Da Redação
Um estudo do Centro de Controle de Doenças Americano (CDC) aponta que nove em cada dez infectados pela Covid-19 ainda sentem reflexos da contaminação. O trabalho é confirmado por relatos de pelo menos cinco médicos paulistas, que tratam pessoas que contraíram o coronavírus. Eles apontam a ida ao consultório de pacientes que tiveram a doença e permanecem com sintomas como fadiga, dores no corpo, perturbação visual e perda de olfato e do paladar por até três meses.
"Ainda tenho uma fraqueza, o corpo parece que está travado", conta o marceneiro João Soares Pereira, de 54 anos, que teve a doença em maio e ficou 25 dias no hospital, 12 deles entubado, em Ribeirão Preto. Já com a oxigenação recuperada, ele contou que ainda sente a fadiga.
As queixas foram analisadas por hospitais americanos e citadas em trabalho compilado pelo CDC, organismo do governo americano que acompanha a evolução da pandemia. O CDC mostra que de 292 entrevistados entre 14 a 21 dias após a data do teste que deu positivo, 94% (274) relataram sintomas persistentes. Esse levantamento foi realizado nos EUA, durante o período de 15 de abril a 25 de junho de 2020, com entrevistas por telefone de uma amostra aleatória de adultos acima de 18 anos.
Essa chamada síndrome da fadiga crônica, que tem sido relatada por pacientes convalescentes da covid-19, é uma manifestação encontrada também na recuperação de pessoas que tiveram outras infecções, aponta o infectologista Valdes Roberto Bollelo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. "Isso não é só da covid-19, a dengue tem isso", diz o infectologista.
O paciente fica por uma ou duas semanas "quebrado", com desânimo, embora a doença já tenha passado. "Isso ocorre também com chikungunya, mononucleose, toxoplasmose aguda e outras Sars (coronavírus), que apresentam quadro pós-infeccioso com mialgias e até sintomas neurológicos ou psicológicos", explicou.