REGIÃO

Produtores de látex da região se reinventam durante a pandemia

Produtores de látex da região se reinventam durante a pandemia

Responsáveis pelos seringais precisam aceitar condições adversas para manter o mercado

Responsáveis pelos seringais precisam aceitar condições adversas para manter o mercado

Publicada há 4 anos

Produtores de látex do noroeste paulista se reinventam durante a pandemia — Foto: Reprodução/TV TEM

Da Redação

A região noroeste paulista é responsável por 64% da produção nacional de látex. Com a pandemia, produtores rurais precisaram se adequar armazenando material ou negociando pagamento de contratos.

Com o clima favorável, os seringais estão com a produção acima do normal, como é o caso de uma propriedade em Cedral.

"Esse setor meu aqui é um seringal com 14 anos. Tem muitas árvores que você faz o corte e a caneca de dois litros enche. No outro corte já tem que virar essa borracha na caneca, tem que trocar a caneca, mas está muito boa [a safra] em geral", afirma o produtor rural Davi Zuim Junior.

A expectativa é de que a safra 2019/2020 chegue a 190 mil toneladas de borracha seca no Brasil. Destas, 118 mil devem ser produzidas na região noroeste paulista, um aumento de 5% em relação ao ano anterior.

A inclusão de áreas produtoras é um dos fatores que contribuíram para o crescimento. Além disso, o clima se tornou determinante para a produtividade.

"Tivemos um regime de chuvas muito bom e também uma amenização na temperatura. Quando tem essa diminuição na temperatura, a planta tem um maior fluxo de látex e isso acarreta em uma maior produtividade", explica a engenheira agrônoma Leticia Quirino.

Apesar do rendimento, o produtor enfrenta dificuldades. As usinas de beneficiamento compram uma quantidade menor e pedem prazos maiores para pagamentos de contratos.

A indústria pneumática, principal destino da borracha, foi impactada diretamente pela crise provocada pelo novo coronavírus, como explica Diogo Esperante, diretor executivo da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor).

"A pandemia trouxe um desafio para o produtor de borracha natural, que ele não estava acostumado, que era ter dificuldades de vender a sua produção. Tradicionalmente, o setor de borracha natural é um setor que sempre teve muita facilidade, muita liquidez, facilidade de comercializar os produtores em grandes medidas disputados pelas usinas", conta.

"E, mais recentemente, trouxe inclusive a uma situação de estocagem da borracha nessas usinas e também no campo. Isso é uma coisa que o produtor não está acostumado, muitas vezes não tem habilidade e nem conhecimento para fazer, como estocar adequadamente a produção na propriedade para, eventualmente, vendê-la em um momento que melhore a condição de liquidez do mercado", complementa Diogo.

Produtores rurais optam pela venda sem previsão de pagamento ao invés do armazenamento da borracha — Foto: Reprodução/ TV TEM
Produtores rurais optam pela venda sem previsão de pagamento ao invés do armazenamento da borracha — Foto: Reprodução/ TV TEM

Grande parte dos produtores opta pela venda sem previsão de pagamento, uma vez que as beneficiadoras têm maior capacidade de estocagem e armazenam o material para negociar com a indústria de acordo com a demanda.

"Eu acredito que, mesmo que eu receba em um prazo mais longo até o final do ano, pode se dizer que eu vou começar a próxima safra em setembro recebendo ainda borracha do final da safra anterior, coisa que nunca aconteceu, mas é uma crise que nós temos que enfrentar, porque ninguém tem culpa disso", explica Davi.

A crise pode afetar a próxima safra e a tendência é de que o produtor adie a abertura de novas áreas de produção. "É um momento para se utilizar de estratégias e de distribuir as suas posições para o mercado", aconselha Diogo.


Fonte: G1


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