Da Redação
Nesta quinta-feira, 27, Fernandópolis recebe o espetáculo ‘Pinóquio’ no Teatro Municipal. A apresentação tem início as 20 horas.
Veja a crítica de Dib Carneiro Neto sobre o espetáculo:
“As Aventuras e Desventuras de Pinóquio”
Muito adaptado pelo teatro, em inúmeras e diversificadas produções, o boneco de madeira criado por Carlo Collodi ganha aqui uma versão que prioriza o tema da importância de estudar e ir à escola, ou seja, o direito à educação, em detrimento do lado mais conhecido do personagem, sua faceta de mentiroso. O nariz de Pinóquio não fica crescendo e diminuindo, nesta montagem, como é muito comum. Foi uma decisão corajosa e importante, mas que decepciona principalmente aqueles pais que vão ao teatro sem espírito novidadeiro, apenas em busca de clássicos já conhecidos por seus filhos desde o berço… Daniel Neves, incrível ator, assina a adaptação e a direção. No papel de Pinóquio, ele exibe uma agilidade corporal invejável, uma elasticidade necessária para imitar os gestos de um boneco aprendendo a ser gente. É uma interpretação bastante crível e convincente. A parceria com Giovani Milani, que faz todos os outros personagens, funciona muito bem. Giovani é versátil, com belas nuances vocais, que diferenciam cada figura que incorpora. A trilha, por MiltonVerderi, puxa pelo clássico e triste, como a Ária, de Bach. E há um excelente prólogo, com os dois atores conversando diretamente com a plateia, de forma dinâmica, chamativa, carismática. A série de lâmpadas que acendem e apagam na boca de cena conferem aura de ribalta ao espetáculo, garantindo a solenidade necessária para a criança entender o teatro como algo ritualizado, a ser respeitado. Há soluções cênicas bastante ágeis, como a cena – sempre difícil de ser resolvida – em que o boneco encontra o velho Gepeto dentro da barriga de uma baleia. Uma boa solução para marcar a passagem do tempo foi o bordão criado pelo adaptador: “A floresta? Ah, ficou lá pra trás.” “O tubarão? Ah, ficou lá pra trás.” Pronto, as crianças entendem que o tempo passou. Também gosto, no início, da decisão de deixar claro que Gepeto já começa a gostar do boneco como um filho quando ele ainda é apenas um pedaço de pau. É lindo.