Uma cena lamentável, que poderá acontecer e se repetir, será a chegada de algum paciente com Covid-19 ao Pronto Socorro da Santa Casa e a ambulância se deparar com portões fechados: com a palavra a DRS-XV

João Leonel

Um levantamento da reportagem junto à Secretaria Municipal da Saúde mostra que vem caindo o número de fernandopolenses que estão com o ciclo vacinal ainda incompleto. Os fujões da segunda dose são hoje aproximadamente 2 mil moradores, total que já foi superior a 4 mil. Nas últimas duas semanas quase mil pessoas concluíram a imunização.

Outro detalhe que chamou a atenção dos profissionais da Saúde foi a procura pela 1ª dose nas UBSs da cidade. Somente nesta semana mais de 100 pessoas decidiram se vacinar.

A mudança de posicionamento da parcela negacionista da população, denominada também antivacina, se dá justamente no momento em que Fernandópolis convive com recordes consecutivos de novos casos a cada dia que passa. Quadros clínicos podem evoluir para complicações mais graves exatamente em não vacinados, ou em quem não completou o esquema vacinal, com, pelo menos, duas doses.

Outro fator que está assustando quem se negava a tomar a vacina contra Covid-19 é a falta de leitos. 

A Santa Casa de Fernandópolis, por exemplo, não possui mais estrutura para tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus, nem com leitos de enfermaria nem em UTI.

Uma decisão da DRS-XV levou a Santa Casa a desativar sua última ala exclusiva para atendimento contra Covid-19 no dia 17 de dezembro de 2021. Sem aparato com espaço físico estruturado e, neste início de ano, também sem profissionais disponíveis: são mais de 40 funcionários com exames positivos e mais de 20 com suspeita de infecção.

O Centro Cirúrgico, que já não vinha realizando cirurgias eletivas, está ainda mais limitado pela falta de profissionais.

SEM VERBA, PORTÕES FECHADOS

Marcus Chaer, administrador judicial da Santa Casa, esteve nesta sexta-feira (14) na sede do Departamento Regional da Saúde, em Rio Preto, negociando um repasse suficiente para reativar pelo menos alguns leitos visando atendimento emergencial a pacientes de Fernandópolis e região.

A DRS-XV, que havia determinado a suspensão do atendimento de pacientes com Covid-19 em cidades como Jales, Fernandópolis e Votuporanga, viu o Hospital de Base colapsar com a explosão de casos nos últimos dias.

Exigir agora a retomada do atendimento sem o devido repasse de recursos financeiros é, além de irresponsabilidade, um crime contra a Santa Casa.

Aos negacionistas, a vacina. Aos irresponsáveis e criminosos – em pele de ‘governo’ -, a Justiça. E que não se limite à Divina.