MEIO AMBIENTE

Estiagem baixa nível de córrego e revela ponte submersa na região

Estiagem baixa nível de córrego e revela ponte submersa na região

Conhecido como Pádua Diniz, o córrego é um dos braços do rio Grande

Conhecido como Pádua Diniz, o córrego é um dos braços do rio Grande

Publicada há 4 anos

Pescadores tentam pegar peixe ao lado de restos de antiga ponte em Mira Estrela — Foto: Reprodução/TV TEM

Da Redação/G1

Após o nível do rio Grande diminuir e revelar uma estrada boiadeira construída na década de 50 para atravessar cabeças de gado, em Guaraci, partes de uma antiga ponte também apareceram em outro município da região noroeste paulista.

Dessa vez, as estruturas surgiram no córrego Pádua Diniz, um dos braços do rio Grande, em Mira Estrela. Embora o primeiro e o segundo município estejam a 173 quilômetros de distância, o que fez a água baixar nos dois casos foi a estiagem.

Em Mira Estrela, além das estruturas da antiga ponte, troncos de árvores também surgiram. Casas flutuantes, usadas por pescadores, estão atoladas na lama.

O serralheiro Paulo Bonfim, que mora com a família há anos na região, afirma que nunca tinha visto o córrego dessa forma, extremamente seco.

“É a primeira vez. Tenho 43 anos. É de emocionar. Realmente muito triste e chato ver essa situação. Pessoas que dependem da pesca para viver não estão pegando peixe. Essa é a dura realidade”, contou.

Córrego secou entre Mira Estrela e Indiaporã  — Foto: Reprodução/TV TEM Córrego secou entre Mira Estrela e Indiaporã — Foto: Reprodução/TV TEM

Em alguns pontos do córrego, onde antes era água, é possível andar a pé e dirigir carros. Pescadores precisam andar cerca de 200 metros para chegar até a água.

“Nunca imaginei que conseguiríamos andar onde antigamente estava submerso pela água. A gente vem direto aqui, mas nunca tinha visto tão seco dessa forma. Também nunca vi os restos da antiga ponte ficarem fora d’água”, afirmou o padeiro Givaldo Aparecido Gomes.

Para quem está acostumado a pescar no braço do rio Grande, um dos mais visitados da região noroeste paulista, a situação é triste e preocupante.

“Pesco muito nessa região, principalmente à noite. Já pegamos pintados e corvinas grande. Precisa voltar a ser o que era antes. A água ficava bem mais alta do que está agora. É muito triste ver tudo isso. A torcida é para chover logo”, diz o comerciante e pescador Givaldo Aparecido Gomes.

Guaraci

Seca revelou estrada boiadeira construída na década de 50 em Guaraci  — Foto: Reprodução/TV TEM Seca revelou estrada boiadeira construída na década de 50 em Guaraci — Foto: Reprodução/TV TEM

Segundo pescadores, foi a primeira vez em 46 anos que a estrutura da antiga estrada boiadeira, que servia de passagem para animais que saiam de Minas Gerais com destino a Barretos, ficou visível.

“Nós pegávamos peixes grandes aqui no rio. Hoje só conseguimos ver areia. Muito triste”, diz o aposentado Cláudio Geraldelli de 82 anos.

As lembranças do passado também ficaram expostas nas margens do rio Grande. Com o leito mais baixo, surgiram restos de construções que durante muitos anos permaneceram submersos.

“O lugar era muito bonito. Funcionava uma maçonaria onde estamos”, conta o pescador Humberto Carlos Diogo.

A chuva registrada nos últimos dias não foi suficiente para melhorar a situação do rio Grande. No entanto, apesar do nível da água ter diminuído muito, mudando totalmente a paisagem, a Prefeitura de Guaraci informou que não decretou racionamento.

Guaraci foi o segundo município paulista a ter áreas alagadas por usinas hidrelétricas. O local onde a ponte ressurgiu foi alagado no ano de 1975. Atualmente, o nível do rio Grande está em 7%, índice mais baixo dos últimos 10 anos.

A seca reflete também diretamente na fauna e na vida dos animais que vivem na região. Quem depende do rio para garantir o sustento da família, por exemplo, também sente as consequências.

"A gente vem para tentar porque tem família para criar. Mas nem sempre conseguimos pegar peixe”, diz o pescador Devaldo Matias de Menezes.

A esperança dos moradores é de que o período de chuva traga de volta a beleza do rio Grande.

“Se o rio continuar como está, provavelmente a gente tenha até que ir embora daqui, porque não conseguimos nada”, conta Devaldo.


Fonte: g1.globo.com



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