CARREATA
Estudantes marcam manifestação contra a Universidade Brasil
Estudantes marcam manifestação contra a Universidade Brasil
Segundo a organização, entre os temas do protesto estão a falta do internato na Santa Casa local e aumento abusivo nas mensalidades
Segundo a organização, entre os temas do protesto estão a falta do internato na Santa Casa local e aumento abusivo nas mensalidades
Da Redação
Nesta segunda-feira, dia 9, está agendado, para as 17h, um protesto, que será promovido por alunos do curso de Medicina da Universidade Brasil, campus Fernandópolis, contra a instituição de ensino.
Informações apontam que a carretara sairá da região central do município e terminará na sede da Universidade. Segundo os organizadores do ato, o intuito é chamar a atenção das autoridades com base nas “arbitrariedades” impostas pela diretoria.
Entre os temas estão a falta do internato na Santa Casa local, aumento abusivo nas mensalidades, entre outras questões. Os alunos do curso de Medicina divulgaram uma carta aberta à população, nesta segunda-feira. Confira:
“Prezados Cidadãos e Cidadãs.
É com muita insatisfação e descontentamento que nós, alunos do 5° ano de Medicina da Universidade Brasil (UB), campus Fernandópolis-SP, relatamos a atual situação vivenciada no nosso Internato. É de conhecimento geral, segundo Nota oficial emitida pela Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis em 02 de agosto de 2021, que a Universidade Brasil não renovou o contrato com o Hospital de Ensino para que as atividades do Internato de Medicina continuassem ocorrendo adequadamente, como vinha acontecendo desde 2013.
O motivo da não renovação contratual, segundo Representante da UB, seria a falta de recursos financeiros da Instituição, argumento este que não condiz com o fato de que a mensalidade do curso aumentou cerca de 20% desde o nosso ingresso em 2017. Atualmente, o valor integral cobrado é R$ 9.504,00, sendo assim, ele se mostra incompatível com a justificativa de falta de recursos.
Há mais de um ano, a Universidade Brasil não vinha honrando o compromisso assumido com nossos Preceptores e com o Hospital de Ensino, pois repassava valores muito inferiores aos justos e não investia absolutamente nada na Unidade Hospitalar. A continuação do Internato, até o momento, só foi possível graças à boa vontade da Santa Casa que, mesmo com suas privações financeiras, nunca nos desamparou e sempre forneceu estrutura mínima de atuação, mesmo sem haver, por parte da Instituição de Ensino, investimento algum em infraestrutura e conforto para nós, futuros médicos.
A nossa saída da Santa Casa por má Gestão Administrativa da Universidade prejudica fortemente não só nosso aprendizado e formação, mas também o atendimento nos Serviços de Saúde da população fernandopolense e das outras 12 cidades integrantes do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Fernandópolis – CISARF, incluindo Estrela D’Oeste, Guarani D’Oeste, Indiaporã, Macedônia, Meridiano, Mira-Estrela, Ouroeste, Pedranópolis, Populina, São João das Duas Pontes, São João de Iracema e Turmalina.
Acreditamos que seja válido pontuar alguns dados que demonstrem um panorama da nossa atuação na Saúde da cidade. Somos 92 alunos realizando o Internato, dos quais 70 se encontram diariamente nas dependências da Santa Casa, em diferentes setores, incluindo Urgência e Emergência, Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e Pediatria. Por ano, são realizadas em média, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 1580 cirurgias, 490 partos, 580 atendimentos pediátricos, 13200 atendimentos no pronto-socorro, sendo que grande parte desses atendimentos são feitos por nós, alunos. Além disso, atuamos diariamente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), prestando assistência a cerca de 100 pacientes/dia e também nos serviços de Ambulatórios em diversas Unidades Básicas de Saúde (UBS), principalmente na Unidade “Gersino Mazzi”, no Pôr do Sol, a qual movimenta cerca de 80 pacientes/dia.
Nós nos esforçamos para atender a população da melhor forma que conseguimos, colocando em prática o que aprendemos durante a formação sobre Atendimento Humanizado e Cuidado Integral dos pacientes. Na medida do possível, acreditamos que nossa presença e atuação no Serviço de Saúde contribui muito para a agilidade do sistema, diminuindo as filas de espera e acelerando todo o processo dos atendimentos.
Um ponto importante a se levantar também é que a presença do Curso de Medicina na cidade possibilitou o crescimento de setores importantes para o desenvolvimento do município, incluindo setor imobiliário, comerciário, de prestação de bens e serviços, entre outros. É inegável que a perda de alunos por conta da má Gestão da Instituição de Ensino causaria um impacto muito negativo não só para a Saúde, mas também para o desenvolvimento de Fernandópolis.
Diante dessa situação lamentável, nós nos sentimos na obrigação de colocá-los a par do caso e darmos uma satisfação. Agrademos a toda população de Fernandópolis pela oportunidade de cursar uma Faculdade de Medicina em uma cidade tão acolhedora e cativante e ainda trabalhar com pessoas justas e pacientes, que auxiliam no nosso aprendizado e nos motivam sempre a seguir firmes a caminhada longa em busca de nosso sonho.
Por tudo o que foi exposto nessa Carta, nós pedimos e contamos com o apoio de vocês, sociedade fernandopolense! Ajudem-nos a lutar pela nossa causa, pelo nosso direito de ter um Hospital de Ensino digno e de ter o nosso dinheiro investido da melhor forma para que, no futuro, consigamos exercer a arte de cuidar de maneira integral e justa de todos aqueles que precisam, ou seja, a verdadeira Medicina, sem amarras, sempre seguindo o juramento de Hipócrates: “Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém”. Sendo assim, vamos lutar por algo justo, por um ensino médico compatível à verdadeira necessidade social”.
Atenciosamente,
Alunos do 5° ano de Medicina da Universidade Brasil, campus Fernandópolis-SP