ARTIGO
Eu e a minha casa serviremos ao Senhor
Eu e a minha casa serviremos ao Senhor
Por Pe. Prof. Dr. Telmo José Amaral de Figueiredo Biblista – Assessor da Comissão Bíblica Diocesana
Por Pe. Prof. Dr. Telmo José Amaral de Figueiredo Biblista – Assessor da Comissão Bíblica Diocesana
O título deste artigo é uma frase extraída do livro de Josué 24,15 (Antigo Testamento), na famosa cena da Assembleia de Siquém, onde o povo de Israel deve optar por obedecer e seguir o Deus verdadeiro ou os ídolos criados pelos próprios seres humanos. Josué é o livro bíblico escolhido para ser mais conhecido neste ano de 2022, no Mês da Bíblia, setembro.
Mas o que é este Mês da Bíblia? Esse mês dedicado à Bíblia surgiu em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG). Foi levado adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica (SAB) – irmãs Paulinas. Em 1976, trinta dioceses de Minas Gerais e Espírito Santo foram visitadas, a fim de propor-se o Mês da Bíblia como opção de evangelização, em continuidade à Campanha da Fraternidade. Em 1985, motivado pelo Serviço de Animação Bíblica (SAB), o Mês da Bíblia já havia se estendido a todo o Brasil e a outros países da América Latina.
A escolha do mês de setembro tem seu motivo: no dia 30, deste mês, celebra-se São Jerônimo, que realizou um imenso trabalho de tradução da Bíblia do hebraico e grego para o latim, língua mais popular e conhecida em sua época (c. 347-420). Desde então, ele é o patrono dos estudos bíblicos e das pessoas interessadas nas Sagradas Escrituras.
Esse Mês da Bíblia tem por finalidade incentivar os fiéis católicos à leitura e meditação dos textos das Escrituras, como alimento espiritual. Aliás, a palavra “alimento” não é meramente metafórica! Se tomarmos o livro de Ezequiel 3,1-3 lemos: “O Senhor me disse: ‘Filho do homem, come o que tens aí, come esse rolo e vai falar à casa de Israel’. Eu abri a boca e ele me fez comer o rolo, dizendo: ‘Filho do Homem, alimenta teu ventre sacia tuas entranhas com este rolo que te dou’. Eu o comi, e era doce como mel, em minha boca”. Esse rolo é onde se encontra escrita a Palavra de Deus, seria como que a Bíblia para nós.
De fato, para nós, cristãos, a Palavra escrita de Deus, as Sagradas Escrituras são uma das principais fontes de nutrição de nossa fé, esperança e amor! O livro de Josué, que nos é proposto para este Mês da Bíblia, em setembro, foi concluído após o exílio da Babilônia, que se encerrou por volta de 538 a.C. Essa tragédia que significou o final da monarquia, a perda da independência, a destruição completa de Jerusalém e de seu templo, bem como, a morte de milhares de cidadãos de Judá, conhecido por Reino do Sul, precisava ser curada com algo que motivasse a esperança do povo. Para isso, era preciso renovar o povo, recordando-lhe a responsabilidade perante a “herança” recebida de Deus: a terra, o povo e as leis que garantiam a justiça, a equidade e a convivência fraterna entre todos.
A maior riqueza que esse povo possuía, Josué deixa isso bem claro, era a obediência e fidelidade à aliança de amor que Deus havia realizado em ele. Sem Deus, não há terra, sem Deus não há justiça, sem Deus não há igualdade, sem Deus não há uma convivência harmoniosa entre as pessoas. Logo no início do livro de Josué, o Senhor deixa claro para esse personagem principal, qual é a condição para o sucesso de sua empreitada: “Sê forte e corajoso, pois farás este povo herdar a terra que jurei dar aos seus pais... cuida de agir segundo a lei que Moisés, meu servo, te prescreveu. Não te desvies nem para a direita, nem para a esquerda a fim de que tenhas êxito por onde quer que andes. Que o livro desta Lei esteja sempre em tua boca. Medita nele dia e noite, para que procures agir de acordo com tudo o que nele está escrito” (Js 1,6-8a).
Assim, também nós devemos proceder se quisermos viver uma vida que possa ser chamada de “cristã”, encarnando os valores e princípios de Deus em tudo o que pensamos e fazemos.