PANDEMIA

Pesquisadores identificam variante delta do coronavírus na região

Pesquisadores identificam variante delta do coronavírus na região

Saiba o que é, os sintomas e os riscos

Saiba o que é, os sintomas e os riscos

Publicada há 2 anos

Variante delta da covid-19: 8 fatos sobre a maior preocupação da pandemia |  Guia do EstudanteVariante mais transmissível é identificada na região - Foto: Reprodução

Da Redação/DLNews

A variante Delta do coronavírus, considerada mais transmissível, já circula na região. É o que apontam estudos feitos por pesquisadores ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia, apoiado no trabalho do laboratório de virologia da Famerp e em estudos da Unesp local e de Botucatu entre 1º de julho e 11 de agosto, com amostras de Rio Preto, Bady Bassitt, Bálsamo, Catanduva, Cedral, Guapiaçu, Macaubal, Mirassol, Neves Paulista, Nova Aliança, Palestina, Tanabi, Uchoa, Urupês, Valentim Gentil e Votuporanga. Quatro das amostras apresentaram genomas definidos como variante Delta.

"A Delta tem aumentado muito em países de baixo índice de vacinação, como os Estados Unidos, onde 50% são negacionistas. Em países bem vacinados, ela tem um aumento leve, permanecendo no patamar", afirmou já na quinta-feira o secretário de Saúde de Rio Preto, Aldenis Borin, dizendo que a variante chegaria em setembro.

"Se tivermos grande parte da população vacinada com as duas doses, teremos um aumento, mas pelo que a gente está vendo, que isso não chegue perto do que foi a segunda onda, que foi terrível. Mas se não houver os cuidados necessários, ela vai pegar também, como pegou lá atrás", alertou o secretário.

O portal do Ministério da Ciência e tecnologia divulgou texto sobre a descoberta: 

"A Rede Corona-ÔmicaBR-MCTI, por meio do Laboratório de Pesquisa em Virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), juntamente com o Instituto de Biotecnologia (IBTEC) da UNESP Botucatu; o Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE) da UNESP, São José do Rio Preto; e a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP Pirassununga (FZEA-USP), reporta os resultados do sequenciamento de amostras positivas para SARS-CoV-2 de pacientes provenientes de cidades pertencentes ao Departamento Regional de Saúde de São José do Rio Preto – DRS XV.

Desde o início do projeto de vigilância genômica, foram gerados 574 genomas completos de SARS-CoV-2, provenientes de 26 cidades da região. A amostragem compreendendo o período de outubro de 2020 a junho de 2021 (390 genomas) detectou 14 variantes circulantes em São José do Rio Preto e região, as quais foram classificadas em B.1 (n=1, 0,25%), B.1.1 (n=3, 0,77%); B.1.1.273 (n=1, 0,25%), B.1.1.28 (n=27, 7%), B.1.1.33 (n=5, 1,3%), B.1.1.332 (n=1, 0,25%), B.1.1.393 (n=1, 0,25%), B.1.2 (n=1, 0,25%), B.1.1.7 (n=4, 1%), N.9 (n=13, 3,3%), P.1 (n=291, 74,6%), P.1.1 (n=2, 0,5%), P.1.7 (n=3, 0,77%) e P.2 (n=37, 9,5%).

Em uma análise mais recente, realizada de forma randomizada, no período correspondente 01 de julho a 11 de agosto de 2021 e que incluiu 16 cidades da DRS XV (Bady Bassitt, Bálsamo, Catanduva, Cedral, Guapiaçu, Macaubal, Mirassol, Neves Paulista, Nova Aliança, Palestina, Tanabi, Uchoa, Urupês, Valentim Gentil, Votuporanga e São José do Rio Preto), foram gerados 184 genomas completos, os quais foram classificados em seis linhagens pelo software Pangolin COVID-19 Lineage Assigner Tool. A variante P.1 (Gamma) apresentou maior prevalência entre os genomas sequenciados (n= 148, 80,4%), seguida da linhagem P.1.7 (n= 29, 15,8%), a qual é descendente de P.1. No mês de julho, em menor frequência, foram detectadas a variante de preocupação (VOC) B.1.1.7 (Alpha) (n =1, 0.54%) e a variante P.4 (n =1, 0,54%), a qual emergiu recentemente no interior do estado de São Paulo e possui a mutação L452R na proteína S, que tem grande impacto biológico e está presente na variante de preocupação Delta. Em amostras do mês de agosto, além das variantes P.1 e P.1.7, foram identificadas a linhagem P.1.2 (n= 1, 0,54%) e quatro genomas classificados como B.1.617.2 (2,1%).

Dentre os achados mais relevantes, pode-se destacar a introdução e primeira detecção da VOC Delta B.1.617.2, em São José do Rio Preto. Além disso, é notável a dominância da variante P.1 no município de São José do Rio Preto e nas demais cidades pertencentes a DRS XV, bem como de sua linhagem descendente P.1.7, a qual foi detectada pela primeira vez na região em junho de 2021 e apresentou um aumento em frequência a partir de julho de 2021. Esses dados ressaltam a importância da constante vigilância das variantes circulantes, bem como o monitoramento da prevalência da variante Delta recentemente introduzida na região. Dessa forma, medidas eficazes para o controle e enfrentamento da pandemia podem ser tomadas, a fim de prevenir a disseminação do vírus e um aumento em número de casos."

O que é a variante delta?

É uma das variantes do Sars-CoV-2 que apresenta mutações genéticas múltiplas que a tornam mais transmissível. É da linhagem B.1.617.2 do vírus da covid-19. Para evitar a estigmatização contra os países de origem das variantes, a OMS passou a utilizar o alfabeto grego para nomear as respectivas mutações. A alfa foi identificada no Reino Unido; a beta, na África do Sul; a gama, no Brasil; e a delta, na Índia.

Onde e quando a variante delta surgiu pela primeira vez?

Ela foi identificada pela primeira vez na Índia em outubro de 2020, no estado de Maharashtra.

A variante delta está presente em quantos países?

Segundo a OMS, ela está presente em mais de 130 países, incluindo Estados Unidos, China, Reino Unido e Brasil, entre

outros. No entanto, esse número deve ser maior dada a ausência de uma vigilância epidemiológica genômica, incluindo

o sequenciamento genético do vírus, que deveria ir além da detecção do vírus para caracterizar as variantes circulantes.

Em quais regiões do Brasil a variante delta foi registrada?

O Brasil tem casos detectados até o meio de julho no Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, São

Paulo e Pernambuco. Provavelmente ela já circula em outros estados além dos mencionados.

Quais os principais sintomas da variante delta da covid-19?

Os principais sinais e sintomas são febre, dor de cabeça, coriza e dor de garganta. Com a variante delta, os casos têm

menor ocorrência de tosse e perda de paladar e olfato. Esse quadro pode ser confundido com um resfriado comum, o que acaba levando muitas pessoas a não procurar atendimento e à possibilidade de contaminar outras sem saber que estão com covid. É importante fazer os testes de detecção para estabelecer o diagnóstico correto.

Quais são as maiores preocupações em relação à variante delta?

Segundo alguns estudos preliminares, a variante delta pode ser de 50% a 100% mais transmissível do que as demais

cepas do Sars-Cov-2. A preocupação é que ela faça voltar a alta incidência de casos e force uma nova onda da crise

sanitária, aumentando, inclusive, o número de internações. Além disso, preocupa o risco de a variante delta se tornar dominante no Brasil. Ela já é considerada predominante em alguns países, como Índia, Reino Unido, Israel, México, Bélgica e Estados Unidos.

Por que a variante delta é mais transmissível?

Um estudo apresentado pela OMS e pelo Imperial College, de Londres, mostrou que a variante delta é mais transmissível que as demais por possuir mutações na região do genoma responsável pela produção da proteína S (ou spike), localizada na superfície da membrana do Sars-CoV-2. Este é o local de aderência do vírus à célula humana. Dessa forma, as mutações aumentam a capacidade viral de infectar células com adesão aos receptores celulares humanos, gerando maior transmissão e maior facilidade de escapar do sistema imune.

A variante delta provoca casos mais graves ou mais mortes?

Os cientistas ainda estudam essa possibilidade. Um estudo inicial do CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) já indicou que a variante delta tende a causar casos mais graves entre não-vacinados, se comparada a outras variantes e à cepa original.

As vacinas têm eficácia contra a variante delta?

Sim, as vacinas são capazes de abrandar a força dessa nova variante, no mínimo parcialmente. Todas elas conseguem

evitar o aumento do número de casos graves, frisando a necessidade de aplicação da segunda dose —com exceção da vacina da Janssen, que é dose única. As pessoas que já receberam o esquema completo de vacinação e venham a ser contaminadas pelo vírus terão sintomas mais leves. Por isso é fundamental acelerar o ritmo de vacinação. Um estudo publicado no Reino Unido em julho apontou que a eficácia das vacinas de Pfizer e AstraZeneca com apenas uma dose cai sensivelmente para a variante Delta, ficando próximo aos 30%. Já com as duas doses a eficácia se assemelha à vista nos estudos com a cepa original. Já o CDC apontou que os vacinados podem espalhar a variante delta quase na mesma proporção que os não-vacinados por terem níveis altos de cargo viral. A diferença é que os casos entre vacinados são leves em comparação com quem não tomou vacina. O Butantan iniciou recentemente um estudo para medir a eficácia da CoronaVac contra a variante Delta, mas dados iniciais do fabricantes indicam que a vacina consegue atuar contra a mutação.

A variante delta pode aumentar o risco de reinfecções da covid-19?

Um estudo da Fiocruz de 2021 sugere que há maior risco de reinfecção pela variante delta, com maior ocorrência em

indivíduos infectados pela variante gama e beta. Já o CDC apontou que esse risco aumenta se a infecção foi há mais de

180 dias. É importante ressaltar que o contexto de vacinação incompleta —só uma dose, demora na vacinação e baixa cobertura vacinal— também favorece o risco de reinfecções.

Como se proteger da variante delta?

Os cuidados são os mesmos em relação às demais variantes do Sars-Cov-2. Usar máscara, lavar as mãos, passar álcool em gel, manter o distanciamento social e tomar a vacina de acordo com calendário, sem escolher fabricante.

Fontes

Helena Brígido, médica infectologista, membro da Diretoria da Sociedade Paraense de Infectologia e docente da UFPA (Universidade Federal do Pará); Renato Grinbaum, médico infectologista, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia); e Ricardo Kuchenbecker, professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).


Fonte: dlnews.com.br

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