MINUTINHO
Comércio e intercambio
Por: André Luiz / Chico Xavier
O Comércio é também uma escola de fraternidade. Realmente, carecemos da atenção do vendedor, mas o vendedor espera de nós a mesma atitude.
Diante de balconistas fatigados ou irritadiços, reflitamos nas provações que, indubitavelmente, os constrange nas retaguardas da família ou do lar, sem negar-lhes consideração e carinho.
A pessoa que se revela mal-humorada, em seus contatos públicos, provavelmente carrega um fardo pesado de inquietação e doença.
Abrir caminho, à força de encontrões, não é só deselegância, mas igualmente lastimável descortesia.
Dar passagem aos outros, em primeiro lugar, seja no elevador ou no coletivo, é uma forma de expressar entendimento e bondade humana.
Aprender a pedir um favor aos que trabalham em repartições, armazéns, lojas ou bares, é obrigação.
Evitar anedotário chulo ou depreciativo, reconhecendo-se que as palavras criam imagens e as imagens patrocinam ações.
Zombaria ou irritação complicam situações sem resolver os problemas.
Quando se sinta no dever de reclamar, não faça de seu verbo instrumento de agressão.
O erro ou o engano dos outros talvez fossem nossos se estivéssemos nas circunstâncias dos outros.
Afabilidade é caridade no trato pessoal.
CRÔNICA
Louvores vazios
Redação do Momento Espírita
Contam as tradições do mundo espiritual que, certa feita, estava Vicente de Paulo, o nobre sacerdote francês, a celebrar um ofício religioso.
O nobre clérigo, que ganharia a História pela sua devoção aos pobres e por sua humildade, verifica, em meio à solenidade, repentino louvor público.
Aproxima-se do altar velho pirata que, em altos brados, inicia sua ladainha de agradecimentos.
- Obrigado meu Deus, dizia ele, pelos ricos navios que colocaste no meu caminho, pelas boas presas, vítimas dos meus roubos e saques. Graças à Tua generosidade Senhor, pude tomar-lhes as riquezas e os tesouros. Não permitas nunca que este Teu filho se perca na miséria.
Na sequência, aproxima-se do altar jovem rapaz que, por sua vez, passa a tecer os motivos que tinha de agradecimentos ao Senhor.
- Obrigado meu Deus, pela herança que permitiste que eu herdasse com a morte de meu avô. Ele, que fez fortuna na guerra e nas batalhas, nos deixa volumosa soma em dinheiro. Assim, passarei a existência no ócio e na diversão, sem a necessidade do trabalho.
Em seguida, foi um cavalheiro maduro quem se aproximou do altar para seus agradecimentos públicos.
- Mestre Divino, agradeço-te o amparo pela vitória na batalha que encetei para ampliar os domínios de minhas terras. Agora, graças ao Teu poder, ampliarei minha fortuna e meus bens.
Não tardou para adornada senhora tomar a posição de agradecimento.
-Eu Te agradeço Senhor, pelos escravos que me conferiste em minhas terras coloniais. Graças ao trabalho deles, tenho fortuna, poder e riqueza, sem grandes preocupações com meu futuro e o dos meus.
Os agradecimentos continuavam, quando São Vicente de Paulo, assombrado, reparou que a imagem do Mestre de Nazaré, estática no altar, adquiria vida e movimento. Reparando que o Mestre, em prantos, afastava-se a passos rápidos, o nobre sacerdote, tomado de susto, lhe indaga:
Mestre, por que Te afastas de nós?
O Celeste Amigo, melancólico, dirige-se ao sacerdote:
Vicente, afasto-me porque me sinto envergonhado de receber louvores e agradecimentos daqueles que esquecem e desprezam os fracos, os infelizes, os desafortunados e pensam apenas em si mesmos.
A partir desse dia, São Vicente de Paulo nunca mais abandonou a túnica da pobreza, trabalhando incessantemente na caridade.
Imagem: Ilustração