Provavelmente você já pensou em desistir de algum relacionamento ruim, quando na verdade, o certo a se fazer é desistir de todos os comportamentos, costumes e hábitos que fazem o relacionamento ser ruim. O modo como pensamos e agimos, tem um fator decisivo e importante em coisas que de fato são boas para nossas vidas, mas por um erro de ponto de vista, ou resistência a mudanças, evitamos a qualquer custo. Por isso é comum a reflexão contemporânea e o pensamento posterior: “se fosse hoje, com a maturidade e experiência que tenho, eu faria diferente”.
Não necessariamente, temos que progredir em uma escada de erros, degrau após degrau, para finalmente aprender com aquilo que chamamos de experiência. A verdadeira sabedoria e discernimento está em resolver grandes problemas sem precisar enfrentar as consequências posteriores desses mesmos problemas, a capacidade de prever cenários, de fazer uma auto avaliação e repensar nossas atitudes nos dá o feedback necessário para não abrir mão de uma oportunidade de mudança por medo. É fácil terminar, se demitir, fechar portas, bloquear, dizer não, desistir de relacionamentos, evitar caminhos e decisões, se livrar do que “nada nos acrescenta”. Enquanto isso continuamos com nossos hábitos incrustrados em nossa pele, alma, espírito devastando tudo o que possui uma luz, brilho e esperança de ser bom para nós, batemos o pé e optamos por não mudar.
Em organizações empresariais, dizemos que as mudanças devem ocorrer quando todos os membros pertencentes a determinados grupos sentem a necessidade de mudar, são eles que se comprometem conscientemente para gerar mudanças de valor ético, morais e organizacionais para o bem da empresa. Os gestores sabem que uma mudança imposta é quase sempre uma mudança oposta da maioria. Mas em nossas vidas pessoais a regra é diferente, uma mudança imposta gera uma disciplina que é a resposta para nós, pois a partir do momento em que selamos promessa de sermos melhores em qualquer área na qual estamos empenhados, nossa mente se programa para chegar lá com mérito. Quase sempre é momento de olhar o reflexo do espelho e afirmar o que estamos enxergado, pois esse mesmo reflexo tem o poder de atrair ou repelir pessoas, que de um modo ou outro, passam por nossas vidas para acrescentar e nos fazer evoluir. Mas quase sempre deixamos elas voarem ao vento, assim como a areia de praia escapa de nossas mãos.
Entendo que temos como mantra o desejo que as coisas permaneçam inalteráveis. As pessoas de modo geral acreditam que as mudanças são ruins para elas, e normalmente quando um membro de algum grupo expressa que, qualquer mudança é uma má ideia, é natural que outros indivíduos do mesmo grupo concordem e digam o mesmo, sem sequer avaliar os prós e contras, se isso ocorre coletivamente, imaginem o resultado individualmente. Ser negativo é mais fácil do que pensar no lado positivo, ser catastrófico é milhões de vezes mais confortável do que acreditar que tudo vai dar certo. Do mesmo modo, como a forma de se dedicar aos problemas é o que faz uma grande organização ser líder de setor de mercado no qual atua, nós devíamos saber que a maneira como reagimos aos desafios diários é o que nos torna melhores como profissionais, indivíduos, familiares ou qualquer papel que exerçamos na sociedade da qual fazemos parte. Deixar de nos relacionar, ou terminar algo duradouro, seja casamento ou uma carreira é um importante passo, que deve ser dado como último remédio, porém preventivamente devemos avaliar se uma singela mudança em nossos comportamentos, não geraria um resultado bem mais satisfatório do que o fim para o que quer que seja.
O segredo para ter vida mais sadias, bem-sucedidas e muito menos estressantes é aprender a lidar com as verdades simples disponíveis em nosso consciente. Sabemos o caminho, apenas nos negamos a seguir, por teimosia humana herdada de nossos ancestrais que preferiam sempre o caminho mais longo ao invés de pensar na melhor maneira de lidar com as suas próprias dificuldades.
Pablo Dávalos
Engenheiro de Produção
MBA executivo em Gestão Industrial pela FGV
Green Belt e Black Belt na metodologia Six Sigma
Gerente Administrativo e Consultor em PCP Planejamento e Controle de Produção