SEM MITOS
CoronaVac é eficaz e 3ª dose será avaliada: confira 9 mitos sobre o imunizante
CoronaVac é eficaz e 3ª dose será avaliada: confira 9 mitos sobre o imunizante
Teste de reforço, em parceria com a Universidade de Oxford, será com doses de quatro marcas de imunizantes
Teste de reforço, em parceria com a Universidade de Oxford, será com doses de quatro marcas de imunizantes
As pessoas que se recusam a tomar CoronaVac colocam em risco toda a população: somente a vacinação em massa, com todas as vacinas disponíveis, sem exceção, é que controlará a epidemia de Covid-19 - Foto: Divulgação/Instituto Butantan
João Leonel
A Organização Mundial da Saúde chancela a CoronaVac, tanto que a incluiu na rede de distribuição global. Dados mais recentes da OMS registram que a CoronaVac apresenta 41% em eficácia contra Covid-19 sintomática, 71% contra mortes e 59% contra hospitalização. Em laboratório, o imunizante também apresentou bons resultados contra a variante delta do coronavírus.
Especialistas, entre eles representantes da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), atestam os bons resultados alcançados e apontam um exemplo prático: a eficácia da vacina contra a gripe (H1N1) é menor do que da CoronaVac, e a epidemia de H1N1 foi controlada.
A CoronaVac evita que muitas pessoas cheguem a um estado grave da doença, os poucos pacientes que tenham tomado a vacina e mesmo assim evoluírem para um estágio mais agudo dos sintomas, terão a chance de um atendimento médico eficiente, pois os hospitais não estão tão lotados como já ficaram.
Essa é apenas uma etapa do processo de controle da epidemia da Covid-19, mas, para que o controle seja tão eficaz como no caso da H1N1, todos precisam receber o imunizante, manter o uso da máscara e todos os cuidados com a higiene.
Caso não haja um engajamento coletivo de toda a sociedade para reduzir o número de casos e a circulação do vírus, não haverá controle da Covid-19.
É uma conta básica: os cidadãos que recusam a vacinação colocam em risco todo o esforço feito pelo resto da população.
MINISTÉRIO DA SAÚDE VAI AVALIAR 3ª DOSE DA CORONAVAC
O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (28), que vai realizar um estudo para avaliar a necessidade de uma terceira dose em pessoas imunizadas com CoronaVac.
A pesquisa, patrocinada pelo Ministério da Saúde, será realizada em parceria com a Universidade de Oxford e terá início nas próximas duas semanas.
"Não temos publicação na literatura detalhada acerca de sua efetividade (da Coronavac). As respostas precisam ser dadas através de ensaios clínicos", afirmou Marcelo Queiroga, ministro da Saúde.
De acordo com a pesquisadora Sue Ann Clemens, que coordenará o estudo, é preciso saber a duração da proteção de cada vacina. Para os imunizantes da Pfizer, AstraZeneca e Janssen, diz ela, já há publicações demonstrando a duração da proteção.
"Em relação à Coronavac, precisamos avaliar isso. Estudos já mostraram que a proteção começa a cair com 6 meses", disse Sue, brasileira que trabalha na Universidade de Oxford.
Nesta semana, um estudo preliminar publicado por cientistas chineses mostrou que uma terceira dose da Coronavac é capaz de impulsionar novamente a produção de anticorpos, o que demonstra que a vacina induz boa "memória imunológica". Os pesquisadores chineses ponderaram, porém, que a decisão de oferecer uma terceira dose depende de vários fatores, entre eles a oferta de vacinas e a situação epidemiológica do país.
A pesquisa do Ministério da Saúde será feita com pessoas que tomaram as duas doses da Coronavac há seis meses. Esses voluntários serão divididos em quatro grupos: o primeiro receberá o reforço com a própria Coronavac; o segundo com a vacina da Jansen; o terceiro com a da AstraZeneca e o quarto com a da Pfizer.
DERRUBANDO MITOS
O Instituto Butantan, em seu site oficial, divulga desde a última segunda (26), um artigo sobre 9 mitos relacionados à CoronaVac e a “verdade por trás deles”.
Quando o assunto é vacinação contra a Covid-19, ainda há muita desinformação e fake news circulando na internet, em aplicativos de mensagens e nas redes sociais. Porém, a imunização, aliada às medidas sanitárias, é a melhor forma de conter a pandemia.
Para combater as notícias falsas e trazer informações confiáveis e relevantes sobre a questão, o Butantan esclarece:
1. Exame de anticorpos neutralizantes pode indicar que a CoronaVac não funciona
Mito. Diversos órgãos nacionais e internacionais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, alertam que testes sorológicos não devem ser utilizados para determinar se um indivíduo vacinado está ou não protegido contra a Covid-19. Estes exames foram desenvolvidos para diagnosticar pessoas contaminadas pelo vírus, não para atestar proteção depois de receber a vacina.
2. CoronaVac não disponibiliza dados sobre ensaios clínicos e eficácia
Mito. As pesquisas sobre a vacina do Butantan contra a Covid-19 estão disponíveis em publicações relevantes e abertas ao público. Um exemplo disso é a plataforma de preprints da The Lancet, uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo, que disponibilizou os dados finais dos ensaios clínicos de fase 3.
3. Coronavac causa reações adversas graves
Mito. Efeitos adversos são esperados e previstos em bula. Porém, a CoronaVac possui alto perfil de segurança e utiliza uma das tecnologias em fabricação de vacinas mais estudadas e seguras do mundo, de vírus inativado.
No Brasil, dados sobre a segurança da vacina do Butantan foram obtidos em ensaios clínicos de fase 3 com milhares de voluntários em 2020. As manifestações indesejadas foram muito leves e não foi necessária atenção médica maior. Já no Projeto S, estudo clínico realizado pelo Butantan na cidade de Serrana, foram administradas 54.882 doses na população adulta do município e não houve relato de evento adverso grave relacionado à vacinação.
Em estudos realizados na China com mais de 50 mil voluntários, 94,7% deles não apresentaram qualquer reação adversa ao serem imunizados com a CoronaVac. Efeitos adversos de grau baixo foram notados em 5,3% dos participantes.
4. Vacinas com insumos chineses não são seguras
Mito. Os chineses têm grande experiência na produção de vacinas. Inclusive, outras vacinas em aplicação no país utilizam insumos farmacêuticos vindos da China. Vale ressaltar que cerca de 35% dos medicamentos usados e aprovados no Brasil possuem matéria-prima ou componentes de origem chinesa.
5. Quem toma a vacina contra a Covid-19 não precisa se imunizar contra a gripe
Mito. Os vírus são diferentes. A CoronaVac protege contra o SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Para se imunizar contra os vírus causadores da gripe é preciso tomar a vacina Influenza Trivalente (Fragmentada e Inativada), também fabricada pelo Butantan.
6. Butantan está desenvolvendo a ButanVac porque a CoronaVac é ineficiente
Mito. A CoronaVac é, sim, eficiente e a aplicação da vacina no mundo real está mostrando que ela possui alto perfil de segurança. O Butantan está investindo no desenvolvimento da ButanVac, sua nova vacina contra a Covid-19, por outros motivos: se for provada eficiente e segura, terá um custo baixo e será produzida inteiramente no Brasil, com insumos nacionais, aumentando a oferta de imunizantes e contribuindo para o combate à pandemia.
7. Quem tem histórico de trombose não pode receber a vacina
Mito. Uma reação muito rara, a trombose associada à trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas), ocorreu em algumas pessoas que receberam vacinas que utilizam a tecnologia de vetor viral e despertaram a preocupação da população. A CoronaVac é feita a partir de vírus inativados (mortos) e, com milhões de doses já aplicadas no Brasil, não houve relatos envolvendo este tipo de efeito adverso até o momento.
É consenso entre especialistas que os benefícios da vacinação superam em muito seus riscos. Segundo orientações do Programa Nacional de Imunizações (PNI), pessoas com antecedente de trombose sem trombocitopenia (com plaquetas normais), ou mesmo com fatores de risco para trombose, não têm contraindicação para receber qualquer uma das vacinas disponibilizadas no Brasil.
8. Pessoas não devem tomar remédios antes ou depois da imunização
Mito. Na maioria dos casos, pode-se tomar medicamentos normalmente. Analgésicos comuns, que são comprados sem receita médica, podem ser usados porque não interferem na vacinação. Também não há contraindicação para o uso de qualquer antibiótico ou antiviral antes ou depois da aplicação da CoronaVac. Quanto aos medicamentos de uso contínuo, não é preciso interromper a administração, a não ser sob orientação médica.
O único cuidado é evitar o uso de corticoesteroides sem recomendação médica. Esse tipo de medicação pode, sim, interferir na resposta à vacina. Quem toma esse tipo de medicamento diariamente devido a alguma comorbidade não deve interromper seu uso. Se for o seu caso, tire suas dúvidas com seu médico de confiança antes de se imunizar.
9. A vacina deve ser aplicada no braço direito
Mito. Não há qualquer recomendação nesse sentido, tanto por parte do Butantan quanto por parte da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). A bula da CoronaVac orienta que a aplicação seja na região deltoide da parte superior do braço, podendo ser o direito ou o esquerdo.
Fontes: Estadão, Portal UOL e Instituto Butantan