ARTIGO

A Bíblia nos 60 Anos da Diocese de Jales

A Bíblia nos 60 Anos da Diocese de Jales

Por Pe. Dr. Telmo José Amaral de Figueiredo

Por Pe. Dr. Telmo José Amaral de Figueiredo

Publicada há 4 anos

Quando nossa diocese foi criada, em 12 de dezembro de 1959, pelo Papa João XXIII, era anunciada a convocação do Concílio Vaticano II, a mais importante assembleia de bispos católicos de todo o mundo. Esse Concílio renovou e deu início a uma nova fase da história da Igreja Católica.

    Portanto, nossa diocese já nasceu envolta nesse clima de renovação, criatividade e desafios lançados pelo Concílio Vaticano II. E uma das principais recomendações dessa grande assembleia de bispos foi: «É preciso que os fiéis tenham acesso patente à Sagrada Escritura» (Dei Verbum, n. 22). O Concílio reconhece que «nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual» (Dei Verbum, n. 21). 

    Desde o início, nossa diocese notabilizou-se por aplicar essas recomendações conciliares. Primeiramente, formando animadores de Culto Dominical para bem anunciarem a Palavra de Deus em suas comunidades, sobretudo, rurais, onde era escassa a presença de padres nas décadas de 1960 e 1970. Nesse sentido, é deveroso recordar-nos do padre José Jansen e seu programa na Rádio Assunção de Jales: «Amanhã é Domingo». Em segundo lugar, quando as cidades foram crescendo e as periferias se expandindo, freiras europeias (Irmãzinhas da Assunção) que atuavam em nossas terras, iniciaram um estilo novo de evangelização, ou seja, os Círculos Bíblicos para grupos populares. Desses encontros de estudos bíblicos surgiram as Comunidades Eclesiais de Base, Grupo de Apoio às Empregadas Domésticas (GAED), Comunidades das Famílias de São Pedro (COFASP), desfavelamento do bairro Santo Antônio, em Fernandópolis, entre outras iniciativas.

    Merece destaque, também, a criação da Escola Diocesana de Animadores de Comunidade (1985), em atividade até hoje, que tem na Bíblia uma das principais fontes de estudo e reflexão. A Pastoral Catequética de nossa diocese, através de cursos, retiros, encontros e da produção de nossos próprios roteiros catequéticos impressos dá uma imensa contribuição para a formação bíblica de nossas crianças, adolescentes e adultos. 

    Nesses tempos e pandemia da Covid-19, a criatividade de nossos padres tem promovido a realização de vários programas de reflexão bíblica, que são divulgados pelos perfis de Facebook, canais no YouTube e outros aplicativos de nossas comunidades paroquiais.

    É importante frisar que a leitura, meditação, oração e estudo das Sagradas Escrituras é algo fundamental para a vida da Igreja! Por isso, Papa Bento XVI convidou-nos a colocar a Palavra de Deus no centro da vida da Igreja e solicitou-nos uma «animação bíblica da pastoral inteira» (Verbum Domini, 73). O Papa esclarece o que isso significa: «Não se trata simplesmente de acrescentar qualquer encontro na paróquia ou na diocese, mas de verificar que, nas atividades habituais das comunidades cristãs, nas paróquias, nas associações e nos movimentos, se tenha realmente a peito o encontro pessoal com Cristo que Se comunica a nós na sua Palavra» (Idem).

    O Papa Francisco também nos deixou isso claro, quando afirmou: «A Sagrada Escritura é fonte da evangelização» (Evangelii Gaudium, 174). Em seguida, ele nos indicou o caminho para que isso aconteça: «A evangelização requer a familiaridade com a Palavra de Deus, e isto exige que as dioceses, paróquias e todos os grupos católicos proponham um estudo sério e perseverante da Bíblia e promovam igualmente a sua leitura orante pessoal e comunitária» (Ibid., 175). Papa Francisco, em 26 de abril de 2019, disse aos participantes de um Congresso Internacional promovido pela Federação Bíblica Católica: «a Bíblia não é uma bela coletânea de livros sagrados a estudar, é Palavra de vida a semear».

Em 2020 estamos comemorando os 1600 anos do aniversário de morte de São Jerônimo (c. 347 – 420) o grande tradutor da Bíblia, que soube traduzir as Escrituras em linguagem cotidiana e “comum” do povo simples, tornando a Palavra de Deus acessível a todos. Seu zelo para fazer com que as Escrituras fossem acessíveis ao povo nasce de sua convicção de que a “ignorantia Scriptorum ignorantia Christus est” (trad. livre: ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo).

É tempo de semear a Palavra de Deus em todos os ambientes, em todos os corações, em todas as circunstâncias. Essa é a missão de todos os cristãos!

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