Mais do que escapar aos reflexos arrasadores da pandemia de Covid-19 sobre a atividade econômica global, o agronegócio brasileiro consegue a proeza de avançar em meio a uma das piores crises da humanidade. Com exceções pontuais, como a queda do consumo de etanol, a maioria dos indicadores apontam para o crescimento da produção e para a ampliação dos mercados.
As notícias vão no mesmo sentido. Uma delas é estudo apresentado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) de que acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Canadá pode aumentar em US$ 7,8 bilhões a receita das exportações brasileiras de produtos agropecuários. Para se ter ideia do incremento, o comércio do setor com o Canadá registrou movimentação de US$ 628,7 milhões em 2019.
Mais do que valores, no entanto, um acordo com o Canadá ajudará a abrir as portas de outros países para os produtos saídos do nosso campo e, por tabela, na ascensão do Brasil como maior potência agrícola do mundo.
E podemos chegar ao honroso posto, de forma sustentável, mantendo de pé nossa principal floresta, ao contrário de nossos concorrentes diretos: os Estados Unidos e os países mais desenvolvidos da União Europeia, que não contam com uma "Amazônia".
Neste aspecto, a agricultura brasileira também oferece outro exemplo ao mundo, o biocombustível à base de cana-de-açúcar, uma opção de energia limpa, cada vez mais necessária para se contrapor aos combustíveis fósseis, minimizando a poluição global e as doenças respiratórias que dela decorrem, tão perigosas à saúde, como se comprovou entre os contaminados com o novo coronavírus.
Os investimentos em tecnologia na produção já fazem do Brasil hoje o maior produtor de cana do mundo. Para orgulho dos paulistas, 55% da produção nacional é no Estado. Só neste ano, São Paulo produzirá 14 bilhões de litros de biocombustível e 21,5 milhões toneladas de açúcar (essa diversidade da produção foi fundamental, diga-se de passagem, para que o setor atravessasse a crise atual, que afetou severamente o consumo de etanol).
Além de divisas, a cana-de-açúcar "irriga nossa economia no interior", expressão que pego emprestada do amigo Jacyr Costa Filho, diretor da Divisão Brasil do Grupo Tereos e membro do Comitê Executivo global do grupo e presidente do Cosag – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp –, executivo atuante e um dos principais representantes da classe. A produção de açúcar e etanol proporciona nada menos do que 850 mil empregos diretos e indiretos.
Também merece destaque a tecnologia do setor, que permite o aproveitamento até do bagaço da cana – do qual é possível extrair energia e fazer também ração para o gado.
O investimento em pesquisa e tecnologia, com participação decisiva da Embrapa, também permitiu que o Brasil se tornasse um dos principais produtores de grãos do planeta. Uma informação que resume a potência do setor é que nem a pandemia foi capaz de conter novo recorde de produção. A safra de 2019/2020 deve chegar a cerca de 250 milhões de toneladas.
Vale ressaltar, por fim, que em nenhum momento deste difícil período que atravessamos a população sofreu com desabastecimento de alimentos, o que teria tornado a crise ainda mais aguda. O fato é mais uma prova da capacidade e da eficiência que o Brasil alcançou e que, com certeza, têm tudo para levar o País ao merecido posto de principal potência agrícola do planeta. Como parlamentar, não medimos esforços para a formulação e apoio de políticas públicas que encurtem o caminho para o produtor rural brasileiro subir ao topo do pódio o mais rápido possível.
Itamar Borges é deputado estadual e presidente da SP-Agro (Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo)