MINUTINHO
Omissão
Por: Emmanuel/Chico Xavier
Asseveras não haver praticado o mal; contudo, reflete no bem que deixaste à distância. Não permitas que a omissão se erija em teu caminho, por chaga irremediável.
Imagina-te à frente do amigo necessitado a quem podes favorecer. Não te detenhas a examinar processos de auxílio. É possível que amanhã não mais consigas vê-lo com os olhos da própria carne.
Supõe-te ao pé do companheiro sofredor, a quem desejas aliviar. Não demores o socorro preciso. É provável que o abraço de hoje seja o inicio de longo adeus.
Não adies o perdão, nem atrases a caridade.
Abençoa, de imediato, aos que te firam com o rebenque da injuria, e ampara, sem condições, os que te comungam a experiência.
Se teus pais, fatigados de luta, são agora problemas em teu caminho, apoia com mais ternura.
Se teus filhos, intoxicados de ilusão, te impõem dores amargas, bendize-lhes a presença.
Se o trabalho espera por tuas mãos, arranja tempo para fazê-lo.
Se a concórdia te pede cooperação, não retardes o atendimento.
Não percas a divina oportunidade de estender a alegria.
Tudo o que enxergas, entre os homens, usando a visão física, é moldura passageira de almas e forças em movimento.
Faze, em cada minuto, o melhor que puderes.
Seja qual for a dificuldade, não desertes do amor que todos devemos uns aos outros. E se recebes, em troca, pedra e ódio, vinagre e fel, sorri e auxilia sempre, porque é possível estejas ainda hoje, na Terra, diante dos outros, ou os outros diante de ti pela última vez.
CRÔNICA
Uma lenda indígena
Por: Autoria desconhecida
Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram até a tenda do velho feiticeiro da tribo.
- Nós nos amamos e vamos nos casar, disse o jovem. E nós amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã. Alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos até encontrarmos a morte. Há algo?
E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa difícil. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui com vida, até o 3º dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono e capturar a mais brava das águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, trazendo-a para mim, viva.
Imagem: ilustração
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão.
No dia estabelecido, na tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho então pediu que com cuidado as tirassem dos sacos.
- E agora o que faremos? Perguntou o jovem. As matamos e depois bebemos a honra de seu sangue?
- Ou cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? Propôs a índia.
-Não! Disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro. Quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres.
O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do voo, arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar. Aí o velho afirmou:
- Jamais esqueçam o que estão vendo. Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure voem juntos. Mas jamais amarrados!