Desde o anúncio da contaminação causada pelo Coronavírus, houve restrições para que todo mundo adotasse mecanismos e medidas sanitárias de proteção à vida, mas no silêncio, a pandemia tem deixado o mundo todo desestabilizado causando marcas indeléveis na humanidade.
Olhando o cenário de morte urge as inquietações: foi a pandemia que causou tanta desigualdade social, exacerbando o número de famintos? A pandemia é responsável pelos famintos, miseráveis e desempregados? O descaso com a saúde pública, o acúmulo do capital financeiro nas mãos de poucos nos lançando próximo à um colapso é fruto da pandemia?
Sabemos que há séculos se arrastam os sofrimentos humanos causados pelo acúmulo de poder, bens, riquezas, capital financeiro e a não distribuição justa de renda e a imperícia em gestar políticas públicas geram mortes e desigualdades.
Não estamos longe de assistirmos ao colapso nos sistemas de saúde, econômico e político, pois a sociedade tem feito escolhas que comprometem e determinam o desenvolvimento saudável gestado por ações irresponsáveis de gestores e usuários dos sistemas.
Diante das mazelas, maldade e misérias humanas quase sempre ficamos calados. Nosso silêncio produz vítimas fatais. O silêncio gera a sensação que tudo está ordenadamente bem, porém não estamos nada bem!
Silenciamos e somos silenciados, pois não somos capazes de assumirmos o compromisso da denúncia, da mudança de atitude e não unimos nossas mãos e vozes para lutar e denunciar as injustiças inúmeras vezes vivenciadas ao nosso lado, no trabalho, escola, casa.
A expressão “VIDAS IMPORTAM” tem causado muito incômodo diante da conjuntura, pois antes da chegada da pandemia morriam famílias de fome, sede, vítimas do egoísmo e do silêncio da humanidade. Não sendo o bastante, ainda morrem milhões por doenças negligenciadas pelas autoridades de saúde e políticas.
A violência tem ceifado famílias, idosos, jovens e crianças e com tudo isso fica a esperança de o silêncio ser rompido e vencido por atitudes que superam as palavras.
Infelizmente muitos já pagaram com a vida devido a imprudência e imperícia desatenta referentes aos cuidados necessários exigidos pela pandemia.
A pandemia vai continuar, a fome, a violência, os miseráveis administradores públicos que próximos as eleições motivaram a população a ir às urnas, mas não se motivam em realizar uma gestão de qualidade para todos. Por isso, a participação cidadã é o fermento para romper com o descaso do silêncio gerador de morte, deixando atônitos aqueles que são os primeiros a lutar pela vida - TODOS NÓS!
Padre Juliano Fortunato Godoy de Souza
Administrador Paroquial da Paróquia Santo Expedito em Jales
Jales, 10 de dezembro de 2020.