Maradona como técnico do Gimnasia y La Plata durante partida contra o Boca Juniors - Alejandro Pagni-7.mar.20/AFP
Da Redação
Diego Maradona será levado para uma clínica em Olivos, em Buenos Aires, para ser operado por causa de um hematoma no lado esquerdo da cabeça.
As informações foram confirmadas pelo seu médico, o neurocirurgião Leopoldo Luque, em entrevista em La Plata. A cirurgia deve ocorrer ainda nesta terça-feira (3), às 22h.
Apenas horas depois de dizer que seu paciente estava bem, apenas "anêmico e um pouco desidratado", Luque surpreendeu fãs e jornalistas do lado de fora da clínica com a notícia repentina da cirurgia.
O maior ídolo do futebol argentino havia passado mal na segunda-feira (2), em La Plata, onde vive atualmente e dirige o Gimnasia, e foi internado numa clínica local. A informação, então, era de que faria alguns exames de rotina.
Maradona tem um histórico de vício em cocaína, é cardíaco e toma medicação psiquiátrica, às vezes por conta própria.
Ao som de "Ole, Ole, Diego, Diego", fãs rodearam a ambulância que o levaria a Buenos Aires e jornalistas cercaram seu médico. Luque confirmou que ele mesmo operará o ex-jogador.
A detecção do sangramento ocorreu depois da realização de uma tomografia realizada também nesta terça, por volta do meio-dia.
Luque disse que o hematoma poderia ter sido causado por uma queda do banco do Gimnasia, durante um treino, que ocorreu recentemente, ou praticando boxe, um de seus passatempos atuais. Ou, ainda, que poderia ter levado uma bolada na cabeça muito forte há meses e que só agora tivesse se transformado num problema.
"A partir desse traumatismo, gerou-se um derramamento de líquido que foi se acumulando", disse Luque. O médico tentou tranquilizar os fãs e jornalistas, afirmando que era difícil que a operação deixasse sequelas e que era "um procedimento de rotina".
Acrescentou, ainda, que o ex-jogador estava consciente e que lhe foi explicada a situação. "Diego está de acordo com a cirurgia", afirmou. Quando foi questionado por que havia dado informações bem diferentes na manhã desta terça, o médico apenas saiu caminhando rápido e esquivando-se dos repórteres.
Na homenagem que foi feita quando completou 60 anos, na sexta-feira passada (30), Maradona apareceu no estádio do Gimnasia La Plata visivelmente abatido. Mancando e balbuciando, foi amparado até o local onde havia um bolo e lhe entregaram uma placa.
Devido à pandemia do coronavírus, não havia público, e foi feita apenas uma comemoração com fogos de artifício. Maradona havia dito que queria uma festa com seus filhos presentes. Há relatos de pessoas próximas de que ele andava deprimido por conta do isolamento da quarentena.
Seu time, naquele dia, jogou contra a equipe do Patronato, mas Maradona, que não se sentia bem, deixou o campo.
Suas filhas Dalma e Gianinna se manifestaram nas redes sociais, lembrando que há mais de um ano vêm alertando de que Maradona não está bem e que vem sendo "usado" pelas pessoas que o rodeiam.
Gianinna lembrou que, há um ano, havia afirmado que seu pai "não está morrendo porque seu corpo assim o decide e sim o estão matando por dentro sem que ele possa perceber". "Rezem por ele", disse.
Segundo a filha publicou em sua conta no Instagram, o ex-jogador é mantido "sob uso de remédios, só para que se tirem fotos dele".
Já Dalma Maradona foi ainda mais explícita: "Quando minha irmã disse que me pai não estava bem, mandaram um jornalista na casa dela para falar mal dela e a amedrontar. E agora? Bom, não estávamos tão loucas, não é?".