MINUTINHO
Lamparinas
Por: Redação do Momento Espírita
O brilho de uma vida gloriosa não deve nos encher de orgulho. Afinal, nada do que temos nos pertence de verdade.
Tudo na Terra é passageiro, temporário. Quando menos esperamos, a fortuna se vai, a saúde fica comprometida, os amigos desaparecem.
Vangloriar-se de qualidades que não temos, de vitórias não conquistadas, falar do que sabemos e fazemos não nos torna superiores a ninguém.
Em verdade, mostra muito mais o quanto somos tolos, pensando que outros acreditarão no que ainda não demonstramos em nossa maneira de agir.
Nosso equilíbrio emocional deve repousar sobre a humildade, essa virtude que nos permite vermos, claramente, o que já somos, o que alcançamos e o quanto ainda temos a caminhar.
O orgulho e a vaidade não nos conduzem a lugar algum, a não ser ao trono dos desenganos.
Quando o orgulho se une à ilusão, passamos a nos considerar, de forma equivocada, como aqueles que nunca erram, que tudo sabem, até mesmo a correta pronúncia em outros idiomas.
E pretendemos, nessa tola ilusão, corrigirmos os demais.
Acreditamos saber tudo, de geografia à história, ciências, arte e política. Dominamos qualquer assunto.
Somente não nos damos conta de como nos tornamos ridículos com esse comportamento.
De outra parte, o orgulho, aliado à vaidade, também nos conduz à lamentação, à raiva, à revolta, porque nos acreditamos merecedores de tudo que há de melhor no mundo.
Pessoas a quem os reveses e sofrimentos não devem alcançar, de forma alguma.
Se, no entanto, cultivarmos a humildade, teremos a exata ideia da nossa estatura intelectual e moral.
Saberemos falar quando for oportuno e nos calarmos quando alguém mais sábio se expressar.
Além do que, calados, ouviremos melhor e poderemos aprender aquilo que ainda não sabemos. Ou sabemos parcialmente.
A humildade nos permite reconhecer quem realmente somos, conscientes das nossas virtudes e defeitos, capacidades e vontades.
Sobretudo nos diz que não somos superiores aos demais, mesmo que sejamos detentores de várias virtudes.
Isso porque estamos todos em processo de progresso, de evolução. O que conquistamos pode nos constituir grande vitória, mas comparado a tantos outros, pode ser quase nada.
Nosso proceder fala por nós, sem necessidade de que anunciemos pretensas virtudes ou saberes.
Pensemos nisso.
CRÔNICA
O velho samurai
Por: Autoria desconhecida
Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que se dedicava a ensinar zen aos jovens.
Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali.
Queria derrotar o samurai e aumentar sua fama.
O velho não aceitou o desafio e o jovem começou a insultá-lo.
Chutou algumas pedras em sua direção; após cuspiu em seu rosto; gritou insultos e até ofendeu seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.
No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se. Partiu sem o embate que queria.
Desapontados, os alunos se aglomeraram e perguntaram ao mestre como ele pudera suportar tanta indignidade.
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? Eis a indagação do velho samurai.
- A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos, respondeu o mestre.
- Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem o carregava consigo. A sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma. Só se você permitir.