DESAMPARO

Sem “mapa oficial” no Brasil, estimativa indica 5 milhões de órfãos no mundo

Sem “mapa oficial” no Brasil, estimativa indica 5 milhões de órfãos no mundo

Governo federal omite números e deixa “invisíveis” órfãos da Covid

Governo federal omite números e deixa “invisíveis” órfãos da Covid

Publicada há 2 anos

Órfãos gerados pela Covid-19 no Brasil enfrentam a invisibilidade governamental, fruto do descaso com dados oficiais - Foto: Reprodução/Marginália

João Leonel

Um estudo global feito pelo Imperial College, do Reino Unido, e publicado na revista científica The Lancet em julho, deu pistas sobre a gravidade do problema. A metodologia permitiu criar uma calculadora dos órfãos da pandemia.

Estima-se que 5 milhões de crianças e adolescentes (até 18 anos) em todo o mundo tenham perdido pai, mãe, ambos ou ainda algum avô ou avó responsável por sua criação, desde março de 2020. 

O número de órfãos que esta gravíssima crise sanitária deixou no Brasil ainda é incerto, devido a entraves burocráticos e ao desdém que o atual governo federal trata os dados oficiais. Nem Censo realizou. 

Com o que se tem em mãos, a ferramenta do Imperial College aponta que 168.500 crianças e adolescentes perderam pai ou mãe na pandemia até 12 de outubro. O número sobe para 194.200 se forem considerados os avós que tinham a guarda da criança. Outro dado disponível, da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), aponta que 12.211 crianças de até seis anos de idade ficaram órfãs desde março de 2020 até 24 de setembro deste ano. 

“Há uma invisibilidade dos dados”, afirma Renato Simões, coordenador-executivo da Associação Vida e Justiça, que luta pelos direitos de familiares e pessoas que tiveram coronavírus. 

“Uma primeira iniciativa é encontrar quantas são e quem são as crianças órfãs da Covid-19, porque os dados oficiais não nos permitem ter essa transparência. É difícil até quantificar a classe e raça das vítimas, porque os dados não são notificados, quanto mais se eles deixaram filhos”, critica.


Fonte: El País Brasil

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