Nos últimos dias o assunto que mais movimentou as redes sociais foi o tenso - e inacabado - desdobramento das eleições presidenciais nos EUA. Como de costume nessa época tão agitada, dois lados polarizaram-se com facilidade, e uma discussão "séria" surgiu entre hashtags, tweets e curtidas.
De um lado - nesse campo de batalha quase tão sem esperança quanto o foi o de Verdun, na Primeira Guerra - pudemos ver àqueles aos quais Biden pareceu um salvador, frente a uma personificação alaranjada do mal.
Do outro lado, Trump foi defendido com unhas e dentes por boa parte da chamada "Direita" brasileira, que demonstrou maior capacidade de mobilização frente a assuntos externos do que para resolver questões nacionais.
No entanto, mesmo com tamanha peleja virtual, ao ouvir de um amigo a seguinte pergunta: "e aí, quem você acha melhor?" fui pego de surpresa. Não soube responder. Ao menos, não antes deste texto.
Nenhuma nação pode ser realmente independente enquanto sujeitar-se a intervenções estrangeiras, sejam elas literais ou subjetivas. Com Trump, nós estávamos sendo explorados economicamente, continuamente enganados pelo desejo de ter cadeira fixa no comitê da ONU.
Com arrogância e ar de superioridade: era assim que Trump tratava o Brasil e os brasileiros. Entretanto, quem pensa em Joe Biden como um novo profeta dos bons tempos vindouros está enganado.
É assustador ver parcela da intelectualidade deste país, supostamente defensora da hegemonia da nação frente ao capital estrangeiro prostituindo-se, ou melhor, agenciando a prostituição da própria pátria para um político que já declarou atacar o Brasil, numa falsa cruzada pelo bem estar ambiental.
Essa postura impensada é tão equivocada quanto o foi o convite feito pelos militares brasileiros à intervenção estadunidense, durante as décadas de 60 a 80. Na luta contra o que julgamos ser ruim, não podemos nos perder. Do contrário, ao fim da disputa, seremos tão baixos quanto.
Não nos esqueçamos que Joe Biden foi favorável ao apartheid racial americano, décadas atrás.
Não nos esqueçamos que Joe Biden votou a favor de todas as últimas guerras travadas pelos Estados Unidos, nesse seu auto proclamado cargo de "polícia do mundo".
Não nos esqueçamos que Joe Biden foi denunciado por assédio sexual e pedofilia.
Questionar as atitudes de Jair Bolsonaro é um dever de qualquer ser racional. Jair figura entre os presidentes mais polêmicos e controversos que já tivemos, justamente porque estava negociando à custo baixíssimo nossa autonomia. Agora, no entanto, parece que tanto comprador quanto vendedor mudaram.