O médico e o policial

O médico e o policial

O surpreendente desdobramento de uma chamada noturna

O surpreendente desdobramento de uma chamada noturna

Publicada há 4 anos

MINUTINHO

A paz

Por: Redação do Momento Espírita

Muita gente deseja viver em paz convivendo, paradoxalmente, com situações que a tornam impossível.

Ninguém consegue viver em paz, desrespeitando os direitos alheios.

Não se vive em paz cultivando na alma os corrosivos da mágoa, da inveja, da prepotência, da ingratidão, do desrespeito.

A paz consciente é incompatível com a ignorância e com o descaso.

Não se pode construir a paz nas bases da indiferença moral, nem nos alicerces da violência íntima disfarçada de autenticidade.

Muita gente deseja viver em paz convivendo, no entanto, com situações que a tornam impossível.

A paz que não está sedimentada na razão e no mais profundo sentimento de amor ao próximo, não é paz, é ilusão.

Quem observa a superfície calma das águas de um charco, por exemplo, pode ter a ilusão de vislumbrar a mansuetude, mas se sondar as profundezas, encontrará miasmas pestilentos e odor fétido de podridão.

Para que a nossa paz não passe de mera ilusão, nossas atitudes precisam ser iluminadas pela luz da razão e aquecidas pelo sol do sentimento.

 

CRÔNICA

O médico e o policial

Por: Adaptação de conto de Waldo Vieira

– Se possível, acelere um pouco a marcha. Era o abnegado médico, Dr. Militão Pacheco, que rogava ao amigo que conduzia o veículo. E acrescentava: – O caso é urgente!

O companheiro ao volante aumentou a velocidade, mas, daí a momentos, um policial sinalizou. O motorista atendeu com dificuldade e, talvez por isso, o carro chocou-se com a motocicleta do guarda. Porém sem consequências. O policial, porém, não estava num dia feliz e o Dr. Pacheco e o amigo receberam uma saraivada de palavrões.

Notando que não reagiam, o funcionário fez-se mais duro e declarou que não se conformava simplesmente com a multa. Ambos os infratores estavam detidos. 

O Dr. Pacheco deu-lhe razão e informou que realmente seguiam com pressa porque precisavam socorrer um menino sem recursos, rogando, humildemente, para que a autuação com a autoridade superior fosse adiada.

– Se o senhor é médico – disse o policial, com ironia -, deve proceder disciplinadamente, sem sair do regulamento. Para ser franco, se eu pudesse, meteria os dois, agora, no xadrez.

Embora o amigo estivesse rubro de indignação, o Dr. Pacheco, benevolente, fez uma proposta: o guarda deixaria, por alguns instantes, sua moto, e seguiria com eles no carro, mantendo vigilância. Depois do socorro ao doentinho, segui-lo-iam para onde quisesse. Havia tanta humildade na súplica, que o fiscal concordou, embora repetisse asperamente os insultos.

– Aceito – exclamou -, e verificarei por mim mesmo. Ando saturado de vigaristas. E creiam que, se estão agindo com mentira, hoje dormirão na Cadeia.

A motocicleta foi confiada a um colega de serviço e o policial entrou, seguindo em silêncio. Rua aqui, esquina acolá, dentro em pouco o carro atingiu modesta residência na Lapa, em S. Paulo. Os três entram por grande portão e caminham até encontrar um esburacado casebre nos fundos. Ao ver o menino torturado de aflição nos braços de infeliz mulher, o bravo fiscal da lei, com grande assombro dos circunstantes, ficou pálido e com os olhos rasos de água. O petiz agonizante e a jovem senhora sem recursos eram o seu próprio filhinho e a sua ex-esposa que ele havia abandonado dois anos antes…


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