Em homenagem ao primeiro de abril, Dia da Mentira, vou falar uma verdade sobre as mentiras das redes sociais, ou melhor, sobre a ignorância dos usuários desses modernos instrumentos de comunicação. Antes de tudo, vamos definir o significado de ignorância, substantivo do verbo ignorar. Entre outras acepções, o dicionário Aurélio explica que ignorância é o “estado de quem ignora ou desconhece alguma coisa, não tem conhecimento dela”. Se as mídias sociais são ferramentas relativamente novas, hodiernas, o ser humano e sua capacidade de ignorar é coisa ancestral, arcaica. Assim, as atitudes humanas se repetem ao longo das gerações. Logo que o e-mail virou meio de comunicação de massa, começaram a veicular todos os tipos de informações, que estão girando o mundo
por meio da internet até dos dias de hoje. Depois dos e-mails, essas informações começaram a circular no falecido Orkut, em seguida no Facebook e agora voltam a atacar no Whatsapp. Um Exemplo disso são as famosas correntes que se arrastam nas mídias e prometem milagres se você seguir as instruções enviadas e, obrigatoriamente, repassar para um número determinado de pessoas. Ou informações como a de que “hellmann’s” significa “homem do inferno”, numa tradução do inglês, e o dono da empresa é o próprio capeta. Talvez, para quem coma maionese demais e engorde, seja mesmo o demônio. E o que dizer das inúmeras interpretações bizarras de supostas imagens subliminares encontradas em capas de discos do Ozzy Osbourne, Iron Maiden e até da Xuxa? Também em desenhos da Disney, cenas de
novelas da Globo, embalagens de produtos, propagandas da televisão e em tudo quanto as mentes perversas puderem observar? Sem falar de uma infinidade de Informações falsas veiculas com nomes e telefones para que o relatado seja verificado. Quem verifica? Quase ninguém. Eu já verifiquei várias informações repassadas, todas falsas. Nomes e telefones verdadeiros, porém, sem qualquer relação com a informação apresentada. E aqui está o principal problema, as pessoas nunca, ou quase nunca, verificam a fonte da informação recebida para atestar sua veracidade. A fonte do problema está na fonte da informação. Aos interessados em verificar a autenticidade das notícias e informações recebidas e abrir mão do desconhecimento, indico o site E-farsas (www.e-farsas.com), além das pesquisas no Google, que, geralmente, nos levam à fonte verdadeira das informações. Noutro dia, li uma notícia no Facebook sobre a descoberta de um parafuso datado de trezentos milhões de anos. Seguiu-se à notícia uma calorosa discussão sobre Deus, o criacionismo e os evolucionistas, com sérias advertências aos seguidores das correntes adversas a de quem estava falando. Em uma rápida pesquisa na net (já estou intimo dela), pude verificar a fonte da notícia, originalmente publicada em um tabloide grego sem muita credibilidade, sendo reproduzida por outros sites e blogs. A história do fóssil (parafuso) encontrado é verdadeira. Contudo, sua descoberta foi atribuída a um grupo de “cientistas” de uma organização russa que financia pesquisas sobre OVNIs, criptozoologia e outras pseudociências paranormais, além de assuntos misteriosos, cuja natureza científica é obscura. Entre seus projetos estão o anúncio do desenvolvimento de uma máquina do tempo. Afora o fato de o achado ter sido registrado em 1996, o tabloide tê-lo divulgado apenas em 2012 e o bate-boca no facebook estar ocorrendo, ainda, em 2015. E mais, o tal parafuso, na verdade, é o tronco de um fóssil de um animal
marinho, cujo formato é parecido ao de um parafuso. Curioso também é a reação das pessoas quando são contestadas acerca da informação repassada a você. Recentemente um amigo, amigo mesmo, não contato, me reencaminhou uma notícia e, ao final dela, o link do site de onde a notícia teria sido copiada. Não tive dúvidas, cliquei no link e fui verificar. O texto que ele me reenviou, recebido vai saber de quantos outros contatos, não tinha nada a ver com a noticia original. Então, respondi informando a farsa, ao que ele me respondeu, rapidamente, e aparentemente enfurecido, em poucas palavras, me mandando fazer algo que não pretendo acatar. Assim, encerro com duas frases de autores considerados sábios ou, ao menos, com muito conhecimento. A primeira do filósofo grego Aristóteles, que diz que “o ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”. A segunda do dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare, que adverte que “a sabedoria e a ignorância se transmitem como doenças; daí a necessidade de se saber escolher as companhias”. E eu acrescento: também saber escolher seus contatos. Por favor, repassem.