“Não tem preço...”

Certa vez, li num artigo da Psicóloga Rosely Sayão o qual dizia que um presente é muito mais que o produto físico. Ele deve ser considerado algo muito importante de quem o dá. Pois ao se comprá-lo, a pessoa reserva parte do seu dia para escolhê-lo. Arruma-se, vai a lojas, escolhe-o de acordo com a personalidade da pessoa presenteada. 

Pois bem, quando ganhamos um presente que diga muito a nosso respeito, sentimo-nos vistos, importantes, respeitados, validados como indivíduos por quem amamos. É sinal de que aquela pessoa presta atenção em nós. Depois deste texto, comecei a prestar mais atenção aos mimos que ganho e até mesmo analisar meu discurso e a me conhecer melhor. Que imagem estou passando às pessoas?

O que me surpreendeu certa vez foi que a vendedora de uma loja ajudou uma amiga a escolher o presente. Minha amiga indecisa se levaria ou não, com medo de eu não gostar, então a vendedora pergunta: “Como ele é?” Não sei exatamente como minha amiga me descreveu, porque ela deve ter citado características de minha personalidade. A vendedora: “É o Rodrigo?” Fiquei surpreso ao ser notado por uma vendedora. A surpresa foi positiva, claro! Adorei a estátua de africana que até hoje enfeita minha mesinha de canto na sala de minha casa. 

Num segundo momento, fiquei muito feliz, ao ganhar, do dia dos professores, um chinelo com os personagens de minha série favorita. Minha alegria foi tamanha que contagiou a pessoa que me presenteou. Senti-me visto naquele momento! Outros momentos e presentes vieram. Outra amiga me deu uma taça muito estilosa em meu aniversário e de acompanhamento, um vinho. E seguida, um amigo vendo minha felicidade ao ganhar a taça, resolveu me presentear com outra taça - raridade que fora de sua mãe. Senti que estava passando algo positivo às pessoas, pois o verdadeiro valor está na singeleza e não no preço. 

A partir de então, comecei a perceber que todos os dias recebo muitas prendas. Uma aluna foi prestar o ENEM e no domingo à noite mesmo me mandou o print da parte de um texto da prova. O texto é “Sonho de lesma” do escritor Moacyr Scliar. A princípio aquele texto me intrigou, mas numa análise mais atenta, percebi que ela me considera uma pessoa que luta contra a mediocridade, como a lesma da história. Mais uma vez fiquei satisfeito. Recentemente, um amigo me enviou uma foto do pôr-do-sol de sua cidade poque sabe que adoro pôr-do-sol. Existe presente mais valioso? Ser lembrado por pessoas queridas e, mesmo que estão longe,é uma dádiva! 

Várias vezes do meu dia recebo textos, indicações de filmes e postagens das mais variadas: fotos de pratos bem montados, de um lugar bonito visitado porque as pessoas se lembram de mim ao realizar as atividades ou presenciar momentos especiais. Precisamos dar mais atenção a esses nuances do cotidiano para que a vida tenha graça e beleza. O maior presente que podemos receber é estar na memória das pessoas e acompanhá-las em momentos de significativa beleza. 

Rodrigo Daum 

Formado em Letras pela Fundação Educacional de Fernandópolis

Atua como professor de Gramática e de Redação na Escola Em Bom Português

Atua como professor de Gramática para concurso da Polícia - Banca VUNESP

Atua como professor de Gramática e de Redação Ensino Fundamental e Médio na Rede Objetivo - Riolândia e Cardoso