Da Redação
A doação de granulócitos – células que auxiliam no combate às infecções e na defesa imunológica, em pacientes que não respondem a outros tratamentos – voltou a ser realizado pelo Hemocentro de Rio Preto depois de oito anos. O procedimento é tão raro que a última vez foi feito em 2012.
“Os granulócitos são utilizados normalmente em pacientes com infecções graves. Não é um tipo de procedimento muito comum, pois essas células são utilizadas em apenas casos de necessidade extrema”, afirmou João Vitor Piccolo, chefe de transplante de medula óssea do Hospital de Base.
Um dos doadores foi o policial militar Heitor Liebana Verjas, de 30 anos. Ele foi contatado pelo Hemocentro, entre o rol de voluntários que já possuem cadastro como doadores de sangue e passou por uma série de exames para detectar a compatibilidade com o perfil do receptor.
Heitor é doador de sangue habitual, desde os 18 anos, e também é cadastrado no banco de dados de medula óssea. Para ele, poder ajudar a salvar a vida de quem ainda não estão com o sistema imunológico restabelecido é o que motiva a doação.
“O que mais me comoveu e fiquei compadecido é que o paciente é de outro estado, fez o transplante há 50 dias e está lutando para viver. Esse componente, o granulócitos, é combatente em nosso organismo, ajuda na autodefesa. Os familiares são de longe e seria difícil para que eles viessem fazer a doação. Então, eu fico feliz em ajudar”.
A doação
O procedimento de doação de granulócitos é simples, embora tenha duração de cerca de 3h30. A coleta é realizada por aférese, requer a punção de uma veia no braço e, de maneira similar à doação de plaquetas, utiliza um circuito descartável e estéril acoplado a um equipamento de aférese.
A supervisora de enfermagem do Hemocentro, Mariana Coltro, explica que após ser avaliado como apto para a doação, o voluntário retorna ao banco de sangue na véspera da doação para receber medicações necessárias para estimular a produção granulócitos
“Mobilizamos os doadores em cima de perfil que está precisando da doação. Os requisitos são basicamente os mesmos de uma doação de plaqueta e de medula óssea, testamos a compatibilidade com paciente, tipagem sanguínea e fator RH. O doador recebe a medicação para estimular a produção de granulócitos, que favorece fator de crescimento celular, de 8 a 12 horas antes da doação, facilitando a captação pelo equipamento”.
Por não ser um hemocomponente que pode ser estocado, a durabilidade dos granulócitos, após a coleta, é mínima. “Com isso, a infusão no paciente receptor é feita in natura, em aproximadamente de 2 a 3 horas após a coleta”, afirma Mariana.
O organismo do doador recupera o granulócitos doado em até 48 horas após o procedimento. “Não há dor, risco ou qualquer efeito colateral. Muitas pessoas esbarram na desconfiança de que pode haver algum problema na doação. É simplesmente a boa vontade de estar ali para fazer a coleta”, conclui Heitor.
Heitor, que é doador de sangue, fez parte do procedimento. Foto - Divulgação