ARTIGO

O comprometimento é o combustível para as organizações

O comprometimento é o combustível para as organizações

Por Pablo Dávalos

Por Pablo Dávalos

Publicada há 3 anos

O panorama industrial de muitos setores ininterruptamente é competitivo e intermitentemente caótico. O mercado de trabalho exige desta maneira, profissionais com atitude e verdadeiro compromisso com as organizações, fatores estes importantes em seus currículos, pois habilidades podem ser ensinadas com treinamentos e desenvolvidas com o tempo caso seja necessário, mas compromisso não.

Gestores habilidosos deixam cientes a todos de sua equipe, a maneira com a qual cada um dos indivíduos devem contribuir e como o conjunto de suas habilidades deve se encaixar na produção final. Pode ser que o setor de Planejamento e Controle de Produção faça um excelente trabalho, mas se o departamento comercial fracassar, não podemos chamar nosso chão de fábrica de sucesso. Se o nosso diretor de desenvolvimento e pesquisa de produtos fizer o seu melhor projeto de lançamento e inovação, mas as pessoas da produção não se comprometem com suas ideias, todo o time está fora do jogo, todos perdem. Apenas quando todos decidem contribuir com o melhor resultado que cada um dos indivíduos oferecer através de suas habilidades e comprometimento, ou seja, desde aquela senhora que limpa os banheiros com bastante esforço até o diretor que fica sentado em uma poltrona confortável, mas que autoriza os nossos pagamentos e autoriza as compras de toda a empresa, então sim, podemos dizer que existe sucesso para toda a fábrica. Pois estão todos em uma corrente de comprometimento. 

Se você como gestor, for capaz de obter o comprometimento de apenas uma pessoa, você deu início a uma reação em cadeia. Você tornou possível a transformação de alguém e essa pessoa vai transformar outra pessoa sucessivamente, até chegar a duas, três, ou cem pessoas. Elas se tornam capazes de comprometer equipes e diversos setores, mas tudo depende de liderança e comprometimento individual para obter o coletivo.

Não há problema algum em trazer engenheiros para o setor de vendas, pois através de seus conhecimentos técnicos eles podem contornar falhas de projetos ou pesquisa de mercado, não há problema nenhum em trazer o supervisor de fábrica para equipe comercial e de inovação, pois muitas vezes conseguem através de suas ideias deixar o produto mais atraente ou produzi-lo com menores custos e de maneira mais rápida. Exércitos são compostos por hierarquias como soldados, oficiais, sargentos e generais, mas o mundo mudou e os paradigmas de comando e controle deixaram de existir em organizações eficientes e inteligentes. Todos, devem se ver como executivos da mesma empresa, mesmo sendo operários da linha de montagem, pois todos compõem o conjunto de maior valor dentro da organização. Líderes de verdade, sentem-se muito felizes com este comportamento da equipe e não encontram dificuldade nenhuma de vez ou outra, tirarem eles próprios o lixo dos setores ou até mesmo colocarem a mão na massa na produção. Isso é comprometimento.

É necessário para nós, como influenciadores da geração futura, criar ambientes emocionais, seguros e intelectuais para as nossas empresas. Jobs e Bill Gates não se preocupavam com aparecer de terno e gravata perante as suas corporações, mas com seu estilo próprio, usando sempre as mesmas roupas, conseguiram impérios pois estavam mais preocupados com a essência da liderança.

Organizações fortes e capazes de obter comprometimento, baseadas em liderança eficaz, nunca vão depender exclusivamente de incentivos financeiros e lucratividade a todo custo, muito menos procuram predomínio de mercado intimidando empregados que têm medo de serem demitidos. Creio que pessoas que trabalham apenas por salário sempre vão se esforçar apenas o suficiente para serem pagas, e quando um número significativo de pessoas começa a pensar dessa forma dentro de sua organização, é melhor fechar a fábrica pois nada ou muito pouca coisa pode ser realizada. A cultura deixou de existir e o comprometimento está devastado. Não seja este tipo de gestor e nunca permita que sua empresa chegue a este ponto.


Pablo Dávalos

Engenheiro de Produção

Green Belt e Black Belt na metodologia Six Sigma

MBA em Gestão Industrial FGV (em andamento)

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