Baixo nível do rio Grande fez com que ponte submersa ressurgisse em Guaraci - Foto: Reprodução/Ana Karina Marçal
Da Redação/Diário da Região
O reservatório da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha, formado pelo rio Grande, entre Ouroeste e Iturama (MG), está operando com o menor nível do Brasil, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Dados da ONS, apontam que o reservatório opera com apenas 1,69% de sua capacidade. O baixo nível fez com que ilhas aparecessem no rio Grande e que donos de pousadas até tivessem que mudar o local de saída das embarcações para turistas.
"Eu cuido da pousada há sete anos e é a primeira vez que vejo o nível do rio tão crítico. Normalmente, quando é setembro o nível está baixo, mas começa a voltar a subir, em outubro, com as chuvas. Nesse ano não veio a chuva esperada e continuou abaixando o nível cada vez mais. Tá bem diferente do que estamos acostumados", disse a dona da pousada Grandes Lagos de Cardoso, Michele Cristina Mendonça.
Técnicos do ONS estão fazendo avaliações periódicas sobre a criticidade das usinas da região Noroeste Paulista.
Também no rio Grande, o reservatório da Usina Hidrelétrica de Marimbondo, entre Icém e Fronteira (MG), também está em estado crítico e opera com o pior nível das últimas duas décadas. Marimbondo opera com 3,8% da capacidade. Para se ter uma ideia da criticidade, é a primeira vez, desde o início dos anos 2000 que a Usina de Marimbondo está operando abaixo dos 5%.
Os reflexos dos níveis ruins dos reservatórios podem ser vistos em Guaraci, onde o nível de água do rio Grande está tão baixo que fez ressurgir uma ponte construída antes da hidrelétrica. Na época, a ponte era usada para atravessar cabeças de gado de Minas Gerais para São Paulo, e desapareceu com a construção da usina hidrelétrica na década de 1970.
Em Ilha Solteira, no rio Paraná, a situação da hidrelétrica está melhor que as duas do rio Grande. A usina opera com reservatórios com 48,43% de sua capacidade.
Apesar dos baixos níveis dos reservatórios, especialistas garantem que não há risco para desabastecimento de energia elétrica no País. Isso porque no Brasil o sistema de distribuição é interligado, garantindo que não haja risco de faltar energia elétrica, mesmo com os reservatórios baixos.
Segundo o vice-presidente da Academia Nacional de Engenharia (ANE), Flavio Miguez de Mello, os reservatórios da região estão muito depressionados e devem demorar mais de um ano para voltar a normalidade de operação. "O período mais crítico de estresse hídrico nos reservatórios brasileiros começou em 1949 e durou até 1956, então por aí você vê que foram necessários sete anos para os reservatórios voltarem a encher", explicou.
Com o nível crítico dos reservatórios da região, a tendência é que a conta de energia elétrica tenha aumento no que vem. Isso porque as hidrelétricas funcionarem com reservatórios em níveis baixos faz com que outras fontes de geração de energia passem a ser mais utilizadas, como as usinas termelétricas.
"Basicamente, é esperar a chuva chegar, porque a maior parte da energia do nosso país vem das hidrelétricas. Mas as termoelétricas e as nucleares também são operadas para que haja alguma economia de água nos reservatórios", disse Flavio.
Usina Hidrelétrica de Água Vermelha, entre Ouroeste e Iturama (MG)
2020: 1,69%
2019: 16,8%
2018: 9,99%
2017: 7,66%
2016: 26,02%
2015: 42,8%
Usina Hidrelétrica de Marimbondo, entre Icém e Fronteira (MG)
2020: 3,8%
2019: 14,07%
2018: 9,44%
2017: 6,96%
2016: 38,65%
2015: 11,3%
Fonte: www.diariodaregiao.com.br