméstica

Região recebe projeto piloto da PM contra violência doméstica

O objetivo é levar à comunidade mais informações sobre como prevenir a violência doméstica

O objetivo é levar à comunidade mais informações sobre como prevenir a violência doméstica

Publicada há 4 anos

Da Redação

O Comando de Policiamento do Interior 5 (CPI-5), que abrange 96 municípios da região de Rio Preto, vai receber um projeto piloto da Polícia Militar para prevenção e combate à violência doméstica, sexual e ao feminicídio.

O ‘Lar mais Seguro’ envolve a capacitação de policiais militares de todas as cidades da região que fazem parte do CPI-5. A região é a primeira no interior a receber o projeto, que já está em fase de implantação na capital paulista e também em Osasco.

O objetivo é levar à comunidade mais informações sobre como prevenir a violência doméstica, principalmente contra as mulheres, além de orientar as vítimas em relação aos serviços médico, psicológico e jurídico, entre outros. Os policiais militares também serão treinados em protocolo de atendimento específico e mais humanizados às vítimas no registro das ocorrências.

De acordo com a tenente da Polícia Militar Amália Paci, o projeto vem para pôr fim a uma cultura antiga, de a mulher achar ‘comum’ a agressão vinda do homem.

“Muitas vezes, o homem acaba agredindo a companheira, porque viu o pai fazer isso, achando que é normal, já que a mãe dele não o denunciou. É algo histórico-cultural”, frisou.

Para Amália, o ‘Lar mais Seguro’ pretende dar mais voz e confiança para as vítimas de violência doméstica a denunciar o agressor. “Quem costuma chegar primeiro em uma ocorrência é a Polícia Militar e quem aciona a equipe pelo 190 é a vítima, que costuma ser mulher. Quando o efetivo chega no local, ela costuma não prestar queixa e é esse cenário que queremos mudar”, explicou.

A região de Rio Preto foi a primeira no interior a sediar esse projeto devido o número de municípios e a colaboração com outros órgãos públicos e privados.

“Nossa região é maior do que comparado com outros comandos de policiamento e, além disso, temos uma boa parceria com a Polícia Civil, com órgãos de defesa da mulher. Então, é uma grande responsabilidade e honra receber o projeto”, disse Amália.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), o número de feminicídios no Estado de São Paulo bateu número recorde em 2019, com 154 registros. No ano anterior, foram 134 casos.

Em Rio Preto, o número de feminicídios caiu se comparado um ano com o outro. Em 2018, foram 10 casos. Já no ano passado, cinco mulheres foram assassinadas.

A tenente acredita que não houve um aumento nesse número de casos, mas sim denúncia e rigor nas leis. “A mulher está criando coragem para denunciar e, desde que entrou em vigor a qualificação por feminicídio, os crimes contra as mulheres começaram a aparecer, mas isso sempre esteve presente na nossa sociedade”, ressaltou.

A capacitação dos policiais para o projeto ‘Lar mais Seguro’ começa na próxima terça-feira (28), após a cerimônia de lançamento que acontece no Auditório do 17º Batalhão de Polícia Militar do Interior.

“Nossa expectativa é que em seis meses, todo o efetivo da região que abrange o CPI-5 esteja capacitado para atender as ocorrências. Queremos criar uma patrulha especifica para dar suporte a essas mulheres que são vítimas de violência, que possuem medida protetiva”, salientou Amália.
A auxiliar de serviços gerais, de 31 anos, que preferiu não ser identificada, teve um relacionamento abusivo de um ano e meio. Depois desse período, ela denunciou o ex-companheiro e tem uma medida protetiva contra ele.
“Eu decidi denunciar depois de ter sido agredida várias vezes. Eu já havia perdoado uma, duas, três vezes. Nem sei quantas oportunidades cheguei a dar na esperança que ele fosse mudar. Um dia, eu me cansei e decidir denunciá-lo”, relembrou a mulher.

A vítima assume que ainda tem receio que o agressor possa aparecer, mesmo tendo a medida protetiva expedida contra ele. “A gente nunca sabe o que pode acontecer. Bom, eu achava que eu não passaria por isso e não fosse precisar dessa medida, mas o medo e o receio ainda são bem fortes”, finalizou.


Fonte: DHoje Interior

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