FORAGIDO

Confira novas informações sobre a prisão de Jarbas Teixeira em Santos

Confira novas informações sobre a prisão de Jarbas Teixeira em Santos

Delegacia Seccional esclarece como procedeu a localização do ex-presidente da Unimed

Delegacia Seccional esclarece como procedeu a localização do ex-presidente da Unimed

Publicada há 2 anos

Dr. Jarbas e Ronaldo Mota em registro nos tempos de Unimed

João Leonel

Como informado, com exclusividade, no site de “O Extra.net” neste final de semana, o oftalmologista fernandopolense e ex-presidente da Unimed, Jarbas Alves Teixeira, o Dr. Jarbas, como ficou conhecido na cidade, foi preso na última sexta-feira (3) na cidade de Santos. Confira aqui

Nesta segunda (6), a Delegacia Seccional deu mais detalhes sobre a investigação que localizou o médico, considerado foragido da Justiça, que foi condenado em Júri Popular a 8 anos de prisão.

Confira:

POLÍCIA CIVIL CUMPRE MANDADO DE PRISÃO DE MÉDICO FORAGIDO.

A Delegacia Seccional de Polícia de Fernandópolis através de seus policiais civis cumpriu na última sexta-feira, 03/06/2022, mandado de prisão expedido pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Fernandópolis nos Autos do Processo 0006138-57.2013 em desfavor de Jarbas Alves Teixeira. 

Desde a condenação e expedição do mandado de prisão o senhor Jarbas Alves Teixeira encontrava-se foragido e embora já houvesse realizado diversas tentativas de localizá-lo a Polícia Civil não tinha obtido sucesso. Há cerca de 45 dias esta Seccional de Polícia recebeu informações de que Jarbas Alves Teixeira provavelmente estava residindo na cidade de Santos-SP. 

Diante da informação utilizando técnicas de investigação em fontes abertas e fechadas os policiais civis conseguiram obter informações que condiziam com o que lhes fora informado. Mediante autorização do Delegado Seccional de Polícia de Fernandópolis, Dr. Oreste Carósio Neto, uma equipe se deslocou para a cidade de Santos-SP, onde passou a monitorar os prováveis endereços em que Jarbas estaria residindo e lograram êxito em localizar a residência em um pequeno apartamento na cidade de Santos-SP, onde o mesmo estava residindo nos últimos quatro anos. 

No local os policiais civis foram recebidos por familiares de Jarbas Alves Teixeira e os informaram que estavam ali para cumprimento do mandado de prisão, todavia os policiais civis encontraram Jarbas Alves Teixeira com problemas de saúde graves e capacidade psíquica e motora abaladas, sendo que o mesmo aparenta sinais de demência e condições físicas que não o permitem se locomover sozinho ou cuidar de si mesmo sem ajuda de terceiros. Diante dos fatos ali encontrados e em respeito à dignidade humana os policiais civis entraram em contato com o Delegado de Polícia Assistente da Delegacia Seccional de Polícia de Fernandópolis e encaminharam relatório circunstanciado dos fatos com fotos, vídeo e laudos médicos apresentando as condições precárias de saúde de Jarbas Alves Teixeira. 

A autoridade policial por sua vez, determinou o cumprimento do mandado de prisão e comunicou imediatamente ao Ministério Público e ao Exmo. Juiz de Direito que expediu o mandado, porém diante da situação de saúde de Jarbas Alves Teixeira, o mesmo não apresentava condições de ser transferido para uma Delegacia de Polícia, foi então ordenado que um policial civil permanecesse com Jarbas enquanto os demais componentes da equipe se dirigiram ao DEIC de Santos-SP para dar cumprimento ao mandado de prisão e aguardar novas determinações judiciais. Com as informações prestadas pela Polícia Civil, o Exmo. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal de Fernandópolis decidiu então, por hora, pela decretação da prisão domiciliar de Jarbas Alves Teixeira, o qual irá passar por uma perícia médica a ser marcada pela Vara de Execuções Criminais da Comarca de Santos-SP para onde o processo será encaminhado. 

De posse do Mandado de Prisão Domiciliar os policiais civis voltaram à residência de JARBAS e derem cumprimento do mandado de prisão domiciliar e orientaram a família das normas a serem seguidas até que seja realizada a perícia médica, dentre essas normas está a restrição total de sair do apartamento.

Comunicação Social da Delegacia Seccional de Polícia de Fernandópolis 06.06.2022

Relembre como foi a tentativa de homicídio que vitimou Dr. Orlando Rosa

As informações foram reveladas pelo ex-delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Dr. Gerson Donizete Piva, então responsável pelas investigações, e também pelo próprio médico, Dr. Orlando Rosa, vítima do atentado, que por pouco não o matou na noite de 12 de junho de 2013 - ele foi alvo de dois disparos, mas somente um o alvejou. Duas coletivas à Imprensa abordaram esta ocorrência policial de enorme repercussão. A primeira entrevista ocorreu no dia 27 de novembro daquele ano, na sede da Delegacia Seccional, e a segunda, no dia seguinte, concedida pela própria vítima, em seu consultório.

PICADAS DE ABELHA

Após o atentado, passada uma semana, a secretária do Dr. Orlando Rosa recebeu seguidas ligações de um suposto paciente que afirmava ao telefone necessitar urgentemente ser atendido pelo médico, em seu consultório, pois teria sido vítima de diversas picadas de abelhas. A secretária registrou todas as informações deste suposto paciente, entrou em contato com Dr. Orlando Rosa e em seguida, em nova ligação ao consultório médico, repassou à suposta vítima das picadas de abelha todas as orientações médicas, inclusive para que ele fosse imediatamente à Santa Casa. Porém, o homem do outro lado da linha parecia mais preocupado em localizar Dr. Orlando Rosa do que se tratar. Esse episódio foi informado à DIG, que solicitou quebra do sigilo telefônico e monitorou as ligações ao consultório do médico. Poucos dias depois, uma das ligações foi rastreada e se confirmou: o número do celular usado estava registrado em nome de Ronaldo Mota, motorista de Dr. Jarbas Alves Teixeira.

MAIS DINHEIRO

As investigações passaram a monitorar as ligações de Ronaldo. Em uma das interceptações telefônicas, uma mulher, de Jales, ligou para “cobrar mais dinheiro pelo serviço”. Esta mulher utilizava um celular em nome de Rodrigo Sampaio, que depois de 12 de junho, em trabalho pela empresa na qual era empregado, foi para Fortaleza. Ao retornar a Jales, o próprio Rodrigo ligou para Ronaldo, exigindo mais dinheiro. Foi marcado entre os dois um encontro na Unimed em Fernandópolis. No dia do encontro, a DIG recebeu uma informação da Polícia de Paranavaí/PR: havia sido expedido, pelo Judiciário daquela Comarca, um mandado de prisão contra Rodrigo Sampaio devido a sua participação em um roubo à mão armada. Agentes da DIG prenderam Rodrigo em frente à Unimed, no instante em que ele chegava para se encontrar com Ronaldo. Um fato chama a atenção das autoridades policiais: preso em Nhandeara, Rodrigo recebeu auxílio de um advogado particular.

LUCAS

Após a prisão de Rodrigo, e com as interceptações telefônicas dele e de Ronaldo, o atentado contra Dr. Orlando Rosa começava a ser desvendado. Outro personagem surgia, também de Jales, um rapaz chamado Lucas. Ele teria sido contratado por Ronaldo para realizar algumas ligações e escrever diversas cartas. Os telefonemas e as cartas tinham um só endereço: Dr. Jarbas e sua família. Muitas ameaças, contra a vida de Jarbas, sua esposa e filha. Ameaças de se “revelar detalhes íntimos” da vida do médico oftalmologista. E recados como “vamos derrubar você da Unimed”, “esta mamata irá acabar” eram comuns nas referidas cartas e telefonemas. Lucas vinha a Fernandópolis, escrevia as cartas, supostamente encomendadas e ditadas por Ronaldo, e se utilizava de telefones públicos, nas constantes ligações para Dr. Jarbas e família. Lucas chegou a ser preso, sendo liberado no decorrer das investigações.

DE EXTREMA CONFIANÇA

Há aproximadamente 9 anos, Ronaldo Mota trabalhava como motorista e segurança de Jarbas e família. Neste período, conquistou extrema confiança de todos, entre suas funções, definia até a contratação de seguranças para a filha do médico, e possuía, inclusive, a senha de cartões bancários de seu patrão. Durante as investigações, Ronaldo foi definido dentro da Unimed, palavras do Delegado Gerson Piva, “como a terceira pessoa mais poderosa”: Dr. Jarbas seria o presidente de fato; sua esposa Sueli, a presidente de “direito”; e Ronaldo, em segundo plano, comandava a operadora de planos de saúde. Pela elevada “confiança”, Ronaldo teria induzido o casal a ter plena convicção que as ameaças partiam do Dr. Orlando.

INTIMIDADES

De acordo com seus depoimentos, Dr. Jarbas sustentou que temia pela publicidade de algumas “intimidades”, assim como constava nas ameaças via telefonemas e cartas a ele endereçadas. Alega que teria confidenciado estas intimidades somente a três amigos: “Tom Zé”, José Antonio Zaparolli, ex-provedor da Santa Casa, a Ronaldo Mota, seu motorista particular, e a Dr. Orlando Cândido Rosa, um grande amigo, embora atualmente um pouco distantes. Como Tom Zé havia falecido e Ronaldo era seu funcionário de extrema e profunda confiança, restava, como potencial autor das ameaças, Dr. Orlando Rosa. Dr. Jarbas confirmou que solicitou a Ronaldo que “fosse conversar” com seu colega de profissão. Mas, pelos corredores da Unimed, ainda de acordo com as investigações, Dr. Jarbas apontava que daria um “corretivo” e um “susto” em Dr. Orlando.

A EXECUÇÃO

As investigações indicam que Rodrigo Sampaio teria sido contratado por Ronaldo, sob orientação de Dr. Jarbas, para matar Dr. Orlando. Jarbas nega esta hipótese. Mas, o fato é que na noite de 12 de junho, Dia dos Namorados, Rodrigo, conduzindo uma moto, saiu de Jales e foi até a casa de Dr. Orlando. Sem retirar o capacete, chamou pelo nome do médico, que ao abrir a porta da residência para atender ao chamado, foi atingido por um disparo de revólver calibre 22. O atirador ainda efetuou um segundo disparo, que atingiu uma parede interna da casa. O médico, mesmo ferido, conseguiu voltar até a sala de sua residência quando familiares correram para ver o que ocorreu. Ele foi atendido por uma unidade do SAMU, sendo encaminhado, consciente, ao Pronto Socorro da Santa Casa, onde passou por uma cirurgia para a retirada da bala.

CONHECENDO O AMBIENTE

Rodrigo chegou a conhecer o local dias antes, com um amigo, ao qual ofertou R$ 2 mil para o acompanhar durante a execução do crime. A dupla teria vindo, de ônibus, de Jales a Fernandópolis, desceu na Rodoviária e, a pé, chegou à casa da futura vítima. Eles caminharam pelos arredores e Rodrigo foi avisado pelo amigo que não teria sua companhia, pois em algumas casas na vizinhança haviam câmeras de segurança, e que a “Força Tática” (unidade policial da PM) os identificaria e os prenderia. Os dois pernoitaram em um hotel em frente à Rodoviária. No dia seguinte, retornaram a Jales, e lá, Rodrigo pagou R$ 50,00 pelo aluguel da moto que utilizou, sozinho, para cometer o crime.

LIGAÇÕES FINAIS

Após a execução do crime, ainda na noite de 12 de junho, duas ligações, mais uma vez envolvendo Ronaldo Mota, foram flagradas pela DIG. Na primeira, Ronaldo liga para Dr. Jarbas, que estava com sua esposa em um hotel na cidade de Rio Preto, e afirma: “não volte, pois deu tudo errado”. Na segunda ligação, Sueli indaga Ronaldo: “será que atiramos na pessoa certa?”. Jarbas e Sueli Longo decidem retornar a Fernandópolis, mas, chegando em Votuporanga, desistem, e passam a noite em um hotel na cidade vizinha.

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