O que todos no mundo anseiam nesse momento? Qual o grande desejo da humanidade, atualmente? O que as pessoas esperam da inteligência e da criatividade humana?
Não é difícil adivinhar! Poucas vezes na história da humanidade se desejou tanto a descoberta de uma vacina e de um medicamento eficaz contra uma doença como essa chamada de COVID-19 ou doença do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Sabemos que uma descoberta dessa importância demanda tempo. Quanto? Apenas há estimativas, ninguém arrisca um tempo específico. Mas todos têm uma certeza: ela virá pelas mãos dela e somente dela. Ela virá pelas mãos da CIÊNCIA.
A humanidade já vivenciou outras pandemias, epidemias ou surtos epidêmicos devastadores e foi a Ciência, ao longo dos tempos, que nos socorreu.
Houve um tempo em que contrair algumas doenças causadas por bactérias era quase uma sentença de morte. Hanseníase (antes chamada de lepra – deve-se evitar este termo por ser pejorativo), tuberculose (um terror ao longo de boa parte da história da humanidade), peste negra (exterminou um terço da população europeia na Idade Média), por exemplo, não tinham medicamentos eficazes para o seu combate e, por isso, foram responsáveis pela morte de milhões de pessoas.
Até que em 1928, o pesquisador, médico, biólogo, botânico, microbiologista e farmacêutico escocês ALEXANDER FLEMING descobriu em suas pesquisas, por acaso, o primeiro antibiótico que se tem notícia: a penicilina (antibióticos são utilizados no tratamento de doenças causadas por bactérias).
Fleming, junto com outros pesquisadores como Howard Walter Florey e Ernest Boris Chain, foram os responsáveis por transformar a penicilina no primeiro medicamento antibiótico a ser utilizado em massa pela população algum tempo depois de sua descoberta. De repente, uma série de doenças, que ceifava milhares de vidas todos os anos, passou a ter cura. Foi uma revolução na Medicina, tanto que, merecidamente, aqueles pesquisadores foram laureados com o Prêmio Nobel de Medicina em 1945. Uma bela história da Ciência!
Imagine uma doença que se não matasse, causava paralisia nas pernas, principalmente em crianças. Essa doença foi chamada de poliomielite e ficou conhecida popularmente como paralisia infantil. Até o ano de 1955 não tinha vacina, quando então um médico, virologista e epidemiologista estadunidense chamado JONAS EDWARD SALK desenvolveu a primeira vacina contra esse mal (conhecida como vacina Salk), salvando milhares de pessoas em todo o mundo.
Além disso, Salk foi protagonista de um belo gesto humanitário relacionado com a sua grande criação. Quando perguntado se iria patentear a vacina, assim ele respondeu: “A QUEM PERTENCE A MINHA VACINA? AO POVO! VOCÊ PODE PATENTEAR O SOL?”. Salk abriu mão da patente da vacina para facilitar a sua produção.
Ele trabalhou duro em suas pesquisas para chegar a esse triunfo. Alguns biógrafos afirmaram que Salk trabalhou “16 horas por dia e sete dias por semana durante anos” até desenvolver a primeira vacina contra a paralisia infantil.
Essa dedicação extrema de Jonas Salk me fez lembrar uma frase: “UM CIENTISTA, QUE TAMBÉM É UM SER HUMANO, NÃO DEVE DESCANSAR ENQUANTO O CONHECIMENTO QUE PODE REDUZIR O SOFRIMENTO REPOUSA EM UMA ESTANTE”.
Essa frase foi proferida por outro grande cientista que ajudou a reduzir o sofrimento humano: o médico polonês ALBERT BRUCE SABIN. Como muitos sabem, ele inventou a vacina oral (a famosa “gotinha”) que também previne a paralisia infantil (cabe destacar que, atualmente, há uma determinação do Ministério da Saúde em substituir gradualmente a vacina oral de Sabin pela injetável de Salk, pois a chance dessa última gerar efeitos adversos sérios é nula e a de Sabin, embora seja raríssimo, existe).
A verdade é que a vacina de Sabin praticamente eliminou a poliomielite no mundo (exceto em alguns países na África e na Ásia). O Brasil recebeu o certificado de erradicação dessa doença em 1994.
Como fez Jonas Salk, Albert Sabin também renunciou aos direitos de patente da vacina que criou cedendo-os à Organização Mundial da Saúde (OMS), permitindo assim que crianças do mundo todo fossem vacinadas.
Uma curiosidade: Sabin foi casado com uma brasileira, Heloisa Dunshee de Abranches, e esteve várias vezes no Brasil ajudando a combater a paralisia infantil. Por seus feitos, ganhou do governo brasileiro, em 1967, a Grã-Cruz do Mérito Nacional.
Ao longo da história, outras vacinas foram desenvolvidas para prevenir importantes enfermidades que fizeram milhões de vítimas no passado, como a da varíola (desenvolvida pelo naturalista e médico britânico Edward Jenner), a da catapora (desenvolvida, em 1974, por cientistas japoneses como Takahashi e colaboradores) e a do sarampo (desenvolvida pelo médico estadunidense Maurice Hilleman, em 1963, e que também previne a caxumba e a rubéola, por isso é chamada de tríplice viral). Algumas dessas doenças foram trazidas à América por colonizadores europeus e dizimaram milhões de indígenas, inclusive no Brasil.
Cabe destacar que Maurice Hilleman desenvolveu mais de 40 vacinas ao longo de sua carreira de pesquisador (número incomparável) e é considerado por cientistas de prestígio, como Robert Gallo (um dos descobridores do vírus da AIDS), como o médico que mais salvou vidas no mundo durante o século 20.
Espero que os pesquisadores, que estão trabalhando para desenvolver uma vacina e um medicamento eficaz contra o novo coronavírus, sejam imbuídos do espírito de tenacidade de Fleming, Salk, Sabin, Jenner, Takahashi, Hilleman e muitos outros cientistas que socorreram a humanidade em momentos difíceis como esse que vivenciamos atualmente.
Também espero que as pesquisas científicas sejam mais valorizadas em nosso país depois dessa amarga experiência da COVID-19, pois será, mais uma vez, pelas mãos da Ciência que virá a grande solução para esse grave problema de saúde pública.
Até lá, vamos fazer a nossa parte ficando em casa quem pode (sair de casa somente em casos de necessidade), mantendo o distanciamento social, adotando as regras de higiene pessoal (utilização de álcool em gel nas mãos, limpeza das mãos com água e sabão e uso correto de máscaras), prestigiando o comércio local (adquirindo os seus produtos e os seus serviços), respeitando e valorizando o trabalho dos profissionais de saúde e não espalhando “fake news” (notícias falsas) sobre essa pandemia na internet.