Zilda Arns: a história de uma vida

Zilda Arns: a história de uma vida

Médica criou a Pastoral da Criança e faleceu em 2010 no Haiti

Médica criou a Pastoral da Criança e faleceu em 2010 no Haiti

Publicada há 4 anos


MINUTINHO

Desculpa sempre

Por: Emmanuel / Chico Xavier

“Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celestial vos perdoará.” — Jesus  (Mateus, 6.14). 

Por mais graves te pareçam as faltas do próximo, não te detenhas na reprovação. Condenar é cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.

Procura nas vítimas da maldade algum bem com que possas só erguê-las, assim como a vida opera o milagre do merecimento nas árvores aparentemente mortas. Antes de tudo, lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas em experiências que divergem da nossa.

Como refletir, apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a realidade, usando um coração que não nos pertence?

Se o mundo, hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera…

A observação justa é impraticável quando a neblina nos cerca. Amanhã, quando o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente clareza para que a sombra te não altere o entendimento.

Além disso, nos problemas de crítica, não te suponhas isento dela.

Através da nociva complacência para contigo mesmo, não percebes quantas vezes te mostras menos simpático aos semelhantes!

Se há quem nos ame as qualidades louváveis, há quem nos destaque as cicatrizes e os defeitos.

Se há quem ajude, exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos perturbe, constrangendo-nos à revisão do passado escuro.

Usa, pois, a bondade e desculpa incessantemente. Ensina-nos a Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados. 

Quem perdoa, esquecendo o mal e avivando o bem, recebe do Pai Celestial, na simpatia e na cooperação do próximo, o alvará da libertação de si mesmo, habilitando-se a sublimes renovações. 


CRÔNICA

Um bem sagrado

Por: Meu Sonho Não Tem Fim

Zilda Arns Neumann foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Décimo terceiro filho do casal brasileiro de origem alemã, Gabriel Arns e Helene Steiner, Zilda Arns nasceu no dia 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha, Santa Catarina. Em 1953, começou a estudar medicina na Universidade Federal do Paraná. Desta época, ela dizia que “um professor a reprovou no primeiro ano, mesmo ela sendo sempre uma das melhores alunas da sala. O professor dizia que era um absurdo uma mulher cursar medicina. Virei pediatra, justo a matéria dele”.

 No mesmo ano em que entrou na faculdade, começou a cuidar de crianças menores de um ano. Na época, Zilda se impressionou com a grande quantidade de vítimas internadas com doenças de fácil prevenção, como diarreia e desidratação.

 Com o passar dos anos, ela aprofundou seus conhecimentos em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres.

 Em 1983, a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criou a Pastoral da Criança juntamente com o presidente dom Geraldo Majella e deu início à experiência de seu projeto inovador, a partir de um projeto-piloto em Florestópolis, no Estado do Paraná. Após vinte e cinco anos, a Pastoral acompanhou mais de dois milhões de crianças menores de seis anos e um milhão e meio de famílias pobres em mais de quatro mil municípios brasileiros. Neste período, mais de 260 mil voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando condições para que elas se tornem protagonistas de sua própria transformação social.

 No inicio de 2010, Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe, Haiti, em missão humanitária para introduzir a Pastoral da Criança no país, quando no dia 12 de janeiro o país foi atingido por um violento terremoto. A Dra. Zilda foi uma das vítimas fatais da catástrofe. Naquele momento, ela discursava para cerca de quinze religiosos de Cuba, quando as paredes da igreja desabaram, a médica estava no último parágrafo do discurso, que não chegou a terminar, e em que falava da importância de cuidar das crianças “como um bem sagrado”, promovendo o respeito a seus direitos e protegendo-os, “tal como os pássaros cuidam de seus filhos”.


"O que afoga alguém não é o mergulho, mas o fato de permanecer debaixo d´água”.

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